A Forma da Sombra

A Forma da Sombra Fernando de Abreu Barreto




Resenhas - A Forma da Sombra


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Literatura Policial 20/11/2014

Resenha: A Forma da Sombra, de Fernando de Abreu Barreto
Sempre que preciso tomar o metrô, sinto certo desconforto. Um conjunto de elementos contribui para isso: as plataformas que terminam abruptamente, os trilhos escuros se estendendo até onde alcança a vista, o som algo animalesco produzido pelas locomotivas, os túneis que surgem como bocarras feitas de concreto. As estações têm uma espécie de respiração própria. Os vagões alinham-se à plataforma, cospem passageiros, recebem outros tantos, e lá dentro mãos buscam um lugar para se agarrar enquanto todos são levados para dentro da escuridão, viajando através das veias da cidade.

O protagonista de A Forma da Sombra (Caligo, 116 páginas, R$ 25,00), romance (novela?) de estreia do carioca Fernando de Abreu Barreto, é condutor do metrô. Para ele não há desconforto, e sim um forte senso de pertencimento. Passa seus dias cruzando os túneis, longe da luz. Nos momentos de folga, também se dirige para lá, e passeia em meio às ratazanas e à sujeira, familiarizando-se com a geografia, os respiradouros, os bueiros que conectam aquele mundo ao de cima. Sente aversão ao sol e todas as janelas de seu apartamento são pintadas de preto. Sente-se à vontade apenas na penumbra. Sempre foi assim.

A Forma da Sombra é, em sua essência, uma história de autodescoberta. Narrado em primeira pessoa pelo condutor (cujo nome jamais é revelado), a breve narrativa, dividida em capítulos curtos, o acompanha em suas tentativas de entender quem ou o que é, sua natureza estranha e psicopata. Nessa jornada, cruza com personagens igualmente inominados e situações que o colocam à prova, revelando um violento instinto de sobrevivência.

Leia a resenha completa no site literaturapolicial.com

site: http://literaturapolicial.com/2014/11/17/resenha-a-forma-da-sombra-fernando-de-abreu-barreto/
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Danielle 17/04/2015

Intrigante
A forma da sombra foi um livro que me instigou pela capa, e a sinopse não me desvendava muita coisa, logo, vendo algumas resenhas pude ver que se tratava de um homem que trabalha no metrô e que seria um thriller, então não quis me aprofundar muito para me surpreender com a leitura. Confesso que não aprecio muito livros finos, mas esse me instigou e resolvi começar a leitura tão logo que o adquiri.

A trama tem uma narrativa em primeira pessoa, e nos mostra um protagonista em busca da sua identidade, de descobrir quem ou o quê ele é, e o leitor em nenhum momento é apresentado ao nome do protagonista, um pequeno detalhe que achei interessante.

"Na hora do almoço costumo caminhar pelos túneis até um respiradouro, de onde assisto tudo o que acontece. Escondido entre as pilastras vejo as manchas de vida que ficam impressas no ar."

O protagonista mora na cidade do Rio de Janeiro e é condutor do metrô, o lugar onde passa o dia inteiro longe da luz do sol, da qual ele não gosta nenhum pouco, inclusive as janelas do seu apartamento são pintadas de preto, o que causa vários transtornos com a síndica do prédio. Dentro dos túneis do metrô ele se sente ele mesmo, sem precisar fingir ser o que ele não é.

"...ainda tenho os túneis, meu verdadeiro abrigo. Ali ninguém pode me encontrar. Ninguém seria capaz de me arrancar do lugar onde sou mais real."

O protagonista não sente amor pelas pessoas, tem comportamento anti-social e não sente fome de comida, mas de sangue, ele não tem desejo sexuais normais e sente vontade de morder a pessoa até consumi-lá. Seria ele um vampiro? De início o leitor irá se fazer essa pergunta, mas logo descartará essa possibilidade, e junto com ele vai tentar entender através de sentimentos conflitantes quem ele é.

"A ideia de ser um homem comum me assombra. Mulher, filhos, emprego estável, domingo de praia, tudo diferente do que imaginava. A repulsa ao sol, a incompatibilidade social, características de uma mente desequilibrada, não de um bicho de outra qualidade."

