O Que o Cérebro Tem Para Contar

O Que o Cérebro Tem Para Contar V. S. Ramachandran




Resenhas - O Que o Cérebro Tem Para Contar


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Leandro Matos 16/10/2014

O QUE O CÉREBRO TEM PARA CONTAR | UMA LEITURA PARA DESVENDAR OS MISTÉRIOS DO CÉREBRO HUMANO
‘O que o cérebro tem para contar’ é um livro que propõe dentre muitas coisas, explicar como danos cerebrais, podem de alguma forma, despertar aptidões escondidas na maior máquina da natureza.

Lançado originalmente em 2011, o livro do professor em psicologia e neurociência da Universidade da Califórnia, o indiano Vilayanur S. Ramachandran, foi publicado no Brasil pela Editora Zahar em Junho desse ano. No seu quinto livro, o cientista conta casos e causos de pessoas que sofreram, nasceram ou desenvolveram distúrbios, danos e lesões cerebrais das mais curiosas e diversas e principalmente, como estas afetaram e modificaram suas vidas. Ramachandran traça um panorama narrativo interessante para qualquer tipo de leitor sobre a temática ao contar, por exemplo, sobre um indivíduo que em plena aptidão física, possui um desejo latente em retirar uma das pernas?! Um outro não reconhece as pessoas ao encontrá-las! Uma paciente ri quando senti dor?! Isso sem falar no distúrbio sensorial da sinestesia, onde pessoas acometidas dessa condição, provam cores, sentem números e vêem sons.

Há relatos também de síndromes raras que acometem ao ser humano. Ao descrever sobre a Síndrome de Cotard (também conhecida como a síndrome do cadáver ambulante), o autor ilustra como um paciente acredita veemente que estar morto, não reagindo a estímulos externos e admitindo que seu corpo e órgãos internos estão apodrecendo. Já os que sofrem da Síndrome de Capgras, possuem a estranha ideia de que familiares, pessoas próximas e até animais de estimação, foram substituídos por impostores. E há tantas outras que detalhá-las, poderia comprometer o prazer proporcionado pela leitura.

Antes que fique a impressão que o título é uma coleção de relatos sobre doenças de um modo geral, na verdade, a proposta do cientista é muito além disso. O que o mesmo faz ao descrever essas histórias, é ilustrar sobre como por trás de cada particularidade, o cérebro está presente trabalhando, se adaptando e se recriando diante de cada nova situação. Essa é o maior argumento do livro. Um excelente exemplo disso está presente no capitulo Membros fantasmas e cérebros plásticos, onde conhecemos um elucidativo mapa cerebral (Mapa de Penfield) e sobre como a plasticidade do cérebro trabalha ao nosso favor. Registros de membros fantasmas existem desde a Antiguidade, mas o que Ramachandran fez foi provar que estamos diante de uma máquina ainda longe de ser conhecida e que não nos cansa de nos surpreender.

O autor me impressionou ao contar sobre um paciente que possuindo um membro amputado, apresentava uma “bizarra tendência a atribuir à mão fantasma sensações táteis originarias no rosto”! Ou seja, quando o cientista tocava próximo ao seu maxilar, ele sentia o toque no dedo indicador da sua mão amputada!!! E mais ainda, com um truque simples, ele atenuou dores de um paciente que reclamava de dores horríveis em sua mão amputada. O autor explica que quando sofremos um acidente ou lesionamos um membro, o cérebro aprende a lidar com a dor do seu jeito. Por exemplo, quando se quebra um braço, a dor é excruciante e se passa de 20 a 30 dias, com o mesmo imobilizado (engessado) para restabelecer a estrutura do osso fraturado. Por conta desse período, o cérebro assimila que mexer o braço (estender) vai causar alguma dor e esse condicionamento leva algum tempo para se dissipar – do conceito de se articular o braço haverá dor. Caixa espelho Quando se pula essa etapa, no caso de um acidente onde haja a necessidade abrupta da amputação do membro, o cérebro repassa todo esse processo normalmente, mesmo quando não há mais membro algum. Usando uma caixa de sapatos velha,o cientista teve a ideia de dispor um espelho ao lado contrário do membro amputado, de uma forma que visualmente o paciente possa ter, pelo menos de forma virtual uma mão no lugar até então vazio. Dessa forma, o cérebro vai processando de forma gradual esse condicionamento visual e motor (mesmo que inverso) e vai atenuando as dores desse processo. Esse é só um dos inúmeros casos relatados nesse excelente volume.

