Nise 17/06/2012
Há alguns anos, eu assisti o filme "A letra escarlate" estrelado por Demi Moore, e gostei tanto do enredo que sempre quis ler o livro (considero os livros, "melhores contadores de histórias" que os filmes) mas na época, eu não tinha condições de comprar livros e, lembro também, de não tê-lo encontrado em nenhuma biblioteca que eu frequentava. O tempo passou, a ânsia em ler tal obra enfraqueceu e a leitura tão desejada, foi sendo adiada e adiada...até que, em um belo dia navegando pela net, me deparei com a imagem da capa do "dito cujo". Minha mente vagou para os anos de outrora e, fui tomada por um desejo ainda maior que o antigo de adquirir e ler esta obra. E eis aqui o desejo realizado...
Sim, eu sei que o parágrafo acima se faz desnecessário para quem quer apenas saber minha opinião, mas eu me senti coagida a fazer isso e não encontrei meios de me abster de tal sentimento. As minhas expectativas em uma boa leitura foram grandes; as ótimas criticas que li a respeito desta obra e a ânsia "renovada" em lê-la, fizeram eu esperar muito deste livro...e vocês não podem (ou podem) imaginar a minha decepção ao iniciar a leitura e me deparar com a "A alfandega". Este é o título da introdução de A letra escarlate e aqui, Hawthorne escreve uma "quase" autobiografia, narrando um pouco a respeito de si mesmo em um texto de aproximadamente 40 páginas, que mescla realidade e ficção. Eu aprecio autobiografias e esta, por sinal, é muito bem escrita, a minha insatisfação se deu pelo fato de eu não esperar por isso e também (aqui, talvez minha ansiedade ajudou), por considera-la extensa e repleta de detalhes desnecessários para a introdução do romance. Mas, a leitura da mesma é válida, ela revela detalhes de como originou a história e o autor até se explica sobre o impulso autobiográfico que teve, então, não deixem de ler, mas se estiverem ansiosos pelo romance em si, leiam a introdução por último. PS: Creio que foi o "impulso autobiográfico" de Nathaniel Hawthorne, que me "coagiu" a escrever o primeiro parágrafo da "Minha opinião". Uma punição por meu desânimo inicial... (risos)
A letra escarlate é um romance denso, forte e dramático do início ao fim. É um livro de narrativa reflexiva e de poucos diálogos, escrito de forma poética e linguajar esmerado. Hawthorne envolve o leitor (me envolveu) com uma história de amor, mistério e suspense repleta de detalhes, que impressionam pela realidade exposta. Não é uma leitura suave e em mim, causou angustia, porém, não arrependimentos, pois, passado o desânimo inicial com a introdução (conforme descrito acima) eu devorei cada página do romance. Adorei a trama e principalmente o desfecho final, que é diferente do filme que assisti (apenas não incluam neste "adorei" o destino dado ao amante de Hester. Na minha opinião, o autor "perdeu a mão" e fez uso de um folclore exagerado, o que não me agradou). Eu "super" indico a leitura.
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