@ARaphaDoEqualize 01/09/2014
[RESENHA] A Verdade Sobre Nós
O que primeiramente pode-se falar desse livro é que ele foge do convencional. Ao mesmo tempo que eu conseguia entender perfeitamente o ponto de vista da personagem feminina, Madelyn, eu entendia também o do personagem masculino, Bennet. E nessa confusão de sentimentos eu terminei o livro e ainda estou embarcada nesses sentimentos.
Maddie é uma aluna e filha exemplar. Seus pais sempre cobram muito dela e não querem menos que a perfeição exatamente por isso. Se ela pode ser a melhor, por que isso não aconteceria? Obviamente que chega um momento que isso cansa e esse momento é quando ela entra na faculdade antes de terminar o ensino médio. Acontece que Maddie pode adiantar algumas matérias na faculdade e usa-las como créditos para concluir a sua fase escolar. Sendo assim, aos 16 anos ela ingressa na universidade. O que ela não esperava, porém, é que ela fosse se apaixonar pelo professor de Biologia que é 10 anos mais velho do que ela, o Bennet. Sem saber que está envolvendo-se com uma menor de idade (mas sabendo que é sua aluna, o que seria proibido de qualquer forma), os dois começam a ter um relacionamento fora das salas, envolvidos por mentiras e encantamento por parte de Maddie, que acredita que Bennet é o cara da sua vida, e por decepção e fúria por parte de Bennet quando descobre que está envolvido com uma menor de idade.
Bem, é assim que são as coisas em minha casa. Você tem que ser perfeito, e se não for, bom, é melhor fingir muito bem.
O livro todo é contado em primeira pessoa e no começo, confesso, achei isso um tanto quanto inconveniente. Mas Maddie está escrevendo uma carta e é aí que você começa a ser envolvido. Ela está apaixonada e desde o primeiro momento sabe que não deveria enganar Bennet, mas tudo começa simplesmente com uma conversa, que se torna amizade e acaba evoluindo para algo mais íntimo e pessoal. Por muitas vezes ela é repetitiva, pois quer deixar bem claro tudo que aconteceu foi inteiramente sua culpa... pois ela estava apaixonada.
O que eu consigo falar para vocês no momento: é um livro cheio de sentimentos conflituosos. Terminei ele com a sensação de que eu realmente não estava vivenciando aquilo através das palavras: eu estava vivendo aquilo ali através de sentimentos. É uma leitura bastante delicada e acho que me envolvi bastante com ela porque passei por algo parecido. Eu fiz minhas escolhas, a pessoa que estava comigo também, e no final tudo deu errado e cada um seguiu seu caminho. Quando eu terminei de ler, deitei a cabeça no travesseiro e fiquei olhando para o teto do quarto, assimilando tudo. Ao mesmo tempo que é triste saber o caminho que cada um dos personagens tomaram eu consigo entender a decisão deles.
Tudo que eu queria era conversar com você, quem sabe construir para nós uma arrebatadora história de amor no estilo Orgulho e preconceito.
É difícil imaginar uma mãe ou um pai vendo com bons olhos a filha menor de idade se envolvendo com alguém mais velho. O pior que é o Bennet não teve culpa. A culpa dele, pode ter sido ser ingênuo a ponto de aceitar que Maddie tinha idade suficiente para se relacionar. Ele perguntou, ela respondeu - e não foi com a verdade absoluta. O problema dos pais aqui é que eles acabam não vendo os dois lados da história - e afinal, quem vai julga-los como loucos por isso? Ao mesmo tempo em que eu posso julgar a Maddie pelo o que fez, não consigo tirar a razão dela para deixar acontecer. Conseguem entender como é complicado?
O que eu gostei no livro é que mostra o crescimento de Maddie. Ela fez escolhas erradas, tem consciência disso, admite mas mesmo assim foi atrás de seus próprios sonhos, conseguiu passar por cima de todos os seus pecados e crescer para a vida. É uma coisa que eu costumo falar sempre para as pessoas próximas a mim: A Raphaela de 21 anos não quer fazer tal coisa, mas a Raphaela de 30 anos pode querer. A vida é assim. Tomamos decisões erradas e com elas aprendemos a tomar as certas, a escolher nosso próprio caminho e traçar nossas própria trajetória, enfrentando obstáculos e assumindo erros. A Maddie de 16 anos não é a mesma Maddie de 18. O Bennet de 26 não é o mesmo de 28. O caminho deles se entrelaçaram, eles vivenciaram o que tinha que acontecer e seguiram em frente.
Dez anos não é muito, sabe? Se eu tivesse vinte e você, trinta, será que alguém se importaria? Parece cruel que quatro aninhos sejam tão importantes, capazes de mudar uma vida.
É um livro que muitas pessoas não vão gostar e percebo por causa de algumas resenhas que acabei lendo. Mas foi um livro que me tocou profundamente por causa da história original e verdadeira. O que eu diria: deem uma chance apenas para ter a oportunidade de ler algo que se diferencia dos romances que estamos acostumados a ler. A vida nem sempre é colorida, passamos por todos os momentos negros para encontrar novamente a fase em que nos deixa com brilho e cheios de alegria.
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