fernandaugusta 25/05/2021Bela experiência literáriaEm "A vida secreta das abelhas" temos uma história narrada em primeira pessoa pela jovem Lily Owens, de 14 anos. Sue Monk Kidd ambienta a vida de Lily na Carolina do Sul (estado notavelmente racista), na época em que os negros estão começando a garantir seus direitos civis.
No começo, vemos que Lily mora sozinha com o pai em uma fazenda de pêssegos. Mas ela não consegue nem chamá-lo de pai, e sim de T. Ray, e os dois tem uma relação extremamente conturbada. Isto ocorre porque a mãe de Lily morreu no dia em que decidiu deixar T. Ray, atingida por um tiro acidental após a última briga dos dois, presenciada por Lily.
A única pessoa que cuida de Lily é Rosaleen, a empregada negra. Rosaleen precisa ir até a cidade se registrar para votar. Um punhado de brancos parte para cima de Rosaleen e ela acaba presa e agredida.
Lily, cansada de anos de negligência, com medo de T. Ray e mais medo ainda que matem Rosaleen, decide ajudá-la a fugir, fazendo da fuga de Rosaleen a sua também. A única coisa que Lily tem são as "relíquias" da mãe: um par de luvas, uma foto e uma curiosa imagem de uma santa negra.
Ansiosa por amor e por respostas, guiada pela Madona Negra, acaba chegando em Tiburon, onde conhece as irmãs May, June e August. August cria abelhas, e acolhe Lily e Rosaleen sem questionar.
Única branca em meio a tantas pessoas de cor, Lily vai se aventurar pela fé, amizade e pela vida das abelhas. E quem sabe descobrir quem foi sua mãe e curar seu coração de menina.
Do começo até a metade é bem arrastado. Mas quando as irmãs da casa rosa entram na história, tudo começa a melhorar. Lily tem uma personalidade dúbia e carente. Tem reflexões dela que tenha dó a chatice. Ainda bem que tem August para compensar tudo. Melhor personagem do livro, não tem como não se apaixonar por ela. A autora aborda um mix de assuntos difíceis com uma sensibilidade muito aguçada.
Um livro para refletir sobre a busca de amor e aceitação. Sobre o lugar de cada um e compaixão. Sobre pele e coração.