Raniere 07/04/2015
Enredo excelente com um desenvolvimento não tão bom assim
Em “O Pergaminho Sagrado”, três arqueólogos, após escavarem a tumba do Dodge Dandolo, são seqüestrados, e os agentes Jack Marlow e Laura Graves são convocados para resolver este mistério. Como ambos não sabem nada sobre o trabalho que as vítimas estavam realizando, eles precisam investigar a fundo a história do dodge que, com a ajuda do Pergaminho (uma tabuleta), comandou a Quarta Cruzada dos Templários e esmagou Constantinopla.
Eu torci o nariz para o livro logo no começo, quando Anton Gill resolve recorrer a clichês e coloca explicitamente o protagonista Marlow como o melhor agente que existe, ao qual as mulheres nunca resistem aos seus encantos, e colocar Graves, de início, já pensando (e aqui uso um pouco de exagero para explicar a minha visão): “Nossa, que cara sedutor! Nossa, e agora? Não vou conseguir resistir ao charme deste garanhão!”. Ao ler isto, eu já antipatizei com o livro de cara e quase o abandonei.
Porém, lá pela metade do livro, a história melhora (mas nem tanto).
A história fica alternando entre presente e passado, o que eu achei bem interessante. Ora o livro narra a investigação de Marlos e Graves, ora narra a história do dodge Dandolo (que, sinceramente, achei a melhor parte do livro), ora narra o trajeto que a tabuleta percorreu, até o tempo atual.
A propósito, tenho que dar um crédito à Anton Gill: ele descreve as cenas de tortura (pena que são poucas) de uma forma tão boa que eu senti dor pelos personagens torturados. Ponto para o autor!
Porém, infelizmente, um enredo que poderia ter dado um livro excelente acabou virando uma história cansativa, previsível, que, no final, o autor tenta alguns recursos para surpreender o autor (e eu reconheço o esforço dele), mas que não são eficientes, resultando em um final muito meia-boca. Dou destaque a uma cena no qual um personagem atira no outro, que está dirigindo um carro em cima de um gramado, e misteriosamente surge fogo embaixo do veículo. Juro, eu até agora não entendi como aquele incêndio começou. Talvez tenham sido gnomos serelepes.
Resumindo meu pensamento: “O Pergaminho Sagrado” tem um enredo muito bom, mas o livro é fraco, e Anton Gill é um autor que ainda precisa amadurecer bastante o seu ofício.
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