A leitura proporcionada de ‘O que o cérebro tem para contar’ é exatamente como está descrito na contracapa: “uma incrível turnê pela neurociência”. O livro ainda trata sobre linguagem, imagem corporal e sobre aqueles que são considerados o DNA do cérebro, os neurônios-espelhos. Leitura indicada para qualquer nível de conhecimento sobre a temática, pois V. S. Ramachandran foi preciso em escrever um volume compreensível, interessante e explicativo.

Ao terminar a leitura, não será só o seu cérebro que terá algo para contar, você também!

site: http://nerdpride.com.br/literatura/o-que-o-cerebro-tem-para-contar/
edu basílio 22/01/2016minha estante
Quero ler este ano!




Junior 19/03/2020

Cético, mas interessante.
O livro está citado em vários outras obras, o autor é uma referência na área , o que me induziu à leitura. O toque de humor na escrita facilita a leitura e ele enche de exemplos e histórias cada parte mais técnica do assunto. É um livro surpreendente e interessante. Minha única crítica é com relação ao ceticismo do autor com relação à consciência como algo não pertencente ao cérebro. Ele até força algumas coisas pra não admitir a possibilidade da existência da alma..rsrs....mas era até esperado. Vale a pena ler.
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Felipe.NS 19/02/2016

Um dos melhores
Um dos melhores livros científicos que já li, é muito conhecimento por página... Colocaria em uma estante ao lado dos livros do Sagan
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07/12/2018

Que livro incrível! Estou mais do que feliz de ter comprado ele. Cada página é uma janela se abrindo para o entendimento da conexão neurológica entre mente e corpo. O livro é escrito com uma abordagem científica e também especulativa, com muitas informações sobre descobertas recentes e o avanço de pesquisas em desenvolvimento na área da Neurologia. Recomendo muito a leitura!
Diana Helena 07/12/2018minha estante
Ele utiliza muitos termos técnicos ou é mais acessível para quem não é da área?


07/12/2018minha estante
Diana, achei a leitura bem leve e com tantas novidades é fácil se prender á leitura. Tem termos técnicos sim mas o autor sabe explicar bem o que é cada termo e de maneira acessível para o leitor mesmo leigo entender.. O livro temuitas figuras também que ajudam no entendimento. Super recomendo! ?


Diana Helena 08/12/2018minha estante
Oba!!! Obrigada!




