Resenhas - Clara dos anjos

anyaraujo 22/01/2024

Em Clara do Anjos o autor delata a atuação do racismo na sociedade brasileira. Nosso país sempre tentou ao máximo negar a existência da atuação racista em seu território e as demonstrações dos preconceitos eram muita das vezes atribuídas a um preconceito de classe e não de cor. Virgínia Bicudo em sua tese de 1945 quebrou esse mito, ao constatar a atuação racista enquanto entrevistava pessoas negras e pardas em diferentes classes sociais. E, como vemos, anteriormente a isso, Lima Barreto já fazia sua denúncia da melhor forma que podia, através da literatura. Neste livro, podemos constatar a propagação racista nos discursos dos personagens e constatar a existência de restrições que atuavam sob a população negra devido ao preconceito de cor. Na trajetória de Clara, mesmo que se mostrando inicialmente de forma mais indireta pela ligação com os outros personagens, percebemos como passou de uma menina reclusa pelos pais que não possuía compreensão completa da organização social que a rondava para, no final, abrir os olhos e enxergar a sociedade doente à qual estava inserida. De dura denúncia, é uma das obras que não se podia faltar em nossa literatura.

Pereira 22/01/2024

Lima Barreto e um diagnóstico de país.
Em 2018, Mariana Ferrer acusa o empresário André Aranha de tê-la supostamente dopado e estuprado no interior de uma boate de luxo, onde estava a trabalho, levando o caso ao público por meio de suas redes sociais.

André Aranha, um empresário bem-sucedido, conhecido na cidade e com laços de proximidade com herdeiros do maior conglomerado de mídia do Brasil, atrai atenção popular e causa grande comoção.

Durante o julgamento, o advogado de defesa teria constrangido a vítima ao exibir fotos de Mariana em poses que ele afirmava serem "ginecológicas". O juiz, em sua sentença, inocenta André Aranha alegando falta de provas e a ausência de tipificação de "estupro culposo" na legislação brasileira.

Na trama de Clara dos Anjos, a protagonista vê seu futuro desgraçar-se ao ser seduzida, deflorada e abandonada por Cassi Jones. Ao buscar justiça, é confortada pela mãe do agressor, que argumenta: "Por acaso, meu filho as amarra, as amordaça, as ameaça com faca e revólver? Não. A culpa é delas, só delas..." Mesmo com Cassi acumulando mais de dez casos de defloramentos, ele conta com "a benevolência secreta de juízes e delegados, que, no íntimo, julgam absurdo o casamento dele com suas vítimas, devido às diferenças de educação, nascimento, cor e instrução", permanecendo impune.

Apesar de terem se passado mais de um século desde a publicação de Clara dos Anjos, os paralelismos entre os dois casos são inegáveis. Ano após ano, o Brasil testemunha no mapa da violência o aumento dos casos de agressão contra mulheres, especialmente aquelas negras/pardas e pobres. Isso evidencia a importância da leitura de Lima Barreto, que fez um diagnóstico dos problemas fundamentais do Brasil, destacando os problemas estruturais enraizados em um passado marcado pela escravidão, subserviência e exploração dos corpos racializados.

Para Octávio Ianni, destacado sociólogo brasileiro, Machado de Assis, Cruz e Souza e Lima Barreto formam o trio que inaugura a literatura afro-brasileira. Segundo ele, é impossível se deparar com a obra de algum desses três sem sentir a necessidade de refletir e se engajar na causa dos negros. Entre eles, Lima Barreto talvez seja aquele que mais se destaca na abordagem da questão racial, evidenciando sua emoção por meio de sua escrita.

Quanto à obra "Clara dos Anjos", Lima Barreto adota uma linguagem popular e uma forma narrativa novelesca, uma fórmula que hoje é amplamente familiar e compreendida pela maioria dos brasileiros. Isso torna a leitura facilitada, exigindo apenas uma pequena adaptação ao ritmo, e mesmo as palavras não usuais no contexto atual são de fácil compreensão, auxiliadas pelas notas mais do que suficientes presentes na edição da Companhia das Letras.

