Sabrina
12/12/2020Sinto que meus sentimentos sobre esse livro estão em conflito.
Quando pensei que tudo se desenrolava, voltamos para o início. Acho que meio que me senti reiniciada também. Faz uns dois dias que terminei e desde então venho pensando em como colocar as minhas conclusões um pouco confusas em uma resenha.
Neste último livro da trilogia, Kyla parte em uma jornada em busca de seu próprio passado e de suas memórias. Abandonamos o território já conhecido e passamos a conhecer uma nova perspectiva do universo, com novos personagens e novos dramas. Os acontecimentos dos dois primeiros livros, para os quais eu esperava um “fechamento” mais concluso, foram deixados um pouco de lado aqui. Para mim, foi como se tivesse iniciado uma nova trilogia sem exatamente terminar a anterior. Foi um pouco confuso, e tive a impressão de a autora começou tudo de novo por outro caminho. Achei arriscado incluir certos elementos nessa altura da história… Ficou tudo meio atrapalhado e acho que nessa confusão muita coisa se perdeu pelo caminho. Ainda que, no final, algumas coisas tenham sido explicadas e algumas também passaram a fazer sentido.
“— É o seguinte: como é que podemos ser qualquer coisa juntos quando não sabemos quem somos? [...] — Não. Kyla, tudo o que somos é o que nós somos aqui e agora.”
Não acho que Kyla tenha sido uma protagonista memorável. É intrigante, sim, desperta aquela curiosidade para descobrir como e quando as coisas aconteceram com ela, passeamos pelos seus fragmentos de memória, mas passamos três livros inteiros fazendo isso e é como se ainda não tivesse chegado ao fim. Acho que falta um pouco de força mas compreendo o contexto no qual ela estava inserida e o quanto a confusão dela pode ter sido refletida na história. Não é fácil descobrir quem você é quando você não faz a menor ideia de como fazer isso e existem muitas influências opostas sobre você.
Além de Aiden e da Mamãe, a primeira, não existe nenhum personagem em particular que tenha realmente chamado a minha atenção. Nenhum é intrigante o suficiente para isso, e o máximo que ocorreu comigo foi desenvolver um carinho especial por um aqui e por outro ali. Mas é estranho chegar nessa conclusão e ainda assim não poder dizer que não gostou da série, porque gostou.
Não é uma história ruim, é apenas um desfecho incompleto, na minha opinião. Talvez a autora tenha criado um universo complexo demais e tardou a desenvolvê-lo, não sei dizer. Senti falta das “intrigas” políticas que geralmente encontramos em distopias e fiquei com inúmeras perguntas sem respostas, além de me sentir um pouco frustrada quanto à parte científica, pois esperava ter tido uma imersão um pouco maior.
Um ponto positivo sobre Reiniciados, é que é bastante único, ao menos considerando tudo o que já li até então; Nunca li nada parecido com isso. Pontos e detalhes aqui e ali, sim, elementos da história que fazem com que ela se encaixe em determinada categoria, e só. Acho que o cenário criado é instigante e faz você querer descobrir mais e ler mais e saber mais. Foi uma ótima ideia, que foi bem desenvolvida mas que tinha potencial para ser ainda muito melhor.