Cássio Costa 18/04/2021
Influenciando a política
Falar de política é falar de um assunto muito tênue, pois existem várias formas de governos e existem vários tipos de cidadãos com suas muitas personalidades, e suas muitas opiniões. Sendo assim, como o cristão deve lidar com a política ? Como devemos nos comportar diante desse tema ? Já na introdução, o autor nos mostra várias obras de cristãos a favor de que a igreja seja mais participativa com essas questões e outras obras de nossos irmãos em Cristo que dizem que não devemos nos preocupar com política e sim com as coisas de Deus, comprovando que o tema se torna muito conflituoso por suas muitas interpretações e consequentemente por demais debatido. Apesar de o livro ter sido escrito tendo em vista os cristãos e eleitores norte americanos e ser uma obra parcial, pois a obra completa, tem cerca de 600 páginas, ela é de muito proveito para a igreja. Temos em português a primeira parte da edição original que trata do fundamentos da política segundo a Bíblia. O livro no Brasil tem 4 capítulos e eu irei mostrar o que o autor, um famoso teólogo da atualidade pensa sobre o tema.
Capítulo 1.
No primeiro capítulo Grudem aborda o que ele chama de visões equivocadas sobre política, são cinco. Vou comentar um pouco sobre elas. A primeira visão fala sobre o governo ter o direito de impor a religião aos cidadãos. Grudem é contra a ideia e dá exemplos de países onde o governo impõe a religião, como a Arábia Saudita, e como sofrem as outras religiões nesses lugares, principalmente o Cristianismo com perseguições e martírios. Nestes países é proibido ao cidadão praticar outra religião que não seja a do Estado. Para argumentar sua contrariedade contra tal barbaridade, Grudem usa algumas passagem bíblicas para exemplificar. Em Mateus 22 Jesus é questionado se deve ou não pagar tributo a César, mostrando que deve existir dois âmbitos distintos de influência, uma para o governo e outra para a igreja. Em Lc 9.52-54, quando Tiago e João quiseram descer o fogo do céu nos samaritanos, o intuito dos discípulos do fogo era fazer com que as pessoas passassem a crer em Jesus pela força. Jesus não usou tal método pois Ele não tentou obrigar as pessoas a crer nele. Há outros exemplos nessa primeira questão abordada, porém os mais marcantes são os dois supracitado e o exemplo dos Benefícios Fiscais, onde o autor argumenta que o governo não deve favorecer, ou desfavorecer nenhuma religião em particular com dinheiro, arrecadação indevida, isenção total de todos os impostos ou o aumento abusivo destes. A segunda visão equivocada para o autor é que o governo deve excluir a religião. Usando da constituição americana, e da Primeira Emenda, ele habilmente explica o porquê não devemos extirpar a religião das nações como muitos querem, pois desejam um país sem religião e sem Deus. O autor explica que se tal atrocidade acontecesse, seria autocrático, antibíblico, não democrático e prejudicial para todos os religiosos de todas as crenças, sem contar que fere o direito garantido de liberdade de expressão. A terceira visão equivocada para ele: Os governos são perversos e demoníacos. Partindo dessa premissa, alguns acabam interpretando erradamente os textos bíblicos e defendem um pacifismo institucional, eles afirmam que todos os governos são de Satanás baseado na passagem de Mateus 4. Wayne refuta a teoria comprovando com textos das escrituras que o governo foi estabelecido por Deus para manter a paz e usar a espada para refrear o mal e que não devemos confundir as palavras de Jesus que se referem a indivíduos, como por exemplo: dá a outra face, com passagens que falam de governos. Quarta visão equivocada: A igreja deve se dedicar ao evangelismo, e não à política. Nessa visão Wayne refuta outro grande teólogo da atualidade que é John MacArthur. O autor demonstra que ao longo da história, cristãos envolvidos com política foram fundamentais pra a mudança de nações e do mundo, como no caso da libertação dos escravos nos Estados Unidos e na Inglaterra, influência cristã nos direitos humanos, liberdade religiosa, declarações de independência pelo mundo, leis contra aborto, infanticídio, lutas brutais até a morte de gladiadores, reforma prisional, separando as mulheres dos homens, fim das práticas de sacrifício humanos entre os irlandeses, prussianos e lituanos, pedófila, pornografia e inúmeros outros.A quinta e última visão equivocada desse primeiro capítulo é o contrário da quarta visão: A igreja deve se preocupar com a política e não com o evangelismo. Devemos influenciar o mundo com boa política, mas não podemos fazer dela a salvação da humanidade. Sem o evangelho de Cristo não há perdão, sem perdão não há salvação e se o intuito da participação do cristão na política for somente pra melhorar a vida das pessoas dando mais dignidade porém sem apresentar Jesus, de nada adianta. O autor nos convida a ter os dois em conformidade, tanto o evangelismo quanto a atividade política.
