spoiler visualizarflaflozano 24/08/2018
The best part
- Mel! – ouvi sua voz rouca e doce me chamando.
Eu estava longe dali. Estava presa em sonhos e fantasias.
– Mel, amor. Acorde. Acorde anjo! – ele pediu daquela
sua maneira peculiar.
Foram poucos dias separados, mas para mim
pareceu uma eternidade de dor. Nunca imaginei que um
dia sentiria um amor tão profundo, capaz de minar minhas
forças e destroçar as minhas vontades. Tive que abrir mão
de tudo o que eu era para viver com Robert Carter.
Abandonei qualquer princípio, valor e até mesmo pudor,
para convencer a mim mesma de que não havia outro
caminho. Ele estava incrustado em mim, não havia como
escapar.O que me deixava mais confusa com a profundidade
dos meus sentimentos era que estava ciente de que eu
deveria fugir, sumir, esquecê-lo, mas justificava a minha
decisão de ficar com o fato de não conseguir enxergar uma
saída. Realmente não existia. Todos os meus passos me
levavam a ele. Pensando bem será que se houvesse, eu
iria?
Abri meus olhos lutando contra a vontade de
continuar dormindo. Fechei rapidamente ao ver as
cortinas abertas e o quarto totalmente iluminado pelo sol.
Robert riu, despejando beijos em meu rosto, distribuindoos
em vários pontos, inclusive meus lábios. Eram beijos
leves que faziam cócegas devido ao contato com a sua
barba por fazer. Ri, me deixando despertar
completamente.
Voltei a abrir os olhos, decidida a encarar a minha
realidade. Contemplei o seu rosto logo acima do meu. Ele
era lindo! Perfeito!
Uma vez minha mãe me disse que satanás
era o anjo mais bonito do céu e o mais querido por Deus,
mas sua beleza o fez acreditar que ele podia mais então,
depois de uma guerra, foi atirado ao inferno e jurou
vingança. Para isso escolheu corromper a humanidade.
Como? Alguns dizem que através do dinheiro, outros
através das palavras, mas muitos juram que foi através da
beleza. Robert tinha os três: dinheiro, persuasão e beleza.
E roubava de mim todas as virtudes. Eu cobiçava, traía,
roubava, tudo em nome do amor que sentia por ele.
Toquei seu rosto com meus dedos e deixei que
traçassem caminhos leves enquanto, sentia sua pele.
- Tenho que ir – ele me sondou com seus olhos
cinza capazes de arrancar o que quisessem de mim. Eu
não precisei dizer nada, meu semblante foi o suficiente
para demonstrar meu desgosto. – Já está bem tarde e eu
preciso de roupas para trabalhar – desviei meus olhos e
busquei pelo meu relógio. Droga! Estava tarde mesmo.
Robert riu da minha reação. – Viu? Tenho mesmo que ir –
levantou da cama levando o seu calor. Sentei abraçando
as pernas, enquanto o observava se aprontar. – O que foi?
– ele me observava com atenção ao colocar a camisa.
- Tenho um chefe psicótico por horário. Eu queria
muito poder ficar mais um pouco na cama e transar com
meu namorado, porém meu patrão é um porre e vive me
dizendo “Está atrasada, Srta. Simon” - desdenhei desta
última frase fazendo uma imitação ridícula de suas
repreensões. Robert suspirou e se inclinou me dando um
beijo estalado nos lábios.
- Seu namorado adoraria ficar um pouco mais com
você para transar – deu um sorriso insinuando o quanto
era verdade. Meu corpo inteiro reagiu ao seu sorriso,
fazendo com que parte de mim se contraísse de desejo. –
Infelizmente ele tem uma secretária bastante desastrada e
que está sempre se atrasando, então precisa correr para
manter tudo em ordem – estreitei os olhos.
- Desastrada? – repeti ameaçadoramente.
- Você não consegue me amedrontar, Melissa – riu.
– E nem adianta procurar pelo chicote, porque
providenciei um enterro decente para ele.
Ele se referia ao acessório que utilizei em nossa
viagem a Dubai para obrigá-lo a atender as minhas
vontades. No momento o chicote foi mais do que útil, mas
Robert rapidamente deu um jeito de me fazer esquecê-lo,
por um tempo. Pelo visto ele não tinha curtido muito ser o
submisso da história. O que eu não sabia era que o objeto
em questão não estava mais escondido entre as minhas
caixas de sapato. Como ele o encontrou?
- Você o que? – fiquei confusa. – Quando... –
Robert olhou para mim com a sobrancelha arqueada de
uma forma sugestiva. – Ah! Deixa pra lá! – levantei da
cama em direção ao banheiro. Ele me interceptou no
caminho
- Esperarei por você – beijou-me rapidamente. –
Não se atrase – acrescentou rindo.