Carla.Parreira 03/11/2023

O que o cérebro tem para contar
Desvendando os mistérios da natureza humana (V.S. Ramachandran)...
Melhores trechos: "...Por baixo de toda essa complexidade lírica há um plano básico de organização que é fácil de compreender. Os neurônios estão conectados em redes que podem processar informação. As muitas dúzias de estruturas cerebrais são em última análise redes de neurônios formadas para múltiplos propósitos, e têm muitas vezes uma elegante organização interna. Cada uma dessas estruturas desempenha alguma série de funções cognitivas ou fisiológicas discretas (embora nem sempre fáceis de decifrar). Cada estrutura cerebral estabelece conexões padronizadas com outras, formando assim circuitos. Os circuitos transmitem informação para cá e para lá em círculos repetidos e permitem às estruturas cerebrais trabalhar juntas para criar percepções, pensamentos e comportamentos sofisticados... Se o lobo pré-frontal esquerdo estiver lesado, o paciente pode se afastar do mundo social e mostrar acentuada relutância em fazer o que quer que seja. Isso é eufemisticamente chamado de pseudodepressão, ?pseudo? porque nenhum dos critérios usuais para a identificação da depressão, como sentimentos de desolação e padrões negativos de pensamento crônicos, é revelado por sondagem psicológica ou neurológica. Ao contrário, se o lobo pré-frontal direito estiver lesado, o paciente parecerá eufórico, ainda que, mais uma vez, de fato não esteja... Quando você se esquiva de um objeto atirado em sua direção, quando você se move por uma sala evitando tropeçar nas coisas, quando você pisa cautelosamente num galho de árvore ou sobre um buraco, ou quando estende a mão para pegar um objeto ou apara um golpe, você está dependendo de seu fluxo 'como'. Em sua maior parte, essas computações são inconscientes e extremamente automatizadas, como um robô ou um copiloto zumbi que segue nossas instruções sem necessidade de muita orientação ou monitoramento... A amígdala funciona em conjunção com lembranças armazenadas e outras estruturas no sistema límbico para avaliar a significação emocional de qualquer coisa que estejamos olhando. A amígdala humana está também conectada com os lobos frontais, que acrescentam sabores sutis a esse coquetel de emoções primárias, de modo que você não tenha apenas raiva, desejo e medo, mas também arrogância, orgulho, cautela, admiração, magnanimidade e coisas do gênero... Sempre que você vê alguém fazendo alguma coisa, os neurônios que seu cérebro usaria para fazer tal coisa ficam ativos, como se você mesmo a estivesse fazendo. Se você vê uma pessoa sendo espetada com uma agulha, seus neurônios da dor começam a enviar impulsos como se você estivesse sendo espetado. Isso é extremamente fascinante e suscita algumas questões interessantes: o que nos impede de imitar cegamente todas as ações que vemos? Ou de sentir literalmente a dor de outra pessoa? No caso de neurônios-espelho motores, uma resposta é que pode haver circuitos inibitórios frontais que suprimem a imitação automática quando ela é inapropriada. Num delicioso paradoxo, essa necessidade de inibir ações indesejadas ou impulsivas talvez seja uma razão importante para a evolução do livre-arbítrio... Desde o tempo de Kanner e Asperger, houve centenas de estudos de caso na literatura médica documentando, em detalhes, os vários sintomas aparentemente desconexos que caracterizam o autismo. Estes caem em dois grupos principais: sociocognitivos e sensóriomotores. No primeiro grupo, temos o sintoma isolado mais importante para o diagnóstico: tendência ao isolamento e falta de contato com o mundo, em particular o mundo social, bem como profunda incapacidade de entabular uma conversa normal. Junto a isso há uma ausência de empatia emocional por outras pessoas. No que é ainda mais surpreendente, crianças autistas não expressam nenhum espírito lúdico e não se envolvem no faz de conta irrestrito com que crianças comuns enchem as horas que passam acordadas. Nós, seres humanos, como já se salientou, somos os únicos animais que levamos nossa graça e disposição para fantasiar à vida adulta. Como deve ser triste para os pais ver seus filhos e filhas autistas impenetráveis ao encantamento da infância. No entanto, apesar desse isolamento social, as crianças autistas têm um interesse intensificado por seu ambiente inanimado, muitas vezes a ponto de serem obsessivas. Isso pode levar à emergência de preocupações estranhas, estreitas, e uma fascinação por coisas que parecem completamente triviais para a maioria de nós, como memorizar todos os números de telefone num catálogo. Voltemo-nos agora para o segundo grupo de sintomas: os sensório-motores. No lado sensorial, estímulos sensoriais específicos podem parecer extremamente angustiantes para crianças autistas. Certos sons, por exemplo, podem desencadear violentas explosões de cólera. Há também um medo da novidade e da mudança e uma insistência obsessiva na mesmice, na rotina e na monotonia. Os sintomas motores incluem um balanço do corpo para a frente e para trás, movimentos repetitivos com a mão, inclusive gestos de sacudi-la e dar tapas em si mesmo, e por vezes rituais elaborados, repetitivos. Esses sintomas sensório-motores não são tão definitivos ou tão devastadores quanto os socioemocionais, mas ocorrem com tanta frequência que devem estar conectados a eles de algum modo. Nossa visão do que causa o autismo estaria incompleta se deixássemos de considerá-los. Há mais um sintoma motor a mencionar, o qual encerra a chave para a decifração do mistério: muitas crianças autistas têm dificuldade em imitar as ações de outras pessoas. Essa simples observação sugeriu-me uma deficiência no sistema de neurônios-espelho... Consideramos até agora duas teorias candidatas a explicar os bizarros sintomas do autismo: a hipótese da disfunção dos neurônios-espelho e a ideia de uma paisagem de saliências distorcida. Sejam quais forem os mecanismos subjacentes, nossos resultados sugerem fortemente que crianças com autismo têm um sistema de neurônios-espelho disfuncional que pode ajudar a explicar muitas características da síndrome. Se essa disfunção é causada por genes relacionados ao desenvolvimento do cérebro ou por genes que predispõem a certos vírus (o que por sua vez pode predispor a crises convulsivas), ou se é devida a algo completamente diferente, ainda está por ser esclarecido. Por enquanto, isso pode fornecer um útil trampolim para pesquisas futuras a respeito do autismo... Na verdade, o autismo poderia ser encarado fundamentalmente como um distúrbio da autoconsciência, e, nesse caso, sua investigação pode nos ajudar a compreender a natureza da própria consciência... A pessoa interrompe tanto comportamentos manifestos quanto emoções e se vê com indiferença objetiva em relação à sua própria dor ou pânico. Isso ocorre por vezes em estupro, por exemplo, em que a mulher fica num estado paradoxal: 'Fiquei vendo a mim mesma sendo estuprada como se fosse um observador externo indiferente, sentindo a dor, mas não a angústia. E não havia nenhum pânico.' A mesma coisa deve ter ocorrido quando o explorador David Livingstone foi atacado por um leão que lhe arrancou o braço fora a dentadas; não sentiu dor nem medo. A razão de ativação entre esses circuitos e interações entre eles pode também dar origem a formas menos extremas de dissociação em que a ação não é inibida, mas as emoções são. Apelidamos isso de 'reflexo de James Bond': seus nervos de aço lhe permitem permanecer inafetado por emoções perturbadoras enquanto persegue e enfrenta o vilão. O self se define em relação a seu ambiente social. Quando esse ambiente se torna incompreensível, por exemplo, quando pessoas conhecidas parecem desconhecidas ou viceversa, o self pode experimentar extremo sofrimento ou mesmo sentir-se ameaçado... Essa 'adoção de uma visão objetiva' em relação a nós mesmos é também uma exigência essencial para descobrirmos e corrigirmos nossas próprias defesas freudianas, o que é parcialmente realizado através da psicanálise. As defesas são comumente inconscientes; o conceito de 'defesas conscientes' é um oximoro. O objetivo do terapeuta, portanto, é trazer as defesas para a superfície de nossa consciência de modo que possamos lidar com elas (assim como uma pessoa obesa precisa analisar a fonte de sua obesidade para tomar medidas corretivas). Perguntamos a nós mesmos se seria mais fácil encorajar uma pessoa a adotar uma posição conceitual alocêntrica (em linguagem simples: encorajar o paciente a adotar uma visão imparcial e realista de si mesmo e de suas loucuras) para a psicanálise encorajando-a a adotar uma posição alocêntrica perceptual (como fingir que é outra pessoa assistindo à sua própria conferência). Isso poderia, por sua vez, teoricamente, ser facilitado por anestesia por cetamina. Essa substância gera experiências extracorpóreas, fazendo a pessoa se ver a partir de fora... 
Retornando à psicanálise: certamente remover defesas psicológicas suscita um dilema para o analista; é uma espada de dois gumes. Se defesas são normalmente uma resposta adaptativa do organismo (sobretudo da parte do hemisfério esquerdo) para evitar a desestabilização do comportamento, desnudá-las não seria um fator de inadaptação, perturbando o senso que uma pessoa tem de um self internamente coerente junto com sua paz interior? Para escapar desse dilema é preciso compreender que doença mental e neurose surgem de um mau uso de defesas, nenhum sistema biológico é perfeito. Em vez de restaurar a coerência esse mau uso levaria, na verdade, ao caos adicional..."
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Daniel Sampaio 21/03/2016