Lima Barreto testemunhou o Rio de Janeiro transformar-se na "cidade maravilhosa" durante seu processo de urbanização. As belas praças, encantadores jardins, amplas avenidas e suntuosos palacetes foram erguidos à custa da deterioração das condições de vida dos trabalhadores, do sofrimento da população mais pobre e de seu afastamento dos grandes centros para as áreas mais periféricas, conforme ditado pela elite higienista. Essas mudanças, aliadas ao legado racial brasileiro, permeiam toda a sua obra, revelando um retrato do subúrbio, do malandro e do burguês.

Dirlene Piagio 20/01/2024

Dar conselho, ainda q bem intencionado, pode te matar...
Livro mais que necessário em um país com o histórico do Brasil: logo após a escravidão, o racismo foi-se tornando velado; daí, na atualidade, dizem que não há racismo. O racismo está andando solto, só que disfarçado. É visível que, até nos dias de hoje, pessoas brancas (em comparação com pessoas negras) são, mais facilmente, liberadas das responsabilidades das suas infrações. Com isso, o autor chama a atenção para a extrema importância de os pais educarem os filhos negros, especialmente meninas, de modo que vejam que a sociedade em geral não olha para eles como olham para filhos brancos e que jovens mulheres negras não podem "se dar ao luxo" de serem inocentes e sonharem com o príncipe encantado como muitas meninas brancas sonham, pois brancos asquerosos têm licença da sociedade para destruir estes sonhos e não serem punidos por isso.
Além de todo esse debate histórico e cultural (sócio-racial, a vida da mulher em um cenário patriarcal, a influência política no funcionalismo público, a construção cultural dos subúrbios cariocas, a chegada de imigrantes trazendo religiões cristãs renovadas para um Brasil tradicionalmente católico apostólico romano etc), gostaria de deixar três pontos também:
1. Dar conselhos para as pessoas pode te colocar em problemas seríssimos;
2. Super proteger não é a forma mais ideal para educar uma criança: isso pode torná-la ingênua demais ou estúpida e egocêntrica;
3. E, o mais importante, cuidado com quem você traz para a sua casa: pode trazer amargos arrependimentos.

Andrieli 15/01/2024

Nós não somos nada nesta vida
No fim acabei gostando do livro, apesar da leitura ser leve e bem cotidiana ele tem uma mensagem muito forte e uma crítica muito bem feita, me fez pensar em todas as claras dos anjos que já existiram e existem.

Leide.Henituse 13/01/2024

Um clássico literário que denúncia misoginia, racismo e releva, o que hoje ainda é muito característico, o comportamento machista dos homens. A obra, condizente com sua época, te faz ter várias indagações a respeito de nossa sociedade
Especialmente essa: não é a sociedade
atual semelhante em atitudes ao Brasil
República? Pode uma obra publicada em 1948 descrever comportamentos sociais tão presentes em 2024? Pode. E temos isso em Clara dos Anjos. Através de Clara conhecemos e reconhecemos uma sociedade criada para odiar, agredir e atacar mulheres. Um personagem masculino moldado em berço quente, que trata mulheres como objeto, uma mãe, que moldada por seu tempo e meio, não é capaz de reconhecer a tragédia de seu próprio gênero.
Apesar de um livro cansativo em determinados momentos, é uma leitura muita versada na catarse, de deixar o leitor bravo e chateado.
Pode ser muito descritivo sem necessidade, característica de sua escola literária. Mas vale o tempo e os sentimentos envolvidos.

Tim 09/01/2024

Barreto, Lima. É um humorista?
Com uma narrativa crítica e humorística, Lima Barreto me conquistou.

Este é um daqueles livros em que pessoas imersas em suas próprias loucuras diriam que Lima escreve como ele é. No entanto, ao contrário, seu texto é carregado com uma crítica irônica que se passa no Rio de Janeiro, onde as ruas se assemelhavam às de Paris e as pessoas se comportavam e vestiam-se como franceses. Nessa história, conhecemos vários personagens, entre eles o nosso filho do diabo, a pessoa que criou o mal no mundo, Cassi, um homem comum, onde se espera o pior, ele vai lá e supera. É desalmado, cruel, ardiloso e psicopata. No entanto, conheço vários homens como Cassi, que planejam minuciosamente o que desejam, vivem pelo prazer de enganar. Mimado pela mãe e rejeitados pelo pai, se envolve em tanta confusão que envergonham a família, mas a mãe prefere esconder.