- Vá embora, Robert! – fingi irritação me
desprendendo de seus braços para tentar alcançar o
banheiro.
- Eu vou, mas volto – alertou-me com um tapa na
bunda.
Não foi um tapa forte, mas me pegou desprevenida
e me assustou um pouco, no entanto... Eu gostei. Gostei até
demais e rapidamente minha mente fértil reproduziu
milhares de situações envolvendo tapas. Imediatamente
algo em meu interior deu sinal de que estava totalmente
desperto. Olhei para Robert disposta a obrigá-lo a se
atrasar. Ele entendeu a minha necessidade e não estava
disposto a atendê-la.
- Não se empolgue, Srta. Simon. Sou seu chefe e
posso puni-la pelos atrasos.
- Eu adoraria ser punida, Sr. Carter – enlacei meus
braços em seu pescoço procurando seus lábios.
- Mais tarde, Melissa – se desprendeu, afastandome
decidido a não se deixar persuadir.
- Merda! Maníaco, obcecado pelo horário – cruzei
os braços no peito e bati o pé, como uma menina mimada.
– Sabe o que uma mulher com a cabeça tão cheia de
ideias, como eu, pode fazer ao ser rejeitada pelo
namorado?
- Não. Só sei o que um namorado obcecado pelo
tempo pode fazer com uma namorada boca suja. Já pro
banho, Melissa!
Girei nos meus calcanhares, totalmente intimidada
por sua ameaça e entrei no banheiro. Robert era um idiota
manipulador que ameaçava namoradas indefesas.
Imediatamente comecei a rir dos meus pensamentos.
Quando saí ele não estava mais lá. Procurei algo
para vestir. Meu humor estava ótimo e minha vida
iluminada. Escolhi um vestido vermelho com detalhes em
preto. Era um pouco revelador, nada que chamasse muita
atenção.
Tomei meu café, sozinha e sozinha revivi os
momentos do dia anterior. Foi consideravelmente triste e
atordoante. Sabia que não deveria questioná-lo naquele
momento, mas existia muito mais naquela história e eu
precisava saber até onde iam seus problemas com Tanya.
Olhei mais uma vez em meu relógio e... Puta merda! Eu
estava atrasada. Ele não deixaria passar.
Corri para o trabalho, preocupada em não causar
um acidente no percurso. Afinal de contas, Robert tinha
razão, eu era mesmo desastrada, algo que nunca admitiria
em voz alta. Ao chegar imediatamente me lembrei o
motivo que me fazia de odiar chegar atrasada: a falta de
lugar para estacionar. Era uma droga não conseguir
colocar o carro próximo da entrada da empresa.
Significava correr na chuva, e eu não tinha coordenação
motora suficiente para fazê-lo sem beijar o chão. Por isso
eu só podia andar e deixar a água estragar meu cabelo e
minha maquiagem.
Entrei já contando com a provocação de Robert.
Foi exatamente como eu pensei. Meu chefe já estava lá.
Ele me olhou, deu um sorriso torto, obscenamente sedutor,
balançando a cabeça. Deixei a bolsa em uma das gavetas,
peguei meu celular e entrei em sua sala.
- Bom dia, Sr. Carter – foi impossível conter minha
euforia. Quanta diferença desde a última vez em que
estivemos juntos naquele ambiente.
Havíamos feito amor naquela sala, em um momento
de descontrole e desespero. Ele revelou o seu amor por
mim e eu tinha recusado permanecer ao seu lado. Tudo
parecia tão distante da nossa atual realidade.
- Srta. Simon... – Robert me trouxe de volta para o
momento deixando de lado os papéis que analisava. – A
senhorita está atrasada.
- Eu sei. Desculpe-me – ele abriu a boca para falar,
mas eu o interrompi. – Não. Não me desculpe. Eu sei que
o senhor não gosta que eu me desculpe e apesar de não
entender o motivo, estou retirando minhas desculpas –
fingi procurar pela agenda em meu celular. – Acontece
que eu tenho um namorado mais do que gostoso e esta
manhã ele me deixou fervendo. Como ele é um homem
muito ocupado e não pôde me satisfazer, precisei de mais
alguns minutos no banheiro.
Olhei-o inocentemente, com se não tivesse dito
nada demais, e constatei que Robert estava com os olhos
fixos em mim. Com a boca ligeiramente aberta. Mordi
meu lábio inferior segurando o riso que insistia em sair.
- Podemos começar, Sr. Carter?
- Você se masturbou? – continuou me olhando com
os olhos arregalados e surpresos. Eu precisava continuar
com a farsa. Era demasiadamente prazeroso ver Robert
daquela forma, como estávamos na empresa, ele nada
poderia fazer.
- Sim – mantive o tom casual em minha voz. – Duas
vezes – desviei o olhar encarando o celular, meu sorriso
vitorioso era revelador.