Fer - Mato Por Livros 09/09/2014Aprendendo com a vida.Geralmente ao lermos uma história somos transportados a outro mundo, certo?
Geralmente usamos a expressão viajar.
- Ah eu viajei para determinado lugar, com determinada historia.
Conhecemos vários mundos, a maioria das vezes mundos fictícios, imaginários em nossa mente...
Vamos a vários lugares sem nem ao menos sair do lugar e na maior parte do tempo, adoramos isso, porque são essas histórias que nos fazem sair de nossa realidade. E apesar de ser bom viver, também é muito bom esquecer por algum tempo tudo o que acontece no nosso dia a dia, e ser transportados a algo diferente, a algo novo, e a algo muitas vezes belo e mágico a nossos olhos.
Mas ai vem o contrario de tudo isso:
Aquela historia que faz você ver toda a verdade da vida. Toda a verdade do que realmente é viver.
Você esquece por um momento de que adora viajar para outros mundos, e se apega á aquele fio de realidade.
Aquele fio do qual muitas vezes quer fugir, mas que quando você se depara com histórias assim, você para e pensa que não tem motivos para fugir, que tudo o que você quer é viver essa sua realidade, seja sua vida com mais ou menos problemas do que aquele que está ao seu lado.
E você se lembra que mesmo com as partes tristes, VIVER é a melhor parte da história da vida, principalmente quando você sabe que aquela história que você leu realmente poderia ser a historia de muitas pessoas, e ai vem aquela famosa frase clichê, mas que expressa muito bem, muitas vezes como nos sentimos:
- Ainda existem pessoas em situação muito mais triste que a minha. Então eu tenho que agradecer e lutar pela felicidade.
Enquanto lia Fugitivos, foi assim que me sentia. O tempo todo nessa triste/feliz angustia, de saber que posso ler histórias e sair de minha realidade a qualquer momento. Mas que na maior parte do tempo, é melhor eu me manter presa ao meu fio da realidade e saber que minha vida é um presente, e que sim, tem pessoas com problemas que nem posso imaginar fora do mundo que criei para mim.
Fugitivos me deixou encantada com sua história. Conhecer seus personagens foi como conhecer um pouco mais sobre as crianças que vejo todo dia, sei sobre suas histórias, mas preciso manter um determinado espaço entre o que sei e o que posso fazer quanto a isso.
Fugitivos me apresentou a personagens reais, historias de vida reais, que infelizmente poderia ser com qualquer um. Mas que felizmente também, já que mesmo com todas as dores, e todos os problemas, seus personagens conseguem viver o amor, e da forma mais plena, pois o amor que falo aqui, não é só aquele homem/mulher, e sim o amor pelo ser humano, seja ele seu filho, seu irmão, seu namorado, ou seu amigo, o amor da forma como deveria existir em todos os nossos corações: o amor ao próximo.
Nessa história conhecemos Caio, Gabriel, Bianca, Jonas e Fernanda. E muitos outros personagens importantes e determinantes na trajetória desses cinco.
Vidas que se cruzam pelo amor e pela dor. Cada um com seus problemas, cada um com seu trauma a ser enfrentado e superado. E cada um deles encontrou no outro, o seu porto seguro, a sua vontade de lutar, de viver, de seguir em frente e de encontrar a felicidade.
"Não estou com você para sentir menos dor... eu sinto menos dor , porque eu estou com você. É diferente".
Todos eles com motivos para desistir, se entregar a forma mais fácil (seja ela qual for) de se render a sua dor, a seus problemas, e deixar as coisas acontecerem. Mas não, não eles, essas crianças e jovens nos dão verdadeira lição de vida, verdadeira lição de moral, caráter, superação, amizade e acima de tudo o amor, aquele tipo de amor, já citado anteriormente, o amor desmedido, o amor que não vê sexo, credo, cor ou qualquer outra coisa, o amor que só vê e faz o bem.
Confesso que fui surpreendida por essa história. Esse livro é aquele tipo que a cada capitulo temos uma nova surpresa, algumas boas, outras nem tão boas assim, outras de nos tirar o fôlego, nos fazer rir e chorar.
Você chora, sofre, sente as dores, sente as cicatrizes se curando e sente outras se formando.
Sente a prisão, sente a liberdade, sente o medo e sente a saudade.
Quando eu começava a respirar um pouco, aliviada com alguns acontecimentos, eis que era surpreendida por novos e novamente me via sem ar, na espera de que o pior pudesse acontecer. E torcendo, chorando, rezando para que esses cinco pudessem encontrar a paz, a felicidade e a tranquilidade tão merecida.
Você pensa: - ninguém tão novo deveria sofrer tanto assim.
Mas é assim que acontece em muitos locais, com muitas pessoas. Infelizmente essa é a vida.
Mas como todo o lado ruim, também sempre tem o lado bom. E você pensa que a felicidade, pode aparecer apesar ainda de toda a dor.
Mas o quanto ela pode durar? Quanto de sofrimento, dor e perda um ser humano pode aguentar? O quanto devemos perder para saber o valor da verdadeira felicidade? E como, onde ou com quem, encontrar essa felicidade.
"...mesmo assim...ás vezes a gente não dá a atenção que devia ás pessoas que ama...deixa o tempo passar, achando que elas vão viver para sempre...e aí...acontece alguma coisa e você as perde..."
Não encontro palavras para descrever a beleza dessa história! Uma linda história que com certeza poderia ser real (felizmente ou infelizmente) em todos os seus momentos.
Recebi esse livro do próprio escritor e, diga-se de passagem, foi um maravilhoso presente. Uma obra linda, que deveria ser lida por todos.
A publicação ainda é independente, mas em breve teremos algumas surpresas boas quanto a isso.
A diagramação é simples, mas isso não torna a historia menos interessante.
O único ponto negativo do livro são alguns excessos de detalhes que tornam a história um pouco mais cansativa. Mas o autor é tão receptivo que em nossas conversas ele mesmo disse estar revisando algumas partes para poder melhorar. E que já estava realizando alguns cortes.
Achei isso muito digno da parte dele, afinal é ótimo saber que um escritor está pronto para nos ouvir e reconhecer um pouco nossa opinião como leitores, e isso só me fez ser ainda mais fã dele e de seu trabalho.
Então eu super indico essa leitura, e espero do fundo do meu coração que as pessoas possam gostar como eu gostei, e se sentirem tocadas da forma como eu fui.
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