Uma Constelação de Fenômenos Vitais

Uma Constelação de Fenômenos Vitais Anthony Marra




Resenhas - Uma Constelação de Fenômenos Vitais


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De Cara Nas Letras 14/03/2015

Uma Constelação de Fenômenos Vitais - Anthony Marra
Havaa, uma criança de oito anos, esconde-se na floresta após ter seu pai levado por soldados e sua casa inteiramente incendiada. Akhmed, seu vizinho, a encontra em meio as árvores e decide que precisa cuidar da garota, já que o pai dela, Dokka, fora desde sempre um excelente amigo para com ele. Percebendo que não há como manter a garota à salvo dentro da vila em que vivem onde informantes delatam qualquer um por qualquer trocado Akhmed resolve tentar a sorte e leva a garota até o hospital da cidade mais próxima, único local onde acredita que ela pode estar a salvo.

O hospital, que um dia já contou com mais de quinhentos funcionários, hoje funciona apenas com uma única médica, Sonja. Estando no nível mais baixo não apenas de sua carreira profissional, mas também de sua vida emocional, a rotina da médica basicamente se resume a amputar membros dilacerados por estilhaços de bombas e minas terrestres. Akhmed, que nunca havia tido nenhum tipo de contato com Sonja durante toda a sua vida, tenta convencê-la de que é necessário abrigar Havaa nas dependências do hospital; caso contrário, a menina acabará tendo apenas um rumo: a morte nas mãos dos militares.

Akhmed, um médico incompetente mas com um excelente coração, formou-se entre os últimos alunos de sua classe por faltar as aulas de laboratório para assistir aulas de artes, o que lhe rendeu excelentes dotes artísticos, mas acarretou em sua inabilidade e incompetência para as ciências biológicas. Conseguindo convencer Sonja a abrigar a menina, Akhmed vira também auxiliar dela, trabalhando no hospital em todas as áreas necessárias. As perdas materiais e psicológicas dos dois fará com que eles se apeguem de uma forma singular à menina; apego esse que durante o enredo se solidifica cada vez mais, transformando o relacionamento do trio em algo poderoso.

Sendo o romance de estréia de Anthony Marra, "Uma Constelação de Fenômenos Vitais" é muito mais que "apenas um livro". Abordando temas sérios como a guerra não apenas a da Chechênia, que é o foco da narrativa, mas também a primeira e segunda guerra mundial , o autor traz uma seriedade enorme ao enredo. Porém, Anthony consegue nos passar todo o conteúdo de uma forma leve e descontraída, sempre se utilizando de diálogos com uma pitada de humor.

Os personagens são muito bem descritos e trabalhados. Com o decorrer da história, conseguimos perceber uma evolução significativa em cada um deles e na relação que possuem uns com os outros de indiferença à imprescindibilidade. Outra coisa que acabamos descobrindo durante a leitura é que todos os personagens estão ligados, de uma forma ou de outra, formando assim uma teia robusta e complexa.

A guerra, é claro, acarreta diversos transtornos, entre eles a separação de familiares. Ponto bastante explorado no enredo é a necessidade que possuímos em termos tudo que consideramos "nosso" ao alcance. A obra aborda de forma consistente a defesa da amizade, embora nos mostre que sempre há falsos amigos, e que devemos ter muito cuidado com eles. A trama se passa entre diversas idas e vindas em uma linha de tempo com cerca de dez anos, indo de 1994 até 2004. Nela, viajamos do presente ao passado, para assim podermos compreender melhor todos os fatos expostos na obra.

Entre as diversas cenas aterrorizantes de dilacerações e desmembramentos, encontra-se também passagens singelas e tocantes. Bato na mesma tecla novamente: alguns dirão que esse livro é "mais um livro histórico clichê que aborda guerras, cenas fortes e mortes intercaladas com situações melosas", mas essa frase está longe de representar o que realmente a obra oferece.

Cabe a vocês decidirem e tomarem suas próprias conclusões, mas já deixo dito que Uma Constelação de Fenômenos Vitais é, até o presente momento, o melhor livro lido por mim no ano. Simples, mas bem escrito; tocante, mas sem ser piegas; forte, mas sem ser grotesco. Uma história de superação, amor e confiança narrada de forma elegante e reflexiva.

site: www.decaranasletras.blogspot.com
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Bia 16/08/2020

Constelação de vidas em união.
O livro retrata de acontecimentos de uma Chechênia em guerra e destruída, assuntos que não são comuns. O autor é bem detalhista sobre a história e a ambientação, porém eu achei esse detalhismo excessivo e cansativo em diversas partes, deixando o livro exaustivo.

