Religiões do mundo

Religiões do mundo Hans Küng




Resenhas - Religiões do Mundo


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Eduars 29/07/2009

religiões do mundo: em busca de pontos comuns
Abaixo uma resenha de algumas religiões abordadas por Hans Küng.

BUDISMO

O Budismo, religião surgida na Índia antes da Era Cristã tem sua origem na pessoa do jovem príncipe Siddhartha Gautama. Este tinha vários motivos para levar uma vida tranqüila, longe dos problemas comuns que atingiam a grande maioria das pessoas da sua época. Mas quando deixou todo o luxo do palácio se defrontou com a dor, o sofrimento das pessoas, a morte, a doença e outras moléstias que ainda não conhecia. Estas vicissitudes tiveram um impacto tão profundo em sua pessoa que, aos 29 anos decidiu abandonar sua esposa e seu filho para buscar as respostas que precisava para libertar as pessoas da dor. Dessa forma o jovem Gautama rejeitou a tradição da religião indiana, assim como os escritos dos Vedas. Desde então passou por períodos longos de jejum, meditação e uma profunda rigidez ascética, o que fez com que conquistasse alguns discípulos, no entanto, quando reconheceu que tal esforço era vão muitos discípulos o abandonaram. Foi a partir desse abandono que, através da meditação ele alcançou aquilo que tanto procurava: a iluminação. A partir de então passa a ser o Buddha, o “iluminado”. Essa iluminação proporcionou a libertação, e conseqüentemente as respostas para as três perguntas principais em seu ponto de vista da vida, são elas: o que é o sofrimento? De onde ele vem? Como pode ser superado? Buda espalhou seus ensinamentos pelos lugares que passou em peregrinação com seus discípulos, pregando a renúncia de si mesmo em busca do nirvana. Segundo a tradição Buda morreu aos oitenta anos de idade por ingerir comida envenenada.
Seus ensinamentos se difundiram além da Índia, chegando à Coréia e a China e de lá até o Japão. Alías foi no Japão que o Budismo formou outras ramificações agregando valores do xintoísmo, ali também elegeu outros Budas. Como todas as outras religiões, o Budismo também com o passar dos anos perdeu sua mensagem central, isso aconteceu por exemplo, na Idade Média Budista, uma justificação pelas obras acabou tomando corpo entre os ensinos budistas e, dessa forma, uma reforma foi necessária. Porém o cerne do budismo não foi alterado, ou seja, as quatro verdades básicas que todo budista deve observar, são elas:
· não matar
· não mentir
· não furtar
· abster-se da devassidão sexual
Hoje o Budismo é uma religião e não apenas uma filosofia como alguns leigos afirmam. Como religião tem contribuído para uma ética mundial e buscado através de sua mensagem de paz o diálogo universal, um de seus interlocutores tem sido o monge Dalai Lama, o qual esteve na Conferência Mundial das Grandes religiões pela paz em 1993 na cidade de Chicago.

Islamismo

O Islamismo surgiu após o Cristianismo, todavia, isso pouco deve ser levado em conta quando tratada em questões numéricas, pois o Islamismo hoje é a segunda religião com maior número de seguidores em todo o mundo, atrás somente do Cristianismo. Seus seguidores não estão somente em países como a Arábia Saudita, ou Iraque, mas também em países europeus como a Espanha e França. Esse grande avanço do Islã sobre o mundo ocidental, deu-se pelo empenho dos califados que se estabeleceram logo após a morte do profeta Maomé e também do Império Árabe do Omíadas. A política dos califas e do Império Omíada era também de domínio territorial, dessa forma o Islã alastrou-se sobre os lugares pelos quais os árabes dominaram.
Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta, aquele que veio selar a profecia. Maomé nasceu por volta de 570 na cidade de Meca, da tribo dos coraixitas e do clã dos Hashim. Este casou com a viúva de um comerciante e justamente por esse motivo ficou encarregado das viagens de negócios, as quais lhe proporcionaram um encontro com as duas mais influentes religiões desse período em sua terra: o Cristianismo e o Judaísmo. Aos quarenta anos de idade Maomé contou que recebeu as profecias apenas aos seus familiares, mas três anos depois começa a pregar em toda a Arábia, que até então era pagã, pois seus moradores eram adoradores de diversos deuses. Sua pregação incomodou os ouvintes que tinham com a idolatria um próspero comércio. Nesse período, Maomé rompe com os laços familiares baseados em clãs e estabelece uma nova comunidade baseada agora em uma única religião, ou seja, a comunidade muçulmana. Essa comunidade se formou a partir da hégira, no ano de 622 na cidade de Medina, a “cidade” do profeta. Na cidade de Medina, Maomé assume a posição não somente de profeta, mas também de um chefe militar, pronto a exterminar aqueles que rejeitarem a sua mensagem e a conversão ao único Deus. Maomé morreu aos 62 anos, porém, antes de sua morte faz uma peregrinação a Meca, como sinal daquilo que se tornaria um dever a todo muçulmano.

