Mr.Sandman 18/04/2024
Acordando no fim do mundo
A popularidade de TWD é incontestável. Sempre escutei falarem muito bem do quadrinho e também sempre escutei sobre a série de TV, que adaptou o quadrinho e parece estar sempre se expandindo de alguma forma. Nunca assisti ao seriado justamente por sempre ter tido a vontade de ler a obra original. Estava demorando, mas finalmente estou aqui.
Pra início de conversa, comecei a sanguinolenta jornada de Rick Grimes com bastante expectativa. Não sou muito de me inflamar por causa do que escuto na Internet, mas quando um dos meus amigos que mais entende de quadrinhos (e até faz seus próprios gibis) me falou sobre o quanto essa obra era influente na vida dele e no amor que ele sentia pelos quadrinhos, eu acabei me empolgando. E não me arrependi. Sentei na minha cama tarde da noite para começar a leitura e só consegui dormir depois de ter lido a última página e apreciado as capas de Tony Moore ao final da edição. Que ritmo impressionante, que escrita preciosa, que conceito e que execução!
The Walking Dead não só estabelece um senso de rotina em sua capitulação e formato, como também cria um senso de familiaridade com as personagens e o opressivo mundo que habitam. O medo que sentimos não é centrado nos zumbis, e sim na possibilidade deles matarem as personagens que aprendemos a amar. Os diálogos são precisos, mas recheados de vida, as personagens são distintas, mas se integram pela necessidade da sobrivência e tudo que fundamenta suas humanidades parece real e palpável. É um mundo vivo. Vivo e morto ao mesmo tempo. Mas no que consta a nossa relação empática, é vivo até demais.
O ritmo impressionante carrega um senso de urgência em seus layouts expressivos. Tony Moore faz um excelente trabalho de ambientação e construção narrativa. O preto e branco funciona perfeitamente dentro da premissa. Os dilemas morais são cinzentos, ambíguos, difíceis de encontrar resoluções óbvias. Os humanos também estão sujeitos a morrerem pelos zumbis, ou morrerem e continuarem vivos, perdendo suas almas para o desafio de sobreviver e manter a ordem. Por isso, Rick Grimes é o perfeito protagonista. Um ex-policial que acorda no meio do caos, deve decidir sua orientação moral. Seu senso de liderança é claro, mas ninguém nunca o preparou para isso. Mas é vida ou morte. Aprende na marra. Mas a que custo?
Fiquei vidrado com o primeiro volume de The Walking Dead e posso atestar, apenas com esse primeiro volume, o quão bom Robert Kirkman é. Em menos de 150 páginas, ele me fez sentir conectado com todas essas pessoas e temer por sua segurança. Estou muito empolgado e tenho certeza de que vou sair devorando cada volume novo que adquirir.