Por outro lado, temos Clara dos Anjos, a próxima vítima, que vive enclausurada em casa, pois seus pais a tratam como um verdadeiro animal na gaiola, a ponto de, em sua festa de aniversário, só aparecerem adultos, já que a menina não consegue fazer amizades.

Clara é inocente, não conhece a vida e às vezes parece um pouco ingênua até demais. É uma mulher negra, e isso a afeta de diversas maneiras, desde como vive até como pensa, mas ela não se limita, por isso se apaixona por Cassi, e dessa forma, a desgraça é apenas uma questão de tempo.

Para mim, foi uma leitura fácil em alguns momentos, mas achei o meio um pouco arrastado. Mesmo assim, vale muito a pena.

Nota: 4/5

Oiliver 24/12/2023

Bem chato.
Sinceramente não gostei, dessa história. Pelo simples fato.do personagem ser uma pessoa horrível e a protagonista ser bem burra e cega de amor por ele.

Bruna 05/12/2023

??
Li ele pra aula de literatura e fiquei meio (????.
O livro inteiro se resume a duas coisas:
1. o querido sempre querendo pegar mulher 2.mostrar quão tansa a Clara é.
Porém, achei legalzinho, captei a mensagem e fui bem na prova ??

Gaby 03/12/2023

Coerente
Clara do Anjos - Lima Barreto


O Carteiro Joaquim do Anjos tocava flauta, até mesmo compunha valsas, tangos e acompanhento de modinha. Pouco ambicioso em música, ele o era também nas demais manifestações da sua vida. Residia no subúrbio do Rio de Janeiro em uma casa simples. Havia um homem chamado Mr.Quick Shays, ele era americano e chefiava os protestantes. Joaquim dos Anjos não frequentavam nem Mr.Shays, nem o reverendo padre Sodré. Não era animado de grande fervor religioso, sua mulher, Dona Engrácia porém era muito religiosa. O casal teve alguns filhos porém não sobreviveram, sobreviveu apenas Clara. Clara tinha 17 anos. Joaquim dos Anjos tinha dois amigos Lafões e Marramaque. Um dia Lafões fala pra Joaquim q quer trazer Cassi Jones para tocar no aniversário de Clara. Marramaque fala que Cassi é um sujeito que não pode entrar em casa de família. Cassi Jones de Azevedo, era filho Manuel Borges de Azevedo e Salustiana Baeta Azevedo. Cassi era um rapaz de pouco menos de 30 anos, branco, sardento e insignificante de rosto e corpo. Ele era tocador de modinha. Mesmo em tão pouca idade, contava perto de 10 defloramentos e a sedução de muito maior número de senhoras casadas. Já foi levado pra delegacia por causa disso, mas sempre escapava pq sua mãe contrava bons advogados. Ele escolhia as vítimas, em geral as moças que ele desonrava eram de origem humilde e de todas as cores. Sua primeira vítima foi Inês, negra que foi criada pela família deles e copeira da família, depois Luísa, que era empregada do doutor Camacho, Santinha que ajudava a mãe a costurar, Bernarda que trabalhava no Joie de Vivre. O Pai de Cassi era uma pessoa decente e série. Salustiana não era lá muito querida, nem prezada. Era uma mulher vaidosa, arrogante, cheia de preconceitos. Cassi tinha duas irmãs, essas irmãs tinha uma amiga muito pobre filha de uma viúva, nome dessa garota pobre era Nair, tinha 18 anos. As irmãs de Cassi descobriram q ele estava interessado nela e ameaçaram contar ao pai. Cassi tinha medo do pai expulsar ele de casa, pois o dinheiro q Cassi ganhava era pouco e vinha de rinha de galo, jogos. Mesmo assim não desistiu dela e a cercou por fora. Conseguiu conquistar ela, a mãe dela descobriu q Nair estava grávida e foi tirar satisfação com a mãe. Salustiana não deu moral. A mãe de Nair chorou muito e disse q iria procurar a polícia. Chegando no delegado, o