Religiões chinesas

“A China é um continente em si mesma”

Essa frase dita por Hans Küng ilustra a terra da dança dos leões e das diversas dinástias. A China possui uma história e uma cultura que sobreviveu sobre todas as outras. Hoje a China está envolvida numa constante mudança, de bloco comunista abre as portas para se tornar um gigante nas exportações, atingindo um PIB altíssimo frente a outros mercados emergentes. Um país com uma cultura tão rica provavelmente terá muitas coisas a nos revelar no campo da religião, pois desde os tempos mais antigos aqui floresceu uma cultura religiosa reverente e que através dos anos passou por constantes mudanças.
A sociedade primitiva chinesa era religiosa e até supersticiosa, porém, não devemos associar a cultura primitiva chinesa com a mitologia grega, visto que, pouco se falam disso nos escritos sagrados dos chineses. O que podemos dizer é que a orientação religiosa dos chineses estava na reverência para com o céu e a terra, um respeito pelo misterioso. Assim, a crença entre um céu e um inferno floresceu entre essa antiga civilização, porém, sem haver uma sistematização da maneira como conhecemos nas religiões como o cristianismo.

Na China se desenvolveu uma tríplice religiosa, ou seja, três religiões tomaram destaque, e estas acabaram mesclando-se, são elas: Confucionismo, Taoísmo e o Budismo. O confucionismo era a religião do estado, pois Confúcio foi um mestre por excelência, ocupou uma posição comparada a de ministro e pregou verdades éticas desenvolvendo com isso uma corrente filosófica angariando diversos discípulos e propagadores de suas verdades.
A outra religião é o Taoísmo, essa surgiu como uma espécie de confronto ao confucionismo, eles não concordavam com a ética que o confucionismo pregava dando valor ao legalismo e as suas posições pró-governo. A partir desse primeiro período, o Tao que entre seus inúmeros significados tem a ver com “uma lei, um caminho” ocuparia destaque na religião chinesa. Seu precursor teria tido as revelações no ano de 142 d.C, Zhang Daoling teve revelações de que os homens estavam fazendo a vontade de demônios, ao invés de servirem ao Mestre do Céu. Hoje o Taoísmo encontra grande acolhida entre a população da China, tornando-se a religião com maior número de seguidores.
A terceira religião é o Budismo, essa é a religião que veio de fora para dentro, no entanto, os chineses desenvolveram algumas técnicas dentro do próprio budismo, como: a meditação e o budismo da fé. O Budismo se aproveitou de uma lacuna deixada tanto pelo Confucionismo, como também pelo Taoísmo, em uma questão importante à vida humana, a dor.
O Cristianismo foi a quarta religião que tentou penetrar na China, porém, não teve o mesmo sucesso que as outras.

Judaísmo

Nenhuma religião até hoje sofreu maior perseguição do que o Judaísmo. A religião de Jesus de Nazaré sobreviveu a vários períodos da história, aos exílios, guerras, domínios de outros povos e mais recentemente ao genocídio causado pela morte de milhões de judeus na 2° Guerra Mundial. Hoje os judeus estão espalhados por todo o mundo, uma grande comunidade está em Nova York.
O Judaísmo faz parte das religiões proféticas, as outras são: Cristianismo e Islamismo. A história do povo hebreu começa com Abraão quando este sai da terra de Ur em obediência a Deus e vai para uma terra a qual não conhecia.
Abraão, Isaque e Jacó. Na figura desses três patriarcas, a história dos hebreus se desenvolve, até chegar ao Egito na pessoa de José, filho de Jacó. E é no Egito que um quarto nome ganhará o titulo de maior profeta de Israel, na pessoa de Moisés. Este é o profeta que confronta Faraó através das dez pragas, com ele o êxodo acontece, assim como os dez mandamentos é trazido ao povo hebreu no Monte Sinai. Esse código de leis, o decálogo, parece estar presente em várias religiões, talvez com algumas modificações, mas isso mostra claramente que as religiões podem colaborar para uma ética mundial baseada em os mesmos mandamentos. Israel viveu três períodos distintos em sua história, de uma comunidade tribal passa a ser um estado, e de um estado, uma monarquia, o que veio a culminar posteriormente em uma teocracia, isso veio acontecer a partir do exílio babilônico, onde os judeus se distinguiram das demais religiões, observando vários rituais de purificação, ali a fé israelita foi provada, no meio da idolatria dos babilônios os verdadeiros judeus são preservados.