Quanto a história, eu gostei muito do desenrolar. Personagens imperfeitos, com qualidades e defeitos. Me deixou pensativa, de como as vidas de dezenas de pessoas se entrelaçam no sútil fio que é a vida.
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yasminzy 09/09/2021

Simplesmente magnífico!
Eu não irei me estender muito nessa resenha pois estou ainda processando o que acabei de ler e nada, nenhuma palavra, pode definir tudo que eu senti a cada virada de página.
O que posso falar é que esse é um dos livros (se não O livro) mais bem escritos que já li, uma ficção que mais parece uma biografia e com personagens que você pode jurar que são pessoas reais. Anthony não se poupou nas descrições o que pode ter incomodado muitos, mas isso foi essencial para que eu atribuísse a nota 5/5. Muito estudo de história e cultura por trás de cada simples oração, eu senti que estava no meio da Chechênia, vivendo aquele terror com os personagens, angustiada e com medo do que iria acontecer depois.
Apesar de todos os elogios, não indico esse livro a qualquer um, por conter gatilhos (estupro, abuso de drogas, prostituição forçada, violência exacerbada, tortura física e psicológica, depressão, etc) esse livro pode despertar diversos sentimentos e espero que você esteja preparado psicologicamente para isso.

Por fim, deixarei a frase que mais define essa obra de arte, que se encontra na página 167:
"Vida: um constelação de fenômenos vitais -- organização, irritabilidade, movimento, crescimento, reprodução, adaptação."

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Larissa 01/02/2022

Um livro em que tudo e nada acontecem, com um contexto que demora a ser explicado e histórias que aos poucos vão se entrelaçando.
Gostei de como a história foi contada, indo e voltando no tempo, e como tínhamos migalhas de como seria o futuro no meio do texto.
Alguns momentos arrastados e com muita informação, mas importantes pra construção da história, pra entendermos os motivos e motivações.
Acredito que ainda preciso processar o livro.

"Durante meses, eles tinham percorrido com os dedos a borda da bainha de seu afeto sem uma única vez reconhecer o tecido."
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Giulia 02/04/2022

Inesquecível
Um pouco arrastado em algumas partes, triste, mas muito tocante e com certeza uma história que me marcou.
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Bea 16/03/2020

Uma Constelação de Fenômenos Vitais
Um livro que me deixou muito confusa mas que no final me surpreendeu demais!
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The OC 14/11/2022

Dói na alma
Um livro sobre guerra, tráfico humano e sofrimento. Acho que isso resume tudo. Eu li quando era adolescente e me arrependi, pois é sofrimento atrás de sofrimento! É uma história ok, mas achei sofrido demais.
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Phenricke 17/10/2017

Chorei
Simplesmente perfeito.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 05/09/2016

JÁ LI
A narrativa é focada em Havaa, uma menina de cerca de oito anos de idade que vê seu pai ser levado por soldados chechenos durante a guerra. Depois de ter a casa incendiada, Havaa se refugia em um hospital abandonado, onde passa a ser cuidada por Sonja, uma das poucas médicas que não fugiram ou morreram na guerra. Sonja, por sua vez, não quer estabelecer vínculos emocionais muito profundos com a garota, em virtude das próprias perdas e traumas que sofreu por causa da guerra. Ao longo da estória, Sonja percebe que Havaa tem várias conexões com sua irmã desaparecida e começa a investigar o paradeiro de sua irmã.

A narrativa se desenvolve ao redor desta atmosfera de guerra, violência, perdas e abandonos, e Anthony Marra preocupa-se em trazer romance e esperança mesmo em meio ao drama de ambas. A relação entre Havaa e Sonja vai se estabelecendo aos poucos, e é interessante perceber a evolução emocional de ambas, bem como as tentativas de superar os horrores da guerra.

Gosto bastante de livros que se ambientam em cenários fora do eixo Estados Unidos - Inglaterra, pois acho que nos enriquecem com culturas e pontos-de-vista diferentes. O que me chamou a atenção neste livro foi exatamente este aspecto, onde o cenário de fundo não era os EUA nem a Segunda Guerra Mundial, como é de praxe nas estórias sobre guerra. E, de fato, o livro mergulha nas guerras ocorridas ao longo dos anos na Chechênia, um contexto bem diferente do padrão.

O único problema deste livro, na minha opinião, foi que Anthony partiu do princípio de que nós, leitores, sabíamos do que ele estava falando. Mas não sabemos. (Convenhamos: quem é expert ou, pelo menos, conhecedor, das guerras na Chechênia?). Ele não explica as palavras usadas no livro (em russo? em checheno? não consegui identificar qual idioma era aquele), não aprofunda os conceitos da guerra e não conceitua o pano de fundo da estória. Esta ausência de explicações, ou esta premissa de que não é preciso explicar nada, me afastou, como leitora, das emoções das personagens e de seus conflitos entre si.
Este livro poderia ser maravilhoso, de fazer chorar e emocionar, se o escritor (ou o editor) não tivessem assumido que todos os leitores entendem o cenário político complicado da Chechênia. Eu gostaria de entender, de verdade.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2015/04/ja-li-2.html
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biacesario 04/07/2023

Esse livro traz uma história muito tocante, triste e profunda. É muito interessante a construção feita pelo autor, como cada detalhe se encaixa e reverbera. O que eu mais gostei nesse livro foi o contexto histórico. Para entender melhor o enredo, pesquisei sobre as guerras, conflitos e personagens históricos que eram citados na obra. Então, foi uma leitura bastante enriquecedora e que agregou bastante conhecimento.
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Evy 06/10/2015

É difícil falar sobre certas coisas, normalmente o que você quer falar acaba distorcido em meio a palavras e seus significados que nunca de fato expressam o que sua mente quer explicar. Falar sobre esse livro não é simples, ele não é um romance, ele não é um livro apenas sobre a guerra na Chechênia... de fato, atrevo-me a dizer que esse livro vai mais além disso tudo, esse livro é daqueles que para cada pessoa terá um significado diferente.