delegado afirmou q conhecia o patife, mas que não podia fazer nada, só se ela arrumasse um advogado. Desesperada ela tirou a própria vida. Os jornais noticiaram o suicídio da viúva e as outras picaretagens de Cassi, por isso Cassi foi passar um tempo na casa do Tio. Depois dessa temporada na casa do tio voltou pra casa e foi morar no porão da casa. Perguntou a sua mãe se ela havia cuidado dos galos de briga, sim ela havia cuidado. Incapaz de trabalhar, a única coisa que fazia era cuidar dos galos de briga q era seu único sustento. Acordava todas as manhãs pra colocar comida pra eles. Cassi era deficiência em instrução, por isso não achava um emprego q ele queria. Cassi possuía uns amigos, Ataliba do Timbó, Zezé Matheus, Franco Sousa e Arnaldo. Cassi não amava nenhum deles, aliás Cassi não amava ninguém. Zezé Matheus era o menos pior da Turma pois não tinha maldade no coração. E o pior da turma era Arnaldo, ele conseguia ser pior q Cassi. Arnaldo era ladrão. Salustiana sempre passava a mão na cabeça do filho. Cassi foi pra prisão na primeira vez aos 16 anos. Marramaque vivia rodeado por pessoas de instrução desenvolvida e boa educação. Clara dos Anjos fora criado com recato e os mimos que na sua condução talvez lhe fossem prejudiciais. Cassi foi no aniversário de Clara, quando tocou deixou clara encantada. Os pais da menina não gostaram dele e pensaram em não deixar ele vir novamente. Porém Cassi apareceu pra uma segunda visita, ele foi mal recebido quase sendo despedido a soleira da porta ao contrário da primeira vez. Cassi usava seu dom no violão pra impressionar suas vítimas, se recebesse um sinal de interesse investia na vítima e voltava a se encontrar com elas em bondes, nas estações e na ocasião propícia lhe empregava a carta fatal. Tudo isso era feito com muita calma e discernimento. Se a moça aceitasse os galanteios e as cartas, ele dava o final como certo, agora se não aceitasse, ele desistia. Clara saia MT pouco, pq seus pais eram super protetores. Como Cassi iria falar com ela ? Um dia andando pelas ruas encontra Praxedes, e ele lhe fala que Menezes está cuidado dos dentes de Clara. Ali ele encontra quem vai entregar as cartas. Sabendo que Menezes era viciado em bebida e tinha pouco dinheiro, ele se aproveita disso, Cassi paga pra Menezes enviar as cartas pra Clara. No início ele paga certinho mas depois de um tempo para de pagar. Clara dos Anjos sabia da reputação de Cassi Jones, mas estava tão apaixonada que não acreditava na reputacao duvidosa. Ela acreditava q os rapazes não eram cupaldos do que faziam, mas sim as moças que eram muito oferecidas. Por causa do pouco contato que tinha com mundo e da pouca idade Clara acreditava q Cassi merecia ser amado. Durou 1 mês a troca de cartas entre Cassi e Clara.
Comentário : alguns vão gostar assim como eu e outros vão odiar pq o livro é MT detalhista ou por causa do final. Eu achei o final coerente, pq se fosse algo diferente seria uma traição ao contexto histórico, social e a personalidade dos personagens. Acredito q tudo conduziu a aquele final. E eu gostei do fato do escritor narrador, pois assim da pra saber de tudo e com detalhes.

Bunny.xs 25/11/2023

Bom
Leitura rápida e fácil depois de costume, eu não lembro muito da história pois faz tempo que li e mesmo com desenvolvimento bom, não me cativou tanto, talvez ao reler mude de ideia, ou não.

manumoura18 15/11/2023

Destaques preferidos
"Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vivem uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro."

