Resenhas - Quem tem Medo de Virginia Woolf?

jota 25/07/2023

ÓTIMO: texto de Edward Albee é tão bom que consegue colocar o leitor literalmente em cena
Lido entre 14 e 23 de julho de 2023.

O titulo da peça tem a ver com a cantiga infantil “Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...” Como sabemos, lobo em inglês é wolf, daí a menção ao Woolf da escritora inglesa; todos os personagens têm nível intelectual acima da média, digamos, então se permitem a brincadeira. Durante o desenrolar dos três atos várias vezes eles cantam a cantiga trocando wolf para Virginia Woolf para reagir a algo numa determinada situação. Funciona como um comentário, para simplificar a coisa.

Claro que seria melhor ver a peça teatral (1962) ou o filme homônimo nela baseado (que é de 1966). Mesmo assim, apenas a leitura do texto de Edward Albee (1928-2016) é capaz de deixar o leitor eletrizado, tamanha a carga dramática que o autor colocou em cena. São quatro personagens apenas, dois casais - George e Marta, ambos de meia-idade e seus visitantes, bem mais jovens, Nick e Honey (Benzinho) - reunidos na casa dos primeiros numa madrugada de muita bebedeira e destilação de amor e ódio.

Todos eles têm formação universitária – o pai de Marta é reitor da universidade onde George chefia o departamento de História; Nick acaba de ser contratado para o departamento de Biologia da mesma - e padrão econômico elevado. A conversa pode descambar de uma assunto altamente intelectual para as prostitutas do Rio de Janeiro, conforme George. Nada os impede de proferir inúmeras baixarias e até mesmo partir para a violência física quando as palavras já não são suficientes para ferir o outro.

George e Marta ao mesmo tempo se amam e se odeiam, não podem viver um sem o outro: eles se completam. Nick e Honey acabam envolvidos na relação explosiva dos dois, o texto teatral pega fogo e quem pode ver a peça ou o filme certamente teve uma experiência de espectador como poucos. Quem não, pode ler o livro e quase terá a mesma coisa. Penso que sim.

Nernwie 10/01/2023

Quem tem medo?
Eu comecei esse livro sem ter a menor ideia do que se tratava (tô em uma fase na qual não leio sinopse de nenhum livro hahaha), então imagina meu susto em ver uma peça teatral. Mais especificamente ESSA peça.
Fiquei sem entender nada do início ao fim, mas ao mesmo tempo terminei q leitura sentindo que entendi?
De qualquer forma, não curti tanto essa obra. Eu fui com uma ideia totalmente diferente e isso realmente pesou para mim.
Mas recomendo a leitura, assim como (quase) sempre faço, vai que funciona melhor para você :)

Biblioteca Álvaro Guerra 18/05/2023

Neste texto dilacerante, George e Martha expõem a seus convidados tensões psicológicas que forjaram sua união e vida concretas, num percurso demoníaco de desagravos, covardias e perversidades no qual a realidade e verdade revelam-se, por fim, feitas de um material diverso do consagrado pela moral e pela tradição.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788561578794

Elizabeth A.R. 28/03/2011

Quem tem medo da verdade?
O que seria melhor, viver numa ilusão divertida e, de certa forma, confortável, ou viver as alegrias e tormentos da verdade de nossas vidas?

Poder-se-ia dizer que esse é o dilema do casal central desta peça escrita pelo Edwards Albee: George e Marta. Até que ponto você suporta a verdade e até que ponto você precisa da ilusão passageira de uma mentira.

A história conta uma noite, ou melhor, uma madrugada na vida do casal, nada enfadonho, George e Marta, em que recebem um outro casal, a pedido do pai de Marta: Benzinho e Nick. O que poderia ser uma noite de conversas banais e trivial, torna-se numa noite onde todos ficam jogando com as palavras e cabe a quem está lendo ou assintindo a peça ( ou filme) saber ou entender o que é verdade ou brincadeiras.

nico 16/05/2023

Visceral
Nem sei explicar como me senti lendo essa peça, muitas coisas aocntecendo e ainda estou absorvendo tudo.

recomendo muito, achei muito dinamico de ler e fácil pra se apegar aos personagens. gostei.

PERFIL DESATIVADO - NÃO SIGA 20/08/2016

Que peça maravilhosa!
Os diálogos são muito inteligentes, sem parecerem forçados. Tem até um toque de humor bem seco neles. Os personagens também são muito bem construídos, até o outro casal tem seu histórico problemático e quando encontram outro casal com ainda mais problemas, é difícil de acompanhar, mas ao mesmo tempo não dá pra largar. Só queria que ela fosse um pouquinho mais longa, porque acho que os problemas da Marta e do George ainda não foram totalmente expostos, talvez tenha sido até intenção do autor, mas senti falta disso.

Rafael.Montoito 15/05/2023

Quem tem medo de conhecer o pior que há em si?
Esta peça de Edward Albee tem um texto forte e agressivo da primeira à última cena, capaz de incomodar o leitor: prova disso é que, em 1963, a peça ganhou o Pulitzer de Melhor Drama, mas a própria organização do prêmio cassou a honraria, por achar que não ficaria bem premiar um texto tão controverso.
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Na história, um casal por volta dos 50 anos, Martha e George, recebem, em sua casa, outro jovem casal, de vinte e poucos anos, Nick e Honey. O encontro se dá depois das 2 da madrugada, quando ambos já vêm de uma festa do tipo reunião social, que ocorreu no campus da universidade em que os homens trabalham - ou seja, ambos os casais já começam a peça um pouco alterados, seja pelo que beberam na confraternização, seja porque a noite "arranca" os fantasmas de cada um mais facilmente do que aconteceria à luz do dia.
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Martha e George estão casados há 23 anos; ambos têm personalidade fortes e, apesar de se amarem, também vivem envoltos a muitas mágoas, ofensas e rancores. Seus jogos verbais contaminam o jovem casal, que ainda viviam uma postura de paz e de esconder os problemas embaixo do tapete de uma relação que, apesar de algum amor, mantém-se alicerçada na moral de terem se conhecido e namorado desde crianças. Com o passar da noite e com várias doses alcoólicas, as personagens deixam claro que o amar não é o suficiente para se ter uma relação sem traumas e violências.
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O título, considerando que as personagens vivem no mundo acadêmico, se apropria do nome da escritora Virginia Woolf para fazer um trocadilho com o refrão da cançoneta "Who's affraid of bad wolf?" - só que, na peça, o lobo mau são os sentimentos de rancor e de agressividade que Martha, George, Nick e Honey deixam emergir.