Resenhas - O Menino e o Riacho

Socorro Rolim 26/07/2014

Ele me fez “googlar” Barro Duro- PI. Queria saber de onde saiu tanta memória, tanta saudade, tanto amor para temperar seus escritos.

Tal qual existem os poetas repentistas acredito que também existem os cronistas repentistas a quem você dá o mote e ele faz crônica. Sobre qualquer tema. Se ele desconhece o assunto faz um texto incrível sobre o seu desconhecimento daquilo.

Dá vontade de dizer: escreve aí Soares, sobre final da copa, sobre rock, sobre o abandono da cidade, sobre criar meninas, sobre Gullar... acho que nada seria difícil para ele.

Atiça a curiosidade, desperta os sentidos, acorda o raciocínio político (Sobre cachorro e gente), sacoleja o emocional (Pedra de toá), lembra-nos da vastidão do mundo (Na Noruega não existe lambu).

De pouquinho, quase sem perceber, ele vai se expondo e vamos percebendo através de suas muitas referências literárias (Ernest Hemingway, Nabokov, Gregório de Matos, Drummond, Graciliano Ramos, Rubem Braga, Vitor Hugo, Manuel Bandeira, Machado de Assis, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna), musicais (Zé Ramalho, Lenine, João do Vale, Belchior, Chico Buarque, Gonzaguinha, Gilberto Gil, Roberto Carlos), religiosas (Salomão , Jesus Cristo, Jó, Isaías), e até filosóficas ( Heráclito, Thomas Robes, Platão), que um escritor não nasce assim do nada ele se constrói vida a fora e segue em um caminho evolutivo em busca do seu melhor, do seu estilo, da sua assinatura até chegar a um ponto que ao ler um texto seu, inédito, o seu leitor seja capaz de dizer: foi o Soares que escreveu isso.

O livro é ótimo e o reconhecimento do cronista é certo.
Disse ele na crônica O Viaduto do Chá que “toda história merece ser contada” e eu digo que, toda história que ele conta e todo pensamento que transcreve devem ser ouvidos por nossos olhos.

Esperando o segundo livro.