Não é uma leitura fácil para aqueles que não gostam de uma leitura mais reflexiva ou que o encaram como um romance, aqui o autor não se limita a isso. Se vê aqui uma dissecação detalhada de cada personagem, situações. Seria interessante o livro terminar de uma forma diferente, deixando-nos ao terminá-lo com uma sensação repleta, e talvez, mais esperançosos. Mas para essa história cada palavra foi necessária. Se aqui houvesse um desfecho diferente faria dessa história apenas uma entre tantas.

No cenário da Chechênia de 2004, intercalando por momentos ao passado passando pelas guerras e suas consequências tidas neste local, o livro nos apresenta Havaa (uma criança, que como informa a sinopse, acaba de ter seu pai sendo levado por soldados russos), Akhmed (um médico fracassado acometido por erros do passado), Sonja (uma amargurada médica de etnia russa), Khassan (um idoso, ex-soldado da segunda guerra mundial, atormentado não só pelos erros do passado, mas pelos erros do filho no presente), Ramzan (filho de Khassan) e Natasha (irmã de Sonja).

A história se intercala entre todos esses pontos de vista, e algo que poderia ter sido confuso, acaba não sendo. Cada personagem daqui se sente como pessoas realmente reais, personagens no qual você acaba se conectando melhor por saber de seus defeitos. Não é que a guerra simplesmente expôs um lado ruim desses personagens, ela apenas expôs nuances deles que já estavam lá, mas que não apareciam com tanta frequência.

Esse livro vale muita a pena ser lido, quando se fecha ele você ainda fica com os resquícios da história por um bom tempo flutuando por sua mente. É impossível algo seu não mudar, você não se questionar certas coisas que você tem dado como certas.

Anthony Marra está de parabéns.

“Talvez nosso amor mais profundo já esteja inscrito dentro de nós, assim seu objeto não cria uma nova palavra, mas, ao contrário, permite-nos ler aquela já escrita."
Ana 09/08/2016minha estante
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eduardamp 18/02/2024

Acho que a minha coisa favorita sobre esse livro é a forma como o autor vai "voltando na história" em outros capítulos explicando e mostrando coisas que se ligam ao que está acontecendo.

É triste ler o desfecho da história, mais ainda se pensarmos no quão realista ela é.
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Lilyan 03/03/2019

Leitura densa e excelente...
Um romance com muitos fatos históricos de 1994 a 2004, a Guerra na Chechenia...o livro mostra a vida, a morte, a luta, e tudo o que o povo, passava. O autor pesquisou muito e foi incrível nas descrições, em colocar tudo isso no romance. A leitura às vezes é densa, cansativa, pelos fatos históricos, pelos sentimentos que passamos, não sei ao certo.
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Evy 30/12/2018

Que grata surpresa!
De volta a Chechênia dessa vez através da imaginação do talentoso Anthony Marra. Embora seja uma ficção (todos os livros que li sobre a Chechênia são relatos sobre a guerra) o livro não deixa nada a desejar, o autor consegui interagir ficção com acontecimentos reais de uma forma bem natural.
Com uma narrativa que me prendeu do começo ao fim, Uma constelação de fenômenos vitais é um excelente livro para quem quer conhecer um pouco soube a guerra da Chechênia sem ter que ler livros jornalísticos ou biográficos.
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Camila Faria 12/09/2018

Uma menina escondida na floresta observa o pai ser levado no meio da noite por soldados russos, enquanto sua casa arde em chamas. A cena também é observada pelo vizinho de frente e amigo da família, que se encarrega de buscar refúgio para a criança num hospital abandonado, onde uma única médica permanece atendendo pacientes e buscando informações sobre a irmã desaparecida. Uma história complexa que se passa entre 1994 e 2004 na Chechênia, um período de grandes conflitos armados entre grupos rivais chechenos e o exército da Rússia (incluindo duas guerras e mais de 150 mil mortos). A narrativa é muito bem amarrada, com personagens cujas histórias de vida se entrelaçam de forma realista e inesperada ~ e é bacana observar como essas revelações vão sendo liberadas aos poucos, ao longo do desenrolar da história (sem aquele vício terrível da “reviravolta” e do “final surpreendente”). Mas, por algum motivo, eu não consegui me conectar muito com o universo criado pelo autor. Não me entendam mal, o livro é super bem escrito e a temática é sensível e tocante, mas achei tudo um pouco morno e acabei demorando tempo demais para ler (o que certamente diminuiu a minha experiência de leitura).

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-23/
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