Marcos5813 04/10/2023
O Capital e o Capitalismo no século XXI
Obra primorosa do Thomas Piketty, economista francês, que trás para literatura econômica sua visão sobre desigualdade social, que bate as portas do século XXI, e da era da informação. Esta obra entra definitivamente como um dos clássicos sobre tratados da Ciência Econômica, ou, como gosta de conceituar o autor, da Economia Política. A leitura desta obra me rendeu vinte e um dias, contando com este, desta resenha. Fiz um histórico de leitura de todos os dias lidos, de forma que esta resenha relata apenas minha impressão final. Piketty, de fato, trás de forma magnífica como a desigualdade entre ricos e pobre tem aumentado de tal magnitude a ponto de 1% da população mundial deter mais de 99% da riqueza mundial.
A forma de taxação das grandes fortunas é, segundo o autor, a maneira mais eficaz, do ponto de vista econômico, e, também, a mais democrática, mas não significa ser a mais fácil. Isto porque ninguém que pagar impostos ou mais impostos, mesmo que sofrem perdas de capital de seus rendimentos com, por exemplo, numa espiral inflacionária, ou da depreciação do valor real de Títulos Públicos. O fato é que a desigualdade vem aumentando a medida que o crescimento econômico diminui e o retorno sobre a renda do capital aumenta. Pensar numa redução desse contraste social, entre ricos e pobres, é pensar de modo moral e ético, mesmo que o dinheiro não tenha cheiro, assim como o Imperador Romano Vespasiano explicou a seu filho Tito do porque tributava as latrinas públicas do Império. Esta amoral financeira e econômica do dinheiro, deve ser obra de debates de quem se pretende representar seu povo, sejam ricos ou pobres, daí deve ser a economia uma forma de se produzir debates públicos no meio político, seja ele entre Presidentes de grandes nações, como o Presidente dos EUA, ou de um condômino, sobre o funcionamento do condomínio onde mora, ou das normas de seu bairro. O debate político é essencial para que o ambiente democrático de proteção a propriedade privada e de uma melhor distribuição da riqueza conduza sempre aos valores morais que levaram a humanidade a ir a Lua ou descobrir o segredo da matéria, das leis das ciências naturais.
Gostaria de deixar um relato pessoal. Antes de iniciar a leitura desta obra, estava tentado a ler "O Capital", de Karl Marx, mas a realidade que Marx viveu, enquanto escrevia seu tratado, é totalmente diferente da deste século, da era da informática, com seus Iphones, Ipads e Notebooks. E precisamente na década de 2020, com a evolução da Inteligência Artificial, o mundo, e outros paradigmas, são completamente diferente, mesmo que a lógica central, da acumulação incessante do capital até sua total absorção pela renda, em que Piketty chama de regra de ouro do capitalismo, onde a taxa do retorno do capital é igual ao do crescimento econômico, impossibilita qualquer ganho a mais dos investimentos. No entanto, uma forma de impedir o tal mundo apocalíptico marxista, sem mais nenhum meio de ganhos econômicos, passa pela política, e uma delas é sem dúvida a taxação das grandes fortunas. Então, preteri ler Marx para ler Piketty, com questionamentos de mesma ordem mas atual a realidade dessa século, O Capital e o Capitalismo. Talvez, no futuro, o discurso seja como impedir que a Inteligência Artificial domine o mundo.
Sendo economista de formação, sempre fui tentado a acreditar nas instituições que estão por trás dos sistemas que permitem uma economia funcionar, um deles é o Sistema Financeiro. Hoje, com um pouco mais de experiência acumulada em leituras e de vida profissional, da oportunidades que me apareceram, vejo, com certa reticência, de um sistema, o Sistema Financeiro, que não tem limites para imprimir meios de troca, e aqui a moeda, levando a um excesso de liquidez os mercados e o capitalismo, que tem como uma das suas premissas básicas a propriedade privada, acaba esta propriedade por pertencer aos mecanismo de fluxo monetário, e a quem pese uma análise mais sintética, uma rés poupança vira capital especulativo, quando, uma vez atrelado a certificados de depósitos bancário indexados a inflação, baseados nos rendimentos médios de carteiras, gera movimentos especulativos. Como o aumento dos preços é mercadológico, qualquer preço derivado de um capital especulativo se deteriora mais rapidamente devido ao nível de compras e vendas de ativos super-voláteis, que entram e saem das carteiras em contas bancárias em frações de segundos. O viés monetarista corrói todos os preços relativos de mercado, gerando externalidades negativas em seu uso, assim, como o capital de curtíssimo prazo não paga juros indexados, pegam caronas no diversos índices financeiros, os free-riding. Esses custos, que deixam de ser pago, foi um dos tópicos levantados por Ronald Coese, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, quando tratou da sua "Teoria da Firma" e seus Custos de Transações, e é onde o sistema financeiro fortemente opera. O custo passa a ser, antes de tudo, institucional que econômico, e política monetárias deterioram no longo prazo instituições de setores menos "ricos", se podemos dizer assim, criando um elitismo de ideias, base para as discussões políticas e, como consequência, de barganha, gerando tais custos.
Para finalizar esta ressenha que já vai longa, acredito no dinheiro privado, ancorado no funcionamento do mundo real, a tecnologia da informação, como os Bitcoins. Tributar tais moedas digitais criptográficas é um do meios de particionar os ganhos na cadeia de valor, a Blockchain, e sua convenção de aceitação de tais ganhos pela prova de participação. É democrática, anti-inflacionária e é real. Obra Magnífica! Favoritadíssima!