Thales Moreira 10/05/2017Nada dura, não para sempreComeço já deixando avisado que quando o assunto é política e tretas do cenário político, eu sempre arrumo um jeito de estar na primeira fileira, para poder acompanhar tudo bem de pertinho. É claro, às vezes eu preferiria que tudo corresse sem complicações, mas já que isso aparentemente é algo inalcançável no momento, então eu aproveito.
Escolhi deixar esse fato esclarecido já de início pois é a explicação perfeita para a atração que a série House of Cards (primeiro os episódios lançados pela Netflix, agora o livro e já com a série de TV original pronta para ser assistida assim que terminar esse post) exerce sobre mim.
Para contextualizar para os que viveram em Marte ou em alguma ilha sem acesso à internet, ou para aqueles mesmo que não se interessam tanto por coisas que envolvam política, House of Cards tem como personagem principal o líder de bancada do Partido Conservador Francis Urquhart (o sobrenome é lido Urcart), um sujeitinho que se fosse real provavelmente morreríamos de ódio dele. Afinal, o cara é incrivelmente calculista, manipulador e, de certa forma, um pouco mimado, e ele usa toda a sua experiência política para jogar esse jogo tão limpo (ironia detected) que acontece dentro do Parlamento britânico.
Como disse, se ele fosse real, o odiaríamos, mas talvez por ele ser fictício e termos alguns exemplos inúmeras vezes piores do que ele na política brasileira, Urquhart acaba se tornando um personagem bem agradável, que você de alguma forma (não sabemos como) gosta muito. Algo que me ative um pouco durante a leitura foi uma diferença bem escancarada entre Urquhart e Underwood (a versão americana), é que o primeiro, ao menos neste livro, parece ainda ter um pouco de receio quanto aos resultados que podem vir dos planos que ele coloca em ação, enquanto o segundo desde o primeiro episódio tem plena certeza de que tudo vai dar certo e não treme quando alguma coisa ameaça não funcionar.
Novamente contextualizando um pouco, Michael Dobbs, para os desavisados, não é um Zé Ninguém que decidiu out of the blue escrever um livro sobre os bastidores da política britânica. O autor é membro da Câmara dos Lordes e foi Conselheiro Sênior de Margaret Thatcher, a Dama de Ferro. Ou seja, ele tem conhecimento de causa e isso fica claro na forma como conduz a história, construindo cada personagem pouco a pouco, à medida que eles são importantes para o desenrolar de uma parte do livro. House of Cards sem dúvida é uma leitura viciante, impossível de deixar de lado depois que começa a ler.
Uma dica para quem pretende começar, compre os três livros juntos, porque a vontade de continuar seguindo os passos de Urquhart e ver que fim ele levará é gigantesca e sinceramente, não sei como vou conseguir viver até ter os dois últimos em mãos.
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