Vania.Cristina 16/08/2023
Encontros, desencontros e diversidade
A história começa com a nigeriana Ifemelu indo trançar o cabelo num salão de imigrantes nos Estados Unidos. O trançado demora muitas horas e, enquanto isso, Ifemelu recorda sua vida na Nigéria, o processo de imigração, as dificuldades que vivenciou e como se tornou uma blogueira de sucesso. Intercalando com sua história, acompanhamos também o ponto de vista de Obinze, o primeiro e grande amor de Ifemelu. Estudavam juntos na Universidade de Lagos, na Nigéria, onde se apaixonaram, mas viviam em tempos de ditadura militar, de muitas greves e desemprego, e os jovens estavam sem perspectiva de futuro. Obinze sonhava em se mudar para os Estados Unidos, mas quem acabou conseguindo uma bolsa de estudos estadunidense foi Ifemelu. São forçados, então, a se separar, mas Obinze promete seguir Ifemelu logo que conseguir seu diploma. No entanto, nada acontece como planejaram, e eles acabam perdendo o contato. Treze anos depois, Ifemelu resolve voltar a viver na Nigéria. Ela está trançando os cabelos como antigamente, e está indo em busca de si mesma. No fundo, guarda a esperança de reencontrar aquele homem, o único que um dia foi capaz de compreendê-la. Mas muito tempo passou, muita coisa aconteceu... O livro nos apresenta a cultura e o modo de vida na Nigéria, no final dos anos 90 até hoje. Mostra a perspectiva do imigrante africano nos EUA e em Londres, antes e depois do 11 de setembro. E o mais impressionante: trata do choque cultural, da diferença de perspectiva entre o negro africano e o negro estadunidense. Ifemelu só passa a entender o conceito de raça e a se entender como negra quando chega nos EUA. Na Nigéria, os brancos são poucos e os tons de pele preta são muitos. As palavras mulato e criolo não têm estigma na Nigéria, enquanto que para os americanos são ofensivas. O livro conta uma história de amor, mas também nos fala de superação, de encontros e desencontros, de racismo, de padrões de beleza, de diáspora, do que significou para os negros a eleição de Obama, de diferenças culturais, de diversidade, de política, de religião, do sentimento de submissão vivido pelo imigrante, da dificuldade de estar na pele do outro... Se para o negro americano existe a ideia de "mãe África", para o negro africano existem inúmeras áfricas, terras de enorme diversidade.