Marquim 02/09/2023
#9 - A letra escarlate
Esta obra de Nathaniel Hawthorne foi escrita em 1850. No entanto, ela se passa no século XVII, em Salém. Já no início da obra nos deparamos com uma cena de julgamento público, em que a protagonista, Hester Prynne, nos é apresentada com um bebê (sua filha) em seus braços. Ela é condenada a ficar exposta publicamente por pelo menos três horas a todos os habitantes da região. Depois disso, deverá, por toda a sua vida, carregar consigo um distintivo que a caracteriza pelo pecado cometido: adultério. Assim, a letra “A”, escarlate, bordada em sua roupa, volta e meia aparecerá no decorrer da narrativa.
Eu achei muito interessante o começo da obra em si. No entanto, para que se chegue ao início propriamente dito da narrativa, é necessário perseverança. Digo isso porque o prólogo do livro, “A alfândega”, é, por vezes, cansativo e pode levar o leitor a desanimar e a querer abandonar a obra. Após a leitura de toda a história é que se pode perceber com clareza a importância que esse prólogo teve para a elaboração do drama da vida de Hester.
A aura de mistério que envolve a história da protagonista é também bem construída. No quarto capítulo, mais ou menos, já se sabe quem é o pai da filha de Hester (Pearl). Contudo, isso não torna a história maçante. Os desdobramentos que o “crime” de Prynne tem são mais profundos. Há muitas passagens no texto que me deixaram impressionado. Uma delas diz respeito à duplicidade que uma pessoa pode viver por viver em uma mentira e tentar aparentar algo que não é realmente. O autor diz que quem vive assim leva uma vida miserável, a qual não pode ser descrita.
A condenação de Hester Prynne e a maneira como os transeuntes se comportavam quando de seu julgamento também me levaram a uma reflexão bastante interessante para os dias atuais. A dignidade do ser humano nunca é considerada quando alguém comete algum crime ou pecado. O que se busca sempre é fazer justiça, a qual, na maioria das vezes, é unilateral. Por essa razão, as pessoas riem ou se alegram com a condenação mais cruel possível de uma adúltera, de um assassino, de um ladrão, etc. Não existe espaço nem possibilidade para o perdão. E depois todos fazem campanhas para a difusão do amor, da compreensão do outro, da aceitação do outro como ele é... Que bagunça vivemos atualmente!
Vamos ler, galera!