netunnia 11/04/2024
Aniquilação (quase) não é uma ficção científica - e isso é bom!
Eu gosto muito da adaptação do alex garland desta obra e comecei a ler sem saber exatamente o quê esperar, se o livro seria uma base fiel ao filme ou se seria algo diferente, ou mesmo uma coisa completamente nova. no fim, eu diria que é a última opção e, apesar de eu gostar muito do filme, achei isso excelente.
apesar do livro ser vendido como uma ficção científica, esse não seria o primeiro gênero que eu denotaria a ele, o que talvez possa causar certa quebra de expectativa ao leitor que vai pelo gênero. aniquilação é um livro de horror cósmico à lá "montanhas da loucura" (lovecraft) e "uzumaki" (junji ito) e, se você não gosta desse tipo de leitura, nem adianta tentar! essas foram as maiores críticas que vi a esta obra ("ela é confusa", "usa do artifício do inexplicável", "deixa muita coisa aberta"), sim! essas são características do gênero! lamento que o marketing induza uma ideia diferente, mas dentro do gênero horror cósmico - o mais adequado a ele -, é uma obra prima.
eu sou muito, muito fã desse tipo de horror, muito fã mesmo, e aniquilação não me desapontou nenhum pouco, muito pelo contrário, me surpreendeu muito positivamente no uso de certos elementos narrativos para construir a atmosfera do horror. há uma cena específica que é particularmente sublime nisso.
não sei se é um livro que precisava de uma continuação e tendo a acreditar que não. nem todas as obras precisam ser esmiuçadas e mastigadas, e acho que essa necessidade de ter tudo megaexplicado é uma maneira preguiçosa de abordar obras que precisam de imaginação para funcionar (e funcionam muito bem se você lhes der oportunidade).
poderia dissertar a respeito de muitas passagens específicas, mas decidi fazer uma resenha sem spoilers pra contemplar aqueles que estão pensando em ler, então acabo apenas por dizer que é um livro sublime, horrível e fascinante, uma obra impreterível para aqueles que, como eu, amam aquele arrepio na espinha e fecham a janela pra ir dormir sem deixar as estrelas espiarem.