Pedro2725 29/10/2023

Cassi Jones
A história é quase um texto jornalístico que retrata a vida do subúrbio carioca do início século XX. A Clara, que da nome ao livro, quase não tem protagonismo, dando espaço, principalmente para Cassi Jones.
Cassi Jones é um jovem que tem fama de desvirginar as meninas da região. No texto ele é dito como um homem feio, mas que tem a lábia e o charme que suprem a falta de beleza e conquista as garotas do subúrbio.
Ele é capaz de ir até o vim para conquistar um garota, as meninas são como troféus, os quais ele vai correr atrás para conseguir.
O livro é extremamente expositivo e não apresenta uma linearidade no tempo. Cada vez que um nome novo é citado, o narrador volta para contar a história desse novo personagem até ele chegar no momento da história. Tal escolha narrativa torna o livro um tanto monótono e entediante, sendo assim, a leitura é difícil, não exatamente por ser um clássico, já que a linguajem é bem simples e direta, mas sendo assim pelo modo como a história é contada.

Apesar de não ser um livro simples de se ler, ele trás críticas extremamente importantes para a sociedade da época e algumas que podem prevalecer até hoje:
Clara é uma menina presa dentro de casa, que não tem a liberdade que outras meninas da vizinhança têm. Seus pais podem ser considerados pais super protetores, que tem medo de Clara sofrer alguma coisa estando sozinha pelo bairro.
Outro elemento muito significante do livro é o racismo que Clara sofre, a personagem é parda e tem um diálogo super significativo no final do livro em que a personagem é completamente invisibilizada por conta da cor da sua pele.
O racismo é exercido pela mãe de Cassi Jones, que recusa as "acusações" que Clara faz sobre seu filho. Pois ele pode não ser um homem perfeito, mas não é capaz de matar ninguém e é impossível que ele tenha engravidado "alguém como você". - dizendo sobre Clara, que é parda.

Carla.S2 15/10/2023

Uma história realista
[ livro de uma outra editora, outra capa ]

Eu achei que seria uma leitura muito cansativa, mas não foi tanto, por ser do Lima Barreto achei que teria muito detalhe, mas esse não tem tanto, a questão é que ele conta um pouco a história de cada personagem, o que eu não gostei muito, pois estava mais interessada na dos personagens principais. Para quem tem interesse em saber como era o Rio de Janeiro antigamente, esse livro pode ser excelente.
Fiquei com pressa para saber o final da história, mas cheguei no final não o curti, foi muito realista, estava esperando um outro final, pois no meio do livro me fez ter esperança de ser um outro final.
Dica : leiam com paciência, calma ( que eu não tive muito ).
Personagens que eu gostei : Marramaque e Dona Margarida.

Ritaeseuslivros 24/09/2023

Um livro sobre o subúrbio do RJ
O livro se passa nos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro contando a história do malandro Cassis e suas arruaças no coração das donzelas e senhoras casadas.

     Apesar do enredo parecer inocente (um homem que deflora donzelas), a história é bem profunda já que é uma grande crítica social sobre a hipocrisia das relações sociais brasileiras. Além disso, também traz críticas severas do tratamento sofrido pelas mulheres negras em nossa sociedade através das atitudes dos personagens.

     Em suas descrições sobre o ambiente, Lima Barreto deixa claro sua insatisfação quanto ao descaso que o governo faz com os bairros do subúrbio "(citação)"

     O que mais me chamou a atenção além do autor dar visibilidade a maneira que as mulheres negras e não brancas são tratadas, foi a descrição de lugares que conheço no meu dia a dia como Cascadura, Jacarepaguá, Guaratiba entre outros.

Acostumada com histórias de finais fechadinhos, senti falta de descobrir o que Clara fez com sua gestação e o fim do calhorda de Cassis entretanto, a crítica social às questões de raça foi tão nítida que gostei bastante.

Milena Schwantes 24/09/2023

Incrível
Apesar de ser um livro escrito há um século, Lima Barreto (autor) escreve de forma simples considerando a época, o que faz com que o livro seja rápido de ler, mas ao mesmo tempo tem qualidade. Foi um livro que me impressionou por conta de tratar de assuntos não muito comuns do pré-modernismo de uma forma diferente, retratando a vida de uma mulata em meio ao subúrbio. Gostei do livro num geral, ele é realista, porém, tem um final sem uma solução exata? O que pode ser uma crítica para alguns, mas um elogio para outros. Particularmente, eu amei o livro, pois me fez refletir sobre a vida real e suas desigualdades.

OBS: Eu odeio você e sua mãe, Cassi Jones.