50livros 10/10/2018Livro bom para não lerAcho que esse foi o pior livro que eu li nesse ano de 2018 até agora. Sim, superou o da mulher que acaba tendo um caso amoroso com o amigo de infância do filho.
Vamos por partes para você, amado leitor, entenda o quanto esse livro me decepcionou. O enredo tinha tudo para dar certo: uma escola que treina crianças a serem heróis e vilões de seus futuros contos de fada. Achei que tudo se encaminharia para uma real escola, onde todos convivem bem e somente desempenham um papel. O mote era ótimo, só não era perfeito por ser mais um reconto. O problema foi: o enredo não se desenvolveu nada bem.
Pessoas realmente eram divididas entre boas e más, muitas vezes estereotipadas. Quando as duas protagonistas são designadas de maneira improvável, achei que isso seria mais explorado, onde nas escolas se falaria muito do quanto as aparências enganam. Só que foi o contrário: as escolas reforçavam os estereótipos. E esse foi o imenso problema que o livro, ao invés de refutar, reafirmou.
E que estereótipos são esses? Os belos são bons, o padrão é do bem, enquanto o diferente, o feio é do mau. Bem regado à questão estética mesmo, não é uma metáfora. Outro problema nojento: mulheres não podem ser amigas porque competem sempre pelo macho mais viril e, caso sejam amigas, é porque não são capazes de conquistar seu próprio homem.
Quer um exemplo bem machista disso tudo? Existe um baile que é falado desde o início da saga das personagens em que os meninos convidam as meninas, sendo somente para a galera do bem. Já está errado que só pessoas do lado bom podem se divertir, mas o pior é o seguinte: as meninas, caso não tenham par, serão reprovadas. Os meninos, se não convidarem ninguém, recebem metade da nota, mas não são reprovados, pois explicitamente é responsabilidade da mulher seduzir seu homem. Nojento, né? Eu sei que isso é real nos contos de fada, que é isso o que eles realmente passam, mas ninguém se impõe, ninguém acha absurdo, ninguém nem pensa em lutar contra isso. Essa situação é colocada como uma verdade, não como absurdo.
Durante toda a trama, uma das protagonistas, a Agatha, mostra-se como o fio de esperança para que tudo mude, para que os paradigmas sejam quebrados, só que acontece uma parada revoltante: ela, no meio, decide que merece um final feliz TENDO UM PRÍNCIPE AO SEU LADO! Decepção total, fala sério. Todo os personagens são rasos e os que parecem que tem personalidade decepcionam na primeira oportunidade.
Muita gente pode falar que o final salva um pouco a história, mostrando um tiquinho de sororidade. Não é verdade. Além de ter um final muito tosco, a dita sororidade só aparece quando ambas percebem que não podem ganhar uma da outra. A amizade feminina aqui mostra-se como uma fraqueza e não como uma força, além de enfiar goela a baixo vários clichês antiquados e maléficos para meninas que estão tornando-se mulheres.
"A Escola do Bem e do Mal" não passa uma mensagem positiva, nem mesmo tenta. Tudo gira em torno de competição feminina e nem ao menos tenta resolver esse problema social. Pior que isso, o legitima, mostrando mulheres perversas, fúteis e veem na figura masculina sua única saída.
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