Uma excelente síntese das Neurociências !
A obra é uma excelente síntese das neurociências, fazendo conexões com a psicologia e a psiquiatria à partir de uma perspectiva neural. Vários conceitos e teorias psicanalíticas são analisadas sob a ótica do que se conhece acerca do cérebro, seus módulos e ramificações. Experimentos realizados e por realizar, associam teorias promissoras acerca do funcionamento do cérebro e o mistério da consciência com as tecnologias contemporâneas de imageamento cerebral. Excelente obra. Recomendo.
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Kaique.Nunes 25/03/2019

Neste livro Ramachandran nos conta vários casos de pessoas que sofreram, nasceram ou desenvolveram distúrbios, danos e lesões cerebrais das mais curiosas e diversas. Também relata como estas adversidades modificaram a vida dessas pessoas.

O título nos dá a impressão que se trata de uma coleção de relatos sobre doenças de um modo geral, porém, a proposta do cientista é muito além disso. O que faz ao descrever essas histórias, é ilustrar sobre como por trás de cada particularidade, o cérebro está continuamente trabalhando, se adaptando e se recriando diante de cada nova situação.

Esse é o maior argumento do livro. Um excelente exemplo disso está presente no capitulo “Membros fantasmas e cérebros plásticos”, onde conhecemos um elucidativo mapa cerebral (Mapa de Penfield) e sobre como a plasticidade do cérebro trabalha ao nosso favor. Registros de membros fantasmas existem desde a Antiguidade, mas o que Ramachandran fez foi provar que estamos diante de uma máquina ainda longe de ser conhecida e que não cansa de nos surpreender.


site: https://www.instagram.com/kaiquekhan/
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Wilson 22/02/2023

Leitura difícil e arrastada
Pensei em abandonar a leitura diversas vezes, mas insisti e terminei.
O livro não é de todo ruim, mas acredito que seja melhor aproveitado por leitores que sejam da área médica, principalmente de psiquiatria.
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