Robson 30/08/2014Longe de ser perfeito, mas cativante!Sally Green entra para o mercado editorial mundial com um enredo encantador e muito bem narrado. Half Bad, seu livro de estreia, promete nos agraciar com uma sociedade distópica onde as bruxas são divididas em boas e más (Luz e Sombras). Essa premissa é, de fato, encantadora e bem pensada, mas no decorrer de sua trama, Sally acaba se perdendo em alguns pontos.
Apesar de clichê, a trama de Green me chamou a atenção desde o anuncio do livro. Eu tenho essa coisa de gostar de clichês, quando bem trabalhados. O que acontece é o seguinte: Eu gostei e não gostei de Half Bad ao mesmo tempo.
A narrativa de Sally foi o que mais me agradou neste primeiro livro. A autora consegue ter uma narrativa bem elaborada, explorando muito bem a parte psicológica de seu personagem. Além disso, Sally inova ao se utilizar da narrativa em segunda pessoa (em algumas partes). Para quem não sabe, quando um autor narra seu texto em segunda pessoa, ele se refere ao personagem com o sujeito você, não com o eu ou ele. Confesso que no inicio eu fiquei um pouco receoso, nunca tinha lido nada narrado desse jeito, mas logo me acostumei e achei a ideia maravilhosa, de encher os olhos.
O texto de Sally Green flui rapidamente, as páginas passam sem que o leitor perceba. Isso é mais um grande ponto positivo para autora, a maioria dos livros sobre bruxas não apresenta essa fluidez, essa satisfação em ler.
As coisas começam a me incomodar quando a autora perde aquele ritmo frenético e dá aquela freada na história, tornando as coisas um pouco vagarosas. Ela inicia Half Bad com capítulos curtos e objetivos, ideais para o desenvolvimento de seu enredo, mas, de repente, a mulher enlouquece e decide que vai procrastinar a fase de entendimento do personagem. Isso não seria ruim, no caso de não estarmos entendendo também, mas acontece que ela deixa bem claro tudo que está acontecendo na vida do personagem e o motivo, mas ao mesmo tempo, insiste em cegar o dito cujo para essas coisas.
Um dos grandes problemas dos YA sobrenaturais que lidam com as bruxas é que, muitas vezes, os autores se focam demais no drama pessoal do personagem principal (no caso de Half Bad, Nathan) e acabam se esquecendo de lidar com a magia. A magia, espera-se, deve ser algo constante na narrativa de um livro sobre bruxas. Infelizmente são poucas coisas abordadas em Half Bad, alguns rituais e alguns feitiços não muito animadores.
Eu achei muito interessante a autora criar toda essa trama de sombra e luz, com um garoto composto dos dois lados, em uma sociedade distópica. Essa sociedade, para a minha tristeza, fica bem no plano de fundo do livro. Algumas coisas se mostram logo no começo, mas nisso a autora deixa algumas pontas soltas sobre como funciona a sociedade, como as bruxas chegaram aquele esquema e principalmente, onde ficam os humanos (denominados Felix) em toda aquela ditadura criada pelos bruxos da luz.
Apenas para concluir bem o meu raciocínio. Eu creio que o livro seja tão mal falado lá fora por conta destas falhas citadas acima e também porque a autora termina o livro com muitas pontas soltas, que poderiam ter sido solucionadas logo de cara. Mas, em suma, Half Bad é uma leitura extremamente agradável e rápida, que vale a pena.
Eu não me senti muito incomodado com as coisas ruins citadas nesta resenha, e digo que vocês devem ler o livro e tirar suas próprias conclusões. Digo isso principalmente sobre os personagens, amei cada um deles, mas a complexidade deles me diz que serão diferentes para cada leitor.
Agora não se acanhem, não achei que o livro é uma merda, porque ele não é. Ele só não é um livro perfeito, como dá a entender que é. Mas ele pode se tornar muito interessante no decorrer das páginas.
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