Nu e As 1001 Nuccias 12/03/2016Resenha do Blog As 1001 NucciasUma história fantástica cheia de mitos, lendas e muita realidade escondida. Lições para várias vidas e criaturas desconhecidas e ferozes. Bem-vindos ao mundo de Shalkas, o feiticeiro guardião dos braceletes elementais, escondidos da ganância humana em um enigma no papel e nos recônditos da sua mente humana reencarnada.
Sobre a história: A história se inicia com a leitura de uma carta que Wood Shellboltou deixou para seu filho Noah antes de desaparecer. A carta foi escrita na mesma noite em que os ventos mudaram em Herégion, dando início a um tempo de incertezas e sombras. Essa carta era o que dava esperança a Noah dia e noite: que um dia seu pai retornaria. Enquanto isso não acontecia, Noah estava sob cuidados de seu avô, a quem ajudava na cabana isolada onde moravam. Seu avô tentava, todos os dias, decifrar os mistérios contidos no diário de L. K. Sasha, enquanto narrava, após muita insistência, algumas das histórias para Noah, a fim de que o garoto soubesse um pouco da sua origem, da origem de seu pai e das lendas dos reinos.
Este diário se inicia com os relatos da guerra de colonização de Herégion, época chamada de Era das Trevas. Por ele, ficamos sabendo como este reino se formou, o que ocorreu na época. Tentando não passar muitos spoilers, posso dizer que há mais de um rei envolvido, braceletes feitos de um metal poderoso, o Elementhril, e muita ganância que levou ao fim da encarnação de Shalkas, o grande guardião dos elementos, único a conhecer a localização do quinto deles, que controla todos os outros 4.
Entre uma história e outra, Noah e o avô vão à aldeia próxima e encontram Orpheu, o contador de histórias. No entanto, descobrimos pouco mais tarde que Orpheu tem outros poderes: ele avisa ao avô do garoto que seu tempo está se esgotando. Ele tem exatos três dias para contar toda a história de Wood ao menino antes de morrer.
E é o que acontece. A história abandona Noah e seu avô Theodor no presente e dá uma guinada brusca ao passado, quando conhecemos a história de nascimento de Wood junto dos elfos, a fuga de sua mãe para salvar seu filho, o escolhido, e sua jornada pelas florestas de Herégion, a fim de manter um embrulho, contendo um segredo, o grande enigma de Shalkas, a salvo das mãos inescrupulosas do Grande General (cujo nome ninguém sabe), sedento de poder dos elementos.
O que eu achei? O livro, muito bem escrito, narrador em terceira pessoa, tem uma quantidade enorme de informações. Mas não é entediante! As informações são passadas ao leitor como parte da história, ou da história dentro da história, sem nos deixar perdidos em momento algum. A mudança do presente ao passado, e vice-versa, se dá de forma clara. Não há excesso de detalhes, e aventura e ação tem sobrando.
Segundo informado, o autor começou a idealizar este livro ainda pré-adolescente. Imaginem vocês quanta imaginação ele precisou usar para montar não um, mas dois reinos, além de épocas distintas da sua colonização, suas guerras, seus habitantes, suas criaturas e seus mistérios.
E, obviamente, não paramos aí. Este é o primeiro livro de uma trilogia. Há muita informação e enredo a ser compartilhado com os leitores. Há muita vida em jogo ainda e eu quero saber quando que o próximo livro chega pra gente!
Os personagens: Os principais personagens são: Noah, um garoto de 11 anos que tenta de todas as formas possíveis saber tudo sobre seu pai, desaparecido; Theodor, o avô de Noah (quer dizer, o que se diz avô, mas não sabemos exatamente quem ele é), que passou a vida analisando o diário de Wood e decidiu contar tudo ao neto depois de receber um aviso de Orpheu; Wood Shellboltou, o pai de Noah, que seria a forma reencarnada do grande Shalkas, detentor de um grande segredo e desaparecido há muito tempo, sem deixar vestígios, mas deixando muitos mistérios.
Além destes, personagens secundários que aparecem ao longo do livro, de suma importância para o entendimento do leitor, como Orpheu, o vidente de idade indefinida, o contador de histórias, o curandeiro, que conhece a história de nascimento de Wood (e até participou dela); Lorde Sasha, filho de um rei, quem escreveu um diário com toda a história de Herégion e do nascimento de Wood, o mesmo diário que está em posse de Theodor, sendo lido para Noah; Elfos, Hogres, além de outros humanos.
E a parte técnica? De novo, começarei com uma descrição sucinta da capa para os coleguinhas que tem problema de visão. Tenho de parabenizar o autor e editor que também é o designer capista da Editora Arwen. Não apenas esta, mas todas as capas da editora são muito boas, de uma beleza e trabalho espetaculares. Esta capa tem, em primeiro plano, um homem em sua armadura de ferro dourado e, apesar de muitas manchas e marcas de batalha, ainda reluzente. Sua posição é quase perfilada, sua mão direita segura o punho de uma espada ainda na bainha, o elmo tem uma penugem vermelho-sangue, a mesma cor da capa longa esvoaçando atrás dele. Ao fundo, uma imagem de fim de batalha: várias lanças fincadas em corpos espalhados (mas não bem definidos), em um tom acinzentado e sombrio de fumaça pós-guerra. O título do livro está em uma fonte bem simples, na cor branca, ficando muito bem destacado.
A diagramação interna é outra maravilha! Antes de cada capítulo, há uma página totalmente negra com uma citação em fonte branca, centralizada. A página seguinte é também toda negra, tendo no centro uma figura que lembra uma fênix, e 4 runas desconhecidas próximas às suas asas. Essa imagem é relatada no livro como uma marca do Enigma. O capítulo se inicia na página seguinte, sem numeração, mas com título em fonte simples. E finaliza com a mesma imagem da fênix, mas dessa vez em página na cor do texto mesmo.
Além disso, outros detalhes fazem da diagramação uma beleza. Margens justificadas, fontes em tamanho e formato ótimo para leitura, páginas semelhantes à pergaminhos quando pretendem retratar o Enigma e outros documentos citados. Línguas e imagens estranhas entalhadas em objetos também são retratadas.
Minha opinião final: É um livro perfeito para quem gosta desse tipo de fantasia, de universos completamente diferentes daqui, criaturas simbólicas e sombrias, magia elementar e buscas quase impossíveis. Um mundo em que a luta do bem contra o mal não é definida claramente, onde o protagonista passa por diferentes provações e persiste, porém também erra, e erra feio.
De explicações e implicações profundas, é uma obra para se deleitar e se perder nas terras de Herégion, observar a Estrela dos Mares que brilho sobre as montanhas Kuhr. Depois, ao sair das Florestas de Darbókia, tome um chá, enquanto decifra um diário e decide se muda ou não o destino previsto por Orpheu... ;)
Ou seja, divirtam-se na leitura como eu! P.S.: Eu não descobri o Enigma!... =( Será que vocês conseguem? Vale brindes!
Já pensou em ir no evento de lançamento, pegar autógrafos, abraçar o André, tirar fotos, ganhar brindes? Sim, senhores!! Já está marcado!!! Anotem aí:
Quando? 19 de março
Hora? 15hs
Onde? Livraria Martins Fontes, São Paulo/SP
site:
http://1001nuccias.blogspot.com.br/2016/03/resenha-livro-o-enigma-de-shalkas.html