Capítulo 2. Neste capítulo ele mostra a visão que ele considera correta sobre a atuação cristã na política que é: Uma influência cristã expressiva sobre o governo. O autor usa 12 exemplos para formar seu argumento, não tenho como discorrer de todos aqui como fiz no primeiro capítulo, porém citarei aqueles que considero os mais relevantes. São elas: Uma compreensão errada da Bíblia por parte de alguns não ortodoxos, principalmente dos liberais, que afeta o debate e aumenta a divisão na igreja, pois influencia negativamente o envolvimento na política. O exemplo na história bíblica daqueles que influenciaram expressivamente governos seculares também é citado, como Daniel, José, Neemias, Ester e outros. A Teonomia também é abordado, e concordo com o autor quando ele diz que a maioria dos cristãos são contra a teonomia nos dias de hoje. Um outro assunto mencionado é: O eleitorado cristão deve votar somente em candidato cristão ? O autor não é a favor dessa ideia, e por último ele responde se os pastores devem pregar política no púlpito. Como já falei, há outros exemplos, mas esses são os mais memoráveis.
Capítulo 3 Aqui ele vai definir o que é o governo e quais são suas obrigações. Usando de textos veterotestamentários e neotestamentários ele nos mostra que o governo civil é uma instituição divina para punir o mal e concretizar sua justiça diante dos malfeitores e fazer o bem aos cidadãos e que devemos obedecê-los e orar pelos mesmos. Nos mostra também em quais circunstâncias é legítimo não obedecer o governo sem desobedecer uma ordem de Deus. Neste capítulo ele também responde os questionamentos sobre a comparação da teocracia do antigo testamento e as formas de governos existentes hoje.
Faz um levantamento acerca da liberdade humana e suas vertentes relacionadas ao governo e como este nos priva de nossa liberdade com algumas de suas ações e políticas impostas aos cidadãos. Fala sobre a influência do governo na construção da moralidade e conduta dos seus cidadãos, como por exemplo, se o governo considerar o casamento homossexual legítimo, as crianças começarão a ser ensinadas na escola que esse tipo de conduta é normal, assim o governo influência grandemente as nossas vidas. Faz a distinção entre igreja e estado, estabelecendo os limites de atuação de cada e que um não deve exercer autoridade sobre o outro. Neste capítulo ele também comenta que o Estado de direito deve aplicar-se até mesmo aos governantes de uma nação, usando o exemplo do rei Davi que foi repreendido por Natã por sua conduta errada e usando exemplos contemporâneos para mostrar que ninguém está acima das leis. A democracia ou algo parecido é entendido lendo os texto bíblicos como sendo a melhor forma de governar junto com as separações de poderes. E por fim ele fala sobre o patriotismo verdadeiro e nos apresenta os benefícios do mesmo para a nação.
capítulo 4
Este é o capítulo mais curto, e nele vemos Grudem argumentando sobre termos uma cosmovisão cristã e como ela nos influencia a debatemos vários assuntos incluindo a política para não deixarmos o mundo secular ditar o que é certo e o que é errado segundo suas interpretações errôneas de um mundo sem Deus. Ele usa de doutrinas estabelecidas na bíblia para nos moldar a termos uma mente cristã mais saudável e podermos enfrentar o mundo político com mais força e inteligência no poder de Deus. Doutrinas como: A criação original era muito boa e o trabalho estava presente nela, então Deus não deseja que sejamos ociosos, porém produtivos; A questão do mal moral ( pecado) sobre a sociedade que é secular junto com os padrões morais de Deus que são estabelecidos a todos, sem exceção; A idéia da existência do mal violento e irracional em alguns seres humanos e que tem que ser contido por uma autoridade mais forte, como o governo. Logo depois, vem a conclusão do livro, onde ele vislumbra um avivamento em todos os setores da sociedade inclusive o político e finaliza exaltando a soberania de Deus sobre todas as nações.
Recomendo a leitura. Há muitos pontos que penso igual, alguns poucos penso diferente, não obstante, essa é uma obra de bastante influência e como diz J.I Packer “será um recurso valioso por muito anos”. Creio como Grudem quando ele diz que temos que ter voz ativa neste mundo caído, inclusive politicamente.