spoiler visualizarDani 28/02/2024
Num campo negro, a letra a, escarlate
De todos os clássicos que eu li, esse tem a escrita mais deliciosa. Meu livro deve estar colorido de tanta marcação.
Gostei da história, enquanto lia sempre imaginava ela indo para um caminho mais óbvio, mas ela nunca ia para o lado que eu estava pensando. Achei que a vida de Hester seria, para sempre, apenas tortura, que o autor exploraria seu sofrimento ao máximo para extorquir choro do leitor, mas ele não faz isso. Hester é vista por ele como uma pessoa, uma mulher, e ele a acompanha com delicadeza em seu canto oculto.
Entendi porque na época, como diz no prefácio, ele não virou ?best seller?, há bastantes comentários e pensamentos ali que estão muito a frente da época dele.
Dito isso, odiei um pouco o final. ODEIO HOMENS (apesar de estar apaixonada por um), Hester aguentou até o final da sua vida o peso da letra escarlate, de cabeça erguida e determinada a pagar pelos seus ?pecados?. Enquanto isso o homem que deveria dividir com ela o peso do ?pecado? esperou até, literalmente, o ÚLTIMO momento da sua vida para confessar, e ainda ganhou o perdão dela.
No fim, tudo me lembra a frase de Fleabag, ela carregou muitas dores sozinhas, enquanto ele buscava uma para se martirizar até o último momento.