Patricia 21/04/2020
Clichê, mas nem tanto
O livro é todo narrado em primeira pessoa pela personagem principal ? Madelyn?. A garota tem 16 anos e faz parte de um programa chamado ?Running Stars? que consiste no ingresso precoce na faculdade de jovens do ensino médio cuja inteligência é considerada acima da média.
Madelyn é a típica adolescente que sofre com a exigência e perfeccionismo dos pais. Ao conhecer Bennett, o professor de biologia da faculdade, de 25 anos, embarca numa jornada de auto descoberta. Na faculdade ela pode ser quem quiser, inclusive uma garota de 18 anos comum (mesmo ainda tendo 16) e experimentar a liberdade de tomar as próprias decisões.
Entre alguns flertes, Bennet se apaixona por ela. E aí temos uma questão interessante, pois a história é contada por Madelyn e a escrita em primeira pessoa sempre me passa um ar de parcialidade. A todo momento não há como afastar o sentimento de que Madelyn era uma garota de 16 anos com um professor de 25 e o fato de o leitor saber isso torna, vez ou outra, a história um pouco difícil de aceitar e, para mim, um pouco perturbadora. As partes de romance são fofas, e tentam, a todo momento deixar clara a inocência e boa intenção de Bennet, bem como a ignorância quanto à idade de Madelyn, pois ela se declara durante toda a narrativa que a culpa era dela por omitir a idade.
O final é realista e me lembrou vagamente (são contextos completamente distintos, frise-se) do filme ?An education?. O desfecho de Madelyn no final foi um pouco rápido demais e acho que a protagonista merecia mais. Esperei por um final mais elaborado, mas percebo que foi dedicado tempo demais em demonstrar a inocência de Bennet através das cartas de Madelyn, e o final, que em determinado momento se torna nossa maior expectativa, fica murcho e deixa um vazio. Em partes porque esperamos algo mirabolante e sabemos ser difícil isso acontecer dentro do contexto do livro, e também porque a história é um pouco sobre o amadurecimento da protagonista. Todavia, o livro deixa uma sensação de que falta algo, pois desejava-se falar sobre tudo e no final, muitas coisas acontecem de uma vez só.