Izabela 23/01/2018Trata-se da chegada de Woland, um estrangeiro, à Moscou comunista em 1929. Até aí, tudo bem. No entanto, Woland é ninguém menos que o próprio diabo. E ele aparece acompanhado de seu séquito de demônios: Behemoth, um gato preto grande com trejeitos humanos; Korôviev, um negociador que usa roupas apertadas; Azazello, um ruivo com um canino à mostra e um olho vazado; e Hella, uma feiticeira totalmente nua.
Woland aparece pela primeira vez no Patriarchy Prúdy (Largo do Patriarca), onde conversavam Berlioz, o presidente da Massolit (abreviação para sociedade moscovita de literatura, que também pode ser entendida como a literatura de massa), e um poeta que responde pelo nome de Bezdomni (que significa “sem teto”). Ambos começam uma conversa sobre um poema que tratava da existência de Jesus. Nesse momento, Woland entra na conversa e diz não só que Jesus existiu, mas que ele viu tudo. Eventualmente, Woland conta como Berlioz vai morrer e que Bezdomni vai parar num hospício, o que de fato ocorre momentos depois.
Vários outros acontecimentos subsequentes transformam Moscou num verdadeiro inferno. O Diabo e sua trupe deixam um rastro de loucura e destruição pela cidade e proximidades.
O livro é uma clara crítica ao governo soviético. Artistas, civis, políticos, nada nem ninguém escapa dos questionamentos. O Diabo não é um ser que deseja e causa mal apenas pela maldade: trata-se de um moralista. Woland condena a hipocrisia, a ganância, o falso-moralismo. Em determinada cena, o estrangeiro vai fazer uma apresentação de magia negra no Teatro de Variedades, onde questiona se “mudaram os moscovitas por dentro” e critica a ganância dos cidadãos. Ele distribui dinheiro, roupas, acessórios perfumes. Após o término da apresentação, as notas de dinheiro viram meros pedaços de papel sem valor, e os artigos de luxo simplesmente desaparecem.
Além disso, o livro tem outros dois núcleos de narrativa: um com a história de Jesus (conhecido como Yeshua Ha-Nozri) e Pôncio Pilatos, a história que Woland inicia a Berlioz e Bezdomni no início do livro e que continua a ser contada até o final. O outro núcleo é a história do Mestre (figura que conhecemos no hospício por ele decidir conversar com Bezdomni e que escreveu um livro contando a história do Ha-Nozri) e Margarida (sua amante. A importância dessa figura deve-se ao seu papel no pacto fáustico que ocorre nesse livro).
Bulgakov começou a escrever o romance em 1928. O primeiro manuscrito foi destruído em março de 1930 pelo autor, que o queimou após descobrir que outro livro seu havia sido banido. Esse episódio originou uma das frases clássicas presente no livro: “Manuscritos não queimam”. Em 1931 ele recomeçou a escrever. Uma versão censurada foi publicada na revista Moscou e a versão integral foi distribuída em cópias clandestinas, dado o peso das críticas que o livro carrega.
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