No período do Império Romano, Israel vive uma expectativa messiânica e, é nesse contexto que Jesus de Nazaré aparece pregando as boas-novas de salvação e se declarando o Messias. Este foi rejeitado pelo seu povo. Povo que mais tarde teria que se espalhar por diversas regiões devido às derrotas que os círculos revolucionários tiveram, os quais aspiravam por uma independência em relação ao domínio de Roma. A primeira derrota foi em 70 e muitos judeus foram mortos, também foi nessa época que houve a destruição do Templo. A segunda derrota culminou com a diáspora, no ano de 135. A diáspora permitiu aos judeus que espalhassem sua fé por diversos lugares, principalmente na Europa, tanto que os judeus se tornaram pessoas influentes em diversas sociedades nas quais estavam presentes, esse foi um dos motivos pelos quais Hitler com seu nacionalismo exterminou uma parcela de judeus. Com o término da 2° Guerra Mundial, um documento é assinado e surge o novo Estado de Israel, não na Europa, mas em sua terra natal.

Religiões Tribais

No interior da Austrália, país que por durante tanto tempo foi uma colônia britânica, existem ainda resquícios da cultura primitiva dos aborígenes. Estes resquícios são expressos nas artes, sendo a mais antiga forma de manifestação artística conhecida até hoje, também nas danças e, sobretudo na expressão religiosa. Estes aborígenes mantêm um profundo respeito pelas forças da natureza, prestando cultos e sacrifícios aos deuses. Os mitos e a tradição oral passado de geração a geração levam estes a nutrirem uma forte devoção pelas forças sobrenaturais vindas da natureza. Hoje, existem na Austrália cerca de 230 mil aborígenes, alguns em reservas, mas a grande maioria ocupa as cidades, o que faz com que exista um choque de culturas entre dois povos em um mesmo território. A história dos aborígenes é contada de inúmeras formas pelos diversos descobridores, exploradores, missionários e outros aventureiros que tiveram um primeiro contato com este povo e nos passaram as informações que antes não nos eram conhecidas. Um pirata do século XVII descreve esses homens “como os mais miseráveis do mundo, sem vestuários em sem casa”, talvez pelos diversos relatos sejamos levados a pensar que somos diferentes pela nossa superioridade, mas para eles nosso conhecimento e aparato tecnológico não passam de coisas que afetam o convívio com a natureza e os ciclos naturais. Entre esses aborígenes encontramos vestígios antigos de religião toda a cultura deles está repleta de manifestações e expressões religiosas, entre uma das tribos se fala na Tjukurpa, ou seja, a lei eterna. Essa lei seria dada a eles pela tradição oral dos antepassados – ainda hoje ela é transmitida dessa forma – através de mitos, de cantos, de danças cerimoniais etc. Essa lei eterna é um código e um manual de regras e convívio social, essa lei teria sido pelos espíritos ancestrais, porém esses espíritos ancestrais não são referenciados e sim as forças da natureza.

Na África também encontramos as religiões tribais presente no meio de seus clãs. Esse Continente já teve seus tempos áureos antes das colonizações e das missões. A cultura deles supera de longe à dos aborígenes, o crescimento da África atingia o campo econômico e político proporcionando o surgimento de grandes cidades como: a “grande Zimbábue”, com suas construções de pedra que a partir de 1986 foi considerada pela UNESCO um patrimônio cultural da humanidade. A estagnação dos povos africanos deve-se em parte à colonização, pois, os brancos se consideravam superiores e viram-se com o direito de oprimi-los. Quanto às missões cristãs, elas atuaram de forma diversificada uma das outras, não devemos julgar todas sobre o mesmo prisma. Houve aquelas que se envolveram na vida dos africanos, proporcionando-lhes: educação, cuidado com as crianças, atendendo os doentes etc., porém muitas pessoas abriram caminho para que as potências européias chegassem à dominação sobre a África inteira, e houve aquelas que os apoiaram de forma teológica e ideológica. No entanto a África com sua rica cultura e seus 750 milhões de habitantes é um continente que tem futuro e, através de sua história de esperança, pode contribuir com um senso de solidariedade mundial, pois, na África a tradição cultural (danças, religião) e o progresso andam juntos.

Nadia47 18/02/2023minha estante
Que resenha maravilhosa ?fiquei triste quando acabou




Antonio Luiz 17/03/2010

Por um Esperanto da fé
O fenômeno da religião continua a ser importante, para o bem ou para o mal. Mesmo para quem não o aceita, compreendê-lo – principalmente nestas últimas décadas de frustrações com a política tradicional e ascenção dos fundamentalismos – é importante, como reconheceu a emissora alemã de tevê SWR, em 1999, ao convidar Hans Küng a conceber e apresentar a série "Religiões do Mundo", que originou este livro.

Desde que foi nomeado consultor do concílio Vaticano II pelo papa João XXIII, Küng tornou-se conhecido nos anos 70 como crítico dos dogmas católicos – principalmente a divindade de Cristo e a infalibilidade papal.

Seu título de teólogo católico foi cassado, porém, no início do pontificado de João Paulo II, em 1979, passou a dirigir a fundação Weltethos (“Ética Mundial”, em alemão) para, como teólogo ecumênico, buscar um fundamento comum e uma unificação ética das religiões do mundo, sob o lema de que “não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões”.

Por louváveis que sejam seus objetivos finais, porém, é preciso lembrar que para cada conflito em que um ou ambos os lados dizem lutar por seu credo, houve muitos outros sem conotação religiosa ou sectária. Quando a religião tem um papel, é mais o de bandeira que o de força motriz.

Se estados e partidos fracassam, o impacto social do capitalismo moderno, ao acirrar disputas de poder, terras e riquezas entre povos que já conviveram pacificamente, leva-os a urrar suas diferenças e retomar dogmas, costumes e instituições clericais já relativizados ou esquecidos. Não em busca de transcendência e significado, mas de uma justificativa para seus privilégios ou sua revolta, que na falta de diferenças religiosas poderia ser procurada na língua ou na cor da pele.

Em Israel, por exemplo, só um terço dos não-árabes eram religiosamente judeus em 1991 (os outros eram ateus, agnósticos ou deístas), mas em 1998, mais da metade passou a reivindicar o judaísmo.

Também o ressurgimento da religião na China e na Europa Oriental, que Küng quer ver como irrupção de uma oprimida religiosidade latente, poderia igualmente ser interpretada como adoção de um símbolo sob o qual certos grupos se reúnem para participar das disputas geradas pela crise dos estados e dos partidos.

A recusa de Küng a ver o quanto o político e o econômico são essenciais às instituições religiosas o leva a propostas um tanto quiméricas, como a de um papado sem poder. E o primado que reserva à fé não o deixa ver a inconsistência de distinguir religião de superstição e julgar o que é útil ou ultrapassado em cada tradição sem recorrer à filosofia secular humanista. Por vezes, parece querer reconduzi-la ao clássico papel de explicar a realidade e reservar o monopólio da ética, da crítica e da paixão de transformar o mundo ao teólogo inspirado.

São os pontos fracos desta que não é a mais completa das obras do gênero, mas combina um interesse sincero pelas grandes tradições religiosas do mundo com uma postura crítica e independente.

Resume a história e a essência interior do xamanismo tribal, das religiões místicas de origem indiana (hinduísmo e budismo), das religiões sapienciais chinesas (confucionismo e taoísmo) e das religiões proféticas nascidas do Oriente Médio (judaísmo, cristianismo e islamismo) sem banalizá-las.

Não esquece das profundas mudanças em crenças, costumes e forma de organização que cada uma das grandes religiões – reconheça-o ou não – sofreu desde sua origem. No cristianismo, assinala a seqüência dos paradigmas I (igreja primitiva), II (igreja ortodoxa), III (católico romano), IV (reformado) e V (modernista).

A obra não é apenas descritiva. Os termos mais duros, como é de se esperar, são reservados às instituições da própria Igreja Católica: denuncia a “ânsia romana de poder”, os falsos argumentos históricos e teológicos que justificam a supremacia do papado e chega a comparar a obediência de outros teólogos ao papa com a que os generais alemães prestavam ao Führer.

comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR