Mr.Sandman 18/04/2024
"Nós somos os mortos-vivos"
Talvez o começo mais bad-ass que eu já vi em qualquer edição de um quadrinho. A primeira aparição de Michone é digna de aplausos. E aí você lembra como terminou o volume passado. E não consegue se conter... isso aqui vai ser só o suco do absurdo.
Toda a tensão construída no volume anterior aqui só ganha mais substância. Existem eventos específicos que mudam tudo. E são vários. Não vou citá-los aqui mas quem leu sabe a que estou me referindo. A luta entre Rick e Tyreese é brutal e uma resolução inevitável de tudo que aconteceu nesses volumes. É carregada de emoção e de arrependimento desde o início, mas também de uma violência que parece cercar qualquer solução. A violência para remediar contradições, para defender uma humanidade que parece ser devorada por essa mesma violência que atravessa toda a história. O embate oral é muito bem escrito e a briga é muito bem desenhada. É uma cena perfeita e de um impacto absurdo para a trama. O final, com a frase de Rick: "Nós somos os mortos-vivos", mostra o peso daquele mundo. Revela uma realização geral de que não dá pra zelar por uma humanidade perdida. A sobrevivência não permite que isso seja um de seus luxos. Não existem luxos. Existe morte. E o que vive na morte deve viver em movimento, em um violento e incessante movimento... luta e fuga, matar ou morrer!
Mais um volume bastante especial, que continua o arco da prisão (arco mais longo até agora) e trás momentos icônicos. O desenvolvimento das personagens não para, é sempre constante e satisfatório, e me sinto cada vez mais imerso nesse mundo de brutalidade. Gostar desses personagens é tão difícil...infelizmente (ou felizmente), Kirkman e Adlard fazem com que seja inevitável.