Karyne 26/08/2014"Você precisa do diferente"Se eu tivesse que resumir o livro em apenas uma palavra, ela seria "Diferente". Dissolução foge a todos os padrões de mocinhas e vilões aos quais estamos habituados. Os personagens são palpáveis, humanos e completamente "fodidos" a sua própria maneira (desculpem pela palavra, mas nenhuma outra consegue descrever os personagens de uma maneira tão fiel quanto essa).
O livro é dividido em duas partes "O Livro da Claudia ou O Livro da Juventude" e "O Livro do Charlie ou O Livro da Vingança" e entre estas partes, espalhados pelo livro há também páginas do "Diário da Beth ou A Menina Que Matou Donald White" e como cada uma das partes é uma história diferente, irei falar sobre cada um separadamente.
>> O Livro da Claudia (narrado entre 1998-1999)
Este livro conta não apenas a história da Claudia, como sugere o nome, mas também da família Woodson. Clauds é uma mulher que fez uma grande besteira há dois anos atrás, casou-se com um mafioso Tony Conicci, grande chefe da máfia de Las Vegas, e que agora está tentando recomeçar, deixar o passado e, principalmente, seu marido para trás.
Clauds foge de Tony com Mia, sua melhor amiga, para uma cidadezinha esquecida pelo mundo chamada New Haven onde pretende abrir um bar junto de sua amiga local, Evelyn. Ao chegar lá, o carro de Clauds quebra no meio da estrada e coincidentemente, James e Johnny, dois dos irmãos Woodsons passam por elas e decidem ajudá-las, levando-as até sua casa, onde as moças poderiam usar do telefone e contatar Evelyn e é aí que tudo começa.
Evelyn não atende seu telefone, fazendo com que as meninas fiquem sem lugar para ir, já que a cidade é pequena e não há hoteis onde elas pudessem se hospedar, então James oferece gentilmente, mesmo que não agrade a sua mulher, um quarto da casa para as meninas passarem a noite. E durante esta noite, Claudia acaba por se envolver com o terceiro irmão, Patrick. Acham que acaba por aí? Isso é apenas a introdução do livro! No decorrer da história, uma certa batalha entre Julie, mulher de James, e Clauds é travada sem motivo aparente; Patrick, o famoso garanhão mais cobiçado da cidade, começa a se envolver com Clauds, enquanto a mesma faz junto com suas amigas o planejamento de seu bar; James começa a nutrir sentimentos pela namorada de seu irmão Patrick e, ainda mais, Tony conseguindo aos poucos se safar de sua prisão, enquanto Claudia continua a esconder de onde vem e quem realmente é. O livro da Claudia é cheio de segredos, mentiras, mistério e tensão. Muita tensão. Seja sexual ou não, esta é a palavra perfeita para definir este livro.
>> O Livro de Charlie (narrado entre 1983-2001)
Charlie Walsh era um menino, em seus dezoito anos, que queria ter "oportunidades". Ele não queria se contentar em ganhar dinheiro para sobreviver, Charlie queria mais e acabou por se envolver com pessoas ligadas à mafia irlandesa, até que sua mãe lhe conta uma história de tirar o fôlego, com a intensão de afastar seu filho de suas novas companhias. Loreen, no entanto, não esperava que, ao contar a Charlie a história de como ficou grávida, o menino nutriria ainda mais vontades de se envolver com este tipo de pessoa. Agora, porém, a intensão de Charlie não era simplesmente ganhar dinheiro, mas sim, vingança. Vingança contra seu pai. Tony Conicci, que na época, comandava a máfia de NY.
Para se aproximar do italiano, Charlie decide então criar uma nova identidade e passa a se chamar Charlie Retorini. Passa um tempo, treinando o sotaque e sua história até que então, finalmente, põe em prática seu plano de se aproximar de Tony e, adivinhem só, ele consegue! A partir daí, é contada a história de como Charlie ganha a confiança dos caras da máfia e todo o percurso que ele faz. Drogas, sexo, crime, ódio, suspense e mortes são coisas que não faltam no livro de Charlie.
>> Geral:
As duas partes anteriores resumem bem sobre o que o livro é, mas eu também gostaria de comentar sobre o Diário de Beth que fica entre alguns capítulos de ambos os livros e também sobre alguns outros detalhes.
O Diário de Beth é narrado entre 1969 e 1997 e conta sobre a tal maldição que cerca a família Woodson. Você, leitor, pode até não acreditar em maldições, mas para Beth, que se considerava uma espécie de bruxa, tudo isso era real. Ela conseguia prever coisas, saber o que as pessoas estavam sentindo e era o tipo de pessoa bem astral que, quando jovem, dançava nua para a lua. Não há muito o que contar, sem que eu lhes dê spoiler, mas pode-se dizer que o livro de Beth é o livro das intrigas e também conta com muitas traições.
A narrativa do livro é ótima. É em terceira pessoa e consegue, sem fazer confusão, narrar sobre vários personagens e suas emoções ou pensamentos.
Com uma linguagem simples e leve os diálogos são reais, o que tornou os personagens bastande próximos da realidade. Em alguns momentos parecia até que eu estava assistindo a dois amigos conversarem na rua (ou discutirem hahaha)
>>> O que não gostei:
Não ter o livro dois em mãos. Preciso saber o que aconteceu. AGORA! hahahaha
OK, agora falando sério... eu realmente não tenho do que reclamar do livro. Foi muito bem estruturado, a sequencia dos fatos está perfeita e foi tudo construído de uma maneira muito humana, uma mala cheia de emoções e impulsividade.
>>> O que mais gostei:
1. Eu tinha expectativas muito altas quando comecei a ler o livro e elas foram todas superadas. Quando fui apresentada ao livro, era exatamente o tipo de leitura que estava procurando no momento. Li os três primeiros capítulos disponíveis aqui e só conseguia pensar "ual! É exatamente isso o que eu preciso ler agora!". É o tipo de livro que te faz ficar noites em claro pensando sobre o que vai acontecer em seguida e, não, você não vai conseguir descobrir o que acontecerá em seguida porque, como disse antes, "Dissolução" foge completamente aos padrões.
2. Posso falar mais uma vez sobre a humanidade dos personagens? hahahaha Acho que isso foi o que eu mais gostei de toda a história. Ninguém é perfeito, todos tem ao menos um defeito e segredos, mas é impossível não se apaixonar pelos personagens. Eles te cativam se uma maneira absurda >> Citação Preferida:
Não consegui escolher apenas uma citação preferida, pois existem duas que eu gostei bastante e com a mesma intensidade. Ambas são do diário da Beth.
"E as vítimas não querem ser vítimas. E as vítimas só podem ser vítimas quando há uma testemunha."
[p. 116]
"Intimidade é quando uma pessoa te conhece tão bem que apenas algumas palavras podem te quebrar"
[p. 307]
site:
http://mylittlemetaphor.blogspot.com.br/2014/08/resenha-dissolucao-trilogia-woodsons.html