Adoro ler livros que entramos na mente de assassinos, e isso a narrativa em terceira pessoa dificilmente consegue passar.

A leitura é rápida e de fácil compreensão, prendendo o leitor desde a primeira página, li em apenas um dia, tem um conteúdo que deixa o leitor com sentimentos conflitantes, por hora estava amando a leitura e depois ficava com repulsa, mas eu adorei a trama como um todo, possui um final em aberto na medida certa para reflexão, gosto muito de livros assim, me faz ficar com a história na cabeça refletindo a mensagem do autor.


Fernando me mostrou que não é necessário muitas páginas para se escrever uma boa história, mais um livro nacional que adorei ter lido. Um ótimo romance de estréia.

Recomendo a leitura para quem gosta de thrillers e tenha estômago para ler cenas fortes de assassinatos.


site: www.ciadoleitor.blogspot.com.br
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MariaEduarda6 22/06/2015

''Eu sou isso que eu não conhecia e que não sei classificar.'' (P.66)
Um livro que te prende do início ao fim. Você vai conhecendo o narrador e se assustando com o que ela pensa. Talvez ele não seja totalmente humano. Talvez ele seja um animal a procura da caça. Talvez ele seja um psicopata.
Vote no talvez que você confia e corre para ler.
Um ótimo livro, muito bem escrito.

site: http://livrosperfeitosmsoffiati.blogspot.com.br/
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Euflauzino 09/10/2015

Quem ou o que sou eu?

Escolhemos o livro ou o livro é que nos escolhe? Com A forma da Sombra (Caligo, 116 páginas) não aconteceu nem uma coisa, nem outra. Fui mais uma vez agraciado com um presente da amiga Bia Machado. Fiquei matutando sobre o título, sobre a forma como o texto se encadeava, sobre a sombra que o texto produzia em minha mente já delirante, faminta por cada detalhe.

Capítulos curtos em primeira pessoa são, geralmente, de difícil digestão, mas não é este o caso. O autor Fernando de Abreu Barreto (guardem bem este nome) consegue imprimir ritmo e tensão constantes. Não trata o leitor como um indigente literário. Corre riscos. Tem talento de sobra para isto:

“Entre as estações acontecem muitas coisas, há mais vida na escuridão do que na luz. Ali sou verdadeiro, como à noite. Nos túneis soa uma música que não é cantada, ou tocada, é atrito de aço e aço que termina em música...”

Este texto fica gravado atrás das retinas, como quando olhamos de relance para o sol, fechamos os olhos e lá está ele, sua forma negativa, um flash de máquina fotográfica, o farol alto do automóvel em sentido contrário. A forma impressa lá, fantasmagórica:

“E compreendi que não preciso mais de comida. É a vida daquele lugar que me satisfaz. O que fica para trás impresso no ar em alta velocidade, despojo das almas que transitam por ali sem perceber que deixam solta uma parte do que foram, o que somente eu consigo enxergar.”

O narrador não gosta de sol, vive no escuro, trabalha nos túneis da Estação. Lá é seu habitat, lá ele é dono e senhor das sombras e de si mesmo. Quer saber quem é, qual sua natureza. Vai se dando conta ou perdendo completamente a razão, não há como saber. Suas confissões alternam passado e presente. A escrita beira o clássico, consigo perceber cada pensamento, com requintes góticos, de sua luta pela sobrevivência. Isso serviria de justificativa para seus atos?

“Nada é como foi, ou nada era o que parecia, o que não tem importância. É provável que eu não compreenda o sentido da minha existência, que jamais descubra o que sou. Mesmo assim, como para o macaco, o jabuti e o homem, para mim o que importa é sobreviver e eu estou aprendendo.”

site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2015/09/a-forma-da-sombra-fernando-de-abreu.html
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Rodrigo 09/07/2017

A FORMA DA SOMBRA
Uma pequena pérola disponível no Kindle.
Surpreso com o talento do autor. Uma escrita impossível de largar, direta, crua e fluída. Livro pra se ler de uma tacada só.
Uma delicia a descrição da solidão, da anti-sociabilidade do personagem narrador.
Está entre os meus favoritos.
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