Greice Negrini 20/01/2015Uma história sem um fim!Trinity está com 16 anos e precisou voltar para Nova Orleans após o falecimento de sua avó. Agora mora com sua tia, pois desde quando era apenas um bebê seus pais se envolveram em um grave acidente que a deixaram órfã. A questão é que Trinity não se sente nem um pouco feliz por estar naquele lugar e principalmente por estar em uma nova escola com pessoas que não são nada agradáveis.
Trinity tinha certos problemas que uma adolescente normal também tinha, porém algo nada normal acontecia com ela. Tinha visões em forma de sonhos em que via acontecimentos, fatos meio desconexos que geralmente se concretizavam logo depois, mas que ela mesma não conseguia juntar as peças até que tudo ocorresse. Sua avó sempre dissera para que ela escondesse isso de todos para que ninguém a considerasse maluca e ela isso que ela fazia.
Estar em Nova Orleans era triste, principalmente após o Katrina, que destruiu parte da cidade e muitas pessoas haviam ido embora e milhares de locais estavam abandonados. E foi em um dos locais abandonados que foi com alguns amigos e amigas. Nesta casa havia uma lenda de que um crime havia ocorrido e tudo permanecia vivo por ali.
Chase e sua namorada Jessica, Bethany, Pitre, Amber, Drew e Trinity estavam vasculhando o local. Todos, menos a nova garota da cidade havia ido até lá alguma vez. Quando chegaram a um quarto, o que encontraram foi o sinal de algo muito estranho. De repente tudo mudou. Com uma aposta boba, tudo ficou escuro, todos começaram a correr e Trinity caiu em uma emboscada que não passaria de uma brincadeira boba.
A partir daquele dia, o sumiço de uma das pessoas que estavam entre o grupo culminou em um pesadelo. Ninguém sabia exatamente o que havia acontecido, já que tudo havia sido uma armação. Mas Trinity começou a ter sonhos cada vez mais frequentes e sensações aterradoras do que poderia estar acontecendo de verdade e quando seu desejo era se tornar uma ajuda, acaba se tornando a maior suspeita.
Mais do que isso, quando começa a pesquisar sobre seu passado, descobre que seus sonhos podem ter uma justificativa: estava mesmo louca ou seria algo genético? O tempo começa a se esgotar.
O que falo sobre o livro?
Para início desta parte crítica vou começar com um ponto positivo deste livro que foi a capa. Adorei a iniciativa da Novo Conceito em introduzir uma capa mais real para esta história que como é narrada em Nova Orleans na época da tragédia do Katrina, dá uma sensação de perda e isolação. A libélula que consta na capa e nas outras que coloco acima que foram utilizadas em outros países, é algo como uma pista para alguns dos segredos da história e foi estratégico não a terem tirado da capa.
Quando eu vi que a Novo Conceito havia publicado Sonhos Despedaçados e colocado à venda na Livraria Saraiva já fiquei animada. Fiquei pensando em quando receberia meu exemplar de parceria e a chamada abaixo do título "Em algum momento eu teria que dormir", me instigava que a leitura iria levar a algum suspense emocional, um thriller de tirar o fôlego ou algo assim.
Bem, foi no máximo um fraco suspiro o que me causou.
O primeiro capítulo consegue capturar totalmente a atenção. A narrativa dos amigos indo para um local abandonado, com a descrição do caos deixado por toda aquela água que invadiu Nova Orleans e a mistura de escuridão, medo e pânico levam você a imaginar cenas de tensão. E é o ponto central da história, já que é ali que tudo vai começar e que geralmente você pode imaginar que um grupo de adolescentes tentando se aventurar em um local assim não termina muito bem, ao menos em filmes de terror. Terminei o primeiro capítulo já querendo correr para os seguintes.
Então é onde tudo começa a se perder. No momento você tem um suspense sobre algo em uma mão e de outro você começa a ver algo sobrenatural misturado a algo que envolve pouco do contexto real do primeiro capítulo, para a autora poder dar gancho ao passado da personagem principal.
Se você decorar estas falas:
- Deus!
- Não!
Bem, você vai ter decorado 70% das falas do livro. Não é besteira minha, mas essas duas palavras são usadas tão repetidas que cheguei a cansar.
A história é como se você realmente estivesse em Nova Orleans em meio ás águas do Katrina, você sobe e desce na história e seu estômago certamente vai te enjoar em diversas páginas. Em um momento eu estava em um ponto central e em outro a autora me colocava do outro lado da cidade sem um ponto de ligação e fiquei imaginando que estava dentro de um tornado.
O que gostei foi a forma como ela descreve a realidade da cidade com a tragédia. Isso me fez pesquisar um pouco mais sobre, mas foi só. Os personagens são pouco explorados, mas o sobrenatural é, mesmo que de forma tortuosa, bem elaborado.
Agora, quando chega-se ao resultado final, a tragédia realmente fica completa! É como que se para o livro ficar melhor você devesse arrancar as últimas páginas e não ver o resultado. Nunca vou entender como a autora conseguiu estruturar uma história completa e no final terminar como se eu estivesse em outro livro com outras pessoas. É neste ponto que deduzi que ela própria despedaçou seus sonhos em ter publicado esta obra da forma que o fez.
site:
www.amigasemulheres.com