Davi Cirne 23/07/2023
O Desprezo
Em um cenário fustigado pela guerra, por preconceitos, desconfianças, ódio e crueldade de todos os tipos, o Desprezo surge quase como uma entidade, um personagem oculto e onipresente, sempre à espreita em cada cena e acontecimento, permeando tudo e conduzindo a história.
O título do livro não poderia ser mais adequado, pois o centro de toda a trama é o Desprezo, e tudo orbita ao redor dele. Neste volume da saga, a guerra é ainda mais intensa, e seus efeitos podem ser observados sobre todos os personagens, cada vez mais endurecidos, mais amargurados, porém ainda mantendo uma centelha de esperança, que encontram naquilo que sentem uns pelos outros, e que se mostra como uma força antagônica ao onipresente Desprezo, o Desprezo que é fruto da guerra.
Nesse livro vemos uma evolução dos personagens principais, e também somos apresentados a novos personagens, amigos e antagonistas. Podemos ver mais do romance entre Geralt e Yennefer, com momentos bem intensos e bonitos, em meio ao caos das intrigas palacianas e das conspirações políticas nos quais os dois personagens se envolvem.
Mais ou menos na metade do livro, tanto Geralt como Yen são deixados um pouco de lado, tornando-se quase coadjuvantes, para dar mais foco à Ciri. Particularmente, isso me incomodo um pouco porque pra mim o bruxo e a feiticeira são os personagens mais interessantes da história, mas ainda assim é muito bom acompanhar as aventuras, ou melhor, desventuras da Ciri. Inclusive, é triste ver como a própria Ciri torna-se mais uma vítima da guerra e do Desprezo que paira sobre tudo, e o que acontece com ela no final do livro é revoltante, mas apenas reforça a crueza com que o autor vê a guerra e seus efeitos.
Um ótimo livro, onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, e que abre caminho para muitos conflitos a serem desenvolvidos nos próximos livros da saga.