fernandaugusta 08/07/2023Josefina - @sabe.aquele.livroNesta biografia, a autora nos apresenta tudo sobre Josefina, Madame Haubernais e posteriormente, Bonaparte. Nascida na colônia da Martinica, portanto denominada crioula, Marie Joseph morava em uma fazenda de açúcar decadente, e cresceu praticamente livre em meio aos escravos. Seus pais não investiram em instrução formal, e o tempo que foi para a escola, não se dedicou aos estudos.
Aos 16 anos, foi mandada para a França em um casamento arranjado. Seu noivo aristocrata, bon-vivant e amante de uma elegante dama francesa, logo se ressentiu da figura da noiva, pois Josefina era roliça, tinha os dentes estragados, e não usava a moda da capital. Além disso, falava com forte sotaque e era simplória, considerada inadequada para os salões da nobreza. O casamento ocorreu mesmo assim, e Josefina teve dois filhos, vivendo profundamente infeliz.
Com as questões políticas da França, que levaram à queda da monarquia e à Revolução e o Terror que se seguiu, ela foi presa logo após o marido. Ficou viúva (seu marido morreu na gilhotina,) sobreviveu à prisão, e se tornou um ícone feminino, chegando a trocar favores sexuais por dinheiro e luxos, com vários amantes.
Foi a única que deu atenção a Napoleão Bonaparte quando este chegou à França, um mero soldado corso, baixo e feio. Apostou alto casando-se com ele, e ascendeu na mesma medida que o futuro imperador, tornando-se uma das mulheres mais visadas de seu tempo. Mesmo casada, mantinha um amante que acelerou sua ruína, já que não pôde engravidar de Napoleão após sofrer os horrores da prisão. Josefina, entretanto, era uma mulher sensível, e aprendia rápido: tornou-se a joia do imperador em diplomacia e relações, coisas para as quais Bonaparte não tinha paciência, nem aptidão. Gastona, fútil e frívola, decaiu após o divórcio do imperador e morreu de pneumonia após o fracasso do ex-marido na Rússia.
"Josefina" é um livro com uma pesquisa histórica extensa, que se baseia principalmente no estudo das cartas trocadas pela imperatriz e Napoleão, bem como de sua corte e pessoas próximas. Relata toda a mudança da moça simplória, pobretona da Martinica até imperatriz de Napoleão, mecenas e pessoa muito dedicada a costurar relações importantes para o marido. De menina jeca, virou símbolo de sofisticação. Muito me impressionaram os números referentes a Josefina: ela se tornou uma consumista inveterada em todas as áreas! Gastava milhões com roupas, chapéus, móveis, reformas, plantas, jóias. Tudo que ela via queria comprar. Vivia endividada.
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Também me chamou atenção sua mudança após os casamentos: no primeiro, de esposa desprezada, que odiava o marido, até o perdão na prisão. E casada com Napoleão, mantendo publicamente um amante, tornou-se amargurada de ciúmes com as amantes do imperador, até a desgraça do divórcio público, para que ele tomasse uma jovem que pudesse lhe dar um herdeiro.
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Sobre Napoleão temos vários elementos que asseguram uma personalidade narcisista, de caráter duvidoso, o que é amplamente comprovado pela História. O que dá para dizer sobre os dois é que se mereceram. Mas a França e o povo francês não mereciam governantes tão dispendiosos, gananciosos e ególatras.
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Muitos dados e personagens acabam tornando a leitura travada e tediosa. A extensa explanação sobre a política francesa também deixa a leitura pesada. Ponto positivo são as ilustrações de quadros e retratos de alguns personagens e as imagens de algumas obras de arte e propriedades que Josefina viveu.
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Uma leitura interessante, mas para ser feita com bastante paciência pelo ritmo lento e pelo excesso de detalhes em relação a política e as guerras de Napoleão, mas que contextualiza bem o papel de Josefina - e de suas contemporâneas - na História, exercendo o poder através de suas relações.