O que amar quer dizer

O que amar quer dizer Mathieu Lindon




Resenhas - O que amar quer dizer


9 encontrados | exibindo 1 a 9


jota 08/04/2024

MUITO BOM: conhecendo Mathieu Lindon, que aprendeu o que amar quer dizer com Michel Foucault
Até ler O Que Amar Quer Dizer (2011) conhecia apenas o ator Vincent Lindon, uma celebridade francesa, primo do autor, como descobri depois. Portanto, desconhecia também o pai dele, Jérôme Lindon (1925-2001), importante editor das Éditions de Minuit, que lançou e celebrizou o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), além de publicar também o conterrâneo Alain Robbe-Grillet (1922-2008).

Vários trechos do livro de Mathieu Lindon (nascido em 1955) tratam desses três importantes homens das letras, também de outros escritores por ele apreciados, como Willa Cather, Gustave Flaubert, Thomas Mann, Hermann Hesse etc. e sobretudo de sua descoberta e fascínio pela escrita de Thomas Bernhard, de quem se tornou um fanático leitor.

Mas grande parte do volume é mesmo dedicado ao filósofo Michel Foucault (1926-1984), também historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor, com quem ele conviveu cerca de seis anos. Não que se vá aprender muita coisa do pensamento foucaultiano lendo Lindon, no entanto. Porque seu livro é uma homenagem amorosa ao filósofo, através do qual ele encontrou sua segunda família.

As histórias de Lindon são relatadas sob uma ótica homoafetiva e são muito mais sobre ele mesmo, sua admiração ilimitada por Foucault e seus relacionamentos amorosos, do que sobre o próprio filósofo homenageado. Com quem ele diz nunca ter ido para a cama, que eles eram grandes amigos apenas e isso fica bastante evidente no livro. Que é ainda sobre sua própria família, suas diferenças com o famoso pai editor, a quem, no entanto, também admirava muito.

Em resumo, O Que Amar Quer Dizer é um alentado relato sobre o amor em suas várias formas, amizade, filiação, paternidade, assim como é igualmente sobre literatura, cinema, música, jornalismo, assuntos que Lindon vai focando em todo o desenvolvimento do livro. Que não é sua autobiografia e tampouco a biografia de Foucault, mas sua homenagem a ele, como já foi dito antes.

O leitor tem aqui a oportunidade de conhecer Mathieu Lindon, um personagem real muito interessante, sobre quem muito pouco ou nada sabia até então (eu, pelo menos): como ele viveu sua juventude, marcada por muitos parceiros sexuais e drogas diversas, também por muita atividade artística e cultural, como ele se tornou um importante jornalista francês, sua longa carreira no Libération etc.

Daí que se pode ler tudo quase como um romance passado numa época em que a AIDS surgiu e foi ceifando a vida de vários pessoas importantes ou conhecidas, incluindo Foucault e o grande amigo Hervé Guibert (1955-1991). Duas grandes referências para Lindon, a quem ele muito amou e com quem aprendeu o que amar quer dizer. Assim como aprendeu com seu pai, Jérôme Lindon.

Lido entre 02 e 08 de abril de 2024.

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camilla.thais.3 28/11/2023

Bom livro
Conheci Mathieu no lançamento da livraria travessa em São Paulo. Mathieu é uma figura muito interessante, terno e que inspira simpatia espontânea. Guiada pelo impacto da figura dele iniciei a leitura entusiasmada, porém senti um certo cansaço com o estilo da narrativa, por vezes repetitiva, além de me frustrar por esperar que o livro tivesse mais a voz de Michel Foucault. Por fim achei que o livro não sustentou o entusiasmo inicial, mas vale a leitura.
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regifreitas 14/12/2021

O QUE AMAR QUER DIZER (Ce qu'aimer veut dire, 2011), de Mathieu Lindon; tradução Marília Garcia.

Filho do fundador da famosa Les Éditions de Minuit - editora responsável pela publicação de Samuel Beckett e Marguerite Duras, entre outros - Mathieu Lindon teve a oportunidade de conviver com os principais intelectuais da França em sua juventude. Entre eles, Michel Foucault, que acabou exercendo uma grande influência em sua vida.

Mathieu ficava responsável pelo apartamento do filósofo, na Rue de Vaugirard, quando este viajava a trabalho. Quando Foucault estava presente, o lugar acabava se tornando um ponto de encontro para festas, debates de ideias e viagens de ácido regadas à música clássica.

Minha curiosidade em relação à obra se deveu mais por conta de Foucault do que por Lindon, cujo nome nunca tinha ouvido falar. Vem daí um pouco da frustração com esta leitura, pois o filósofo francês, autor de VIGIAR E PUNIR e MICROFÍSICA DO PODER, embora seja uma figura constantemente mencionada, aparece muito pouco. Grande parte da obra - mais da metade dela - são os relatos das viagens de ácido do grupo que frequentava aquele apartamento, bem como das aventuras e explorações da sexualidade de Lindon, que depois de um tempo acabam ficando repetitivas.

Depois da morte de Foucault, vitimado pela AIDS, o tom se torna mais melancólico e reflexivo. O autor se debruça brevemente sobre a devastação que esse mal acabou provocando naquele grupo. Lindon acabou perdendo muitos dos seus amigos para a doença, vista como uma praga que afetava principalmente a comunidade gay da época, pois era algo relativamente novo, uma enfermidade sobre a qual se tinha muito pouco conhecimento até então.

A leitura valeu mais por conta dessa segunda parte.
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Renata 11/03/2019

O QUE AMAR QUER
Todo mundo que passou parte da juventude carregando aquele livro de capa laranja horrorosa pra cima e para baixo apegado ao conceito de microfísica do poder, é atraído por qualquer coisa que leve o nome ou prometa algo da história de Michel Foucault.
Foucault é personagem importante desta história, contudo não é sua história, mas sim a de sua influência na história de Mathieu Lindon, e também a história da geração deste autor.
Acredito que a maioria de nós só teve acesso à Foucault por meio de suas obras, e estas pouco aparecem ao longo do texto, mesmo que Lindon retrate a si mesmo como um leitor voraz e privilegiado, visto que por ser filho de Jérôme Lindon, o homem da editora Minuit, teve sua adolescência cercada pelos textos e pela presença nos jantares de sua casa de nomes como M. Duras, Bourdieu e principalmente Samuel Beckett, tratado simplesmente por Sam.
A história que Lindon conta é a de sua formação humana, desde sua interminável e torturante adolescência até o ponto em que deixa sua juventude para trás. Entre estes dois pontos estava sua descoberta homossexual, a grande quantidade de drogas utilizadas, as mortes por aids e as dificuldades de relacionamento pai e filho, e em todos estes pontos a figura de Foucault aparece como um mediador.
O ponto que percorre todo o livro é justamente esse, sua formação humana na mediação com a relação paterna, seus modos de amar e as possibilidades de ser amado, e a ampliação destas possibilidades patrocinadas pela amizade com Foucault, e pelo estilo de vida que ele compartilhava no apartamento da rua Vaugirard.
Arthur.Afonso 04/07/2021minha estante
você ainda tem esse livro? Gostaria de ler, mas não encontro me lugar nenhum :(


Renata 17/01/2022minha estante
Imagino, era do catálogo da finada Cosac, não sei se houve outra edