Renata 29/12/2014
A Verdade Sobre Nós - Amanda Grace
Madelyn Hawkins é a filha perfeita: nunca se meteu em problemas, sempre foi estudiosa e tirou notas máximas na escola. Agora, aos dezesseis anos, ela tem a chance de participar de um programa que as escolas americanas oferecem para alunos acima da média, de terminarem os créditos do ensino médio na faculdade. E é lá que sua vida começa a mudar, ao conhecer seu professor de Biologia Básica, Bennett Cartwright.
Bennett é a personificação da liberdade que Maddie busca há muito tempo. Porque ele não a olha como uma criança e quando está com ele, ela também não se sente uma. O problema, é que ele supõe que ela tenha dezoito anos, como todos os outros alunos.
Atraída desde o primeiro segundo, ela percebe que o professor talvez possa retribuir o sentimento. Porém, ele não quer arriscar: enquanto for professor dela, nada poderá acontecer. Felizmente, ele só dará aula para ela até o fim daquele semestre. Sendo assim, ela ainda tem tempo para desfazer o engano dele sobre sua idade e contar a verdade antes que algo aconteça.
A história é narrada em primeira pessoa, sendo cerca de 90% em forma de uma – longa – carta, que Madelyn escreve para Bennett, contando a história dos dois a partir de sua perspectiva. Nesta carta, ela explica cada uma de suas ações e sentimentos durante o tempo em que estiveram juntos, na esperança de que isso melhore as coisas, de alguma forma.
Madelyn é uma personagem um tanto quanto irritante. O fato de ser a narradora, infelizmente, não ajuda em nada nesse sentido. Seus pensamentos na maior parte do tempo são infantis e egoístas. Todas as suas atitudes são justificadas pela forma como sempre foi controlada pelos pais.
Bennett, por sua vez, não tem muita voz. Como tudo o que sabemos dele vem das lembranças e pensamentos de Maddie, é difícil dizer exatamente o quanto do que nos é mostrado corresponde à realidade. Ainda assim, ele é um personagem calmo, gentil e romântico. E embora não chegue ao clichê, às vezes é difícil acreditar em alguma de suas atitudes. Em geral, o que se percebe é que ele é bem menos trabalhado no lado psicológico, aparentando ser mais uma peça para o crescimento e autoconhecimento da protagonista do que um personagem em si, por si próprio. Um meio para um fim, um sacrifício necessário.
A temática é fantástica na teoria: como um número pode mudar seu conceito de amor? Dezesseis, dezoito. A diferença não é grande, mas é capaz de mudar tudo. O que tanto mudará em nossas mente nesses dois anos? Será que realmente encararíamos essas mesmas situações de outra maneira em alguns anos? Quem sabe mais de um relacionamento, as duas pessoas que o vivem ou as que estão de fora?
Apesar de levantar alguns desses pontos e acionar reflexões no leitor, a prática não foi tão bem-sucedida assim. Os meses que Maddie e Bennett dividem enquanto ainda não podem saírem em público como um casal, são lentos e repetitivos, sem nada excepcional. Nada ali me pareceu justificar o sentimento existente entre os dois, especialmente da parte dele. Acredito, inclusive, que para ela era apenas a questão de poder e descobrimento, enquanto para ele era uma atração.
Além disso, o desenvolvimento não teve muito equilíbrio. No começo, a a história é lenta e por vezes até mesmo arrastada, porém, no clímax, tudo acontece em um piscar de olhos e acaba. Depois de tantas voltas ao redor de um assunto, é como se simplesmente ficasse faltando algo, um desfecho mais elaborado, com mais detalhes e explicações.
Se você procura uma história diferente, que questiona os conceitos sociais de certo e errado e te faz refletir, esta é uma leitura super válida. Não é um livro que eu indicaria para todos, pois sei que não agradará a muitos. Contudo, eu recomendo a leitura para quem quer tirar as próprias conclusões e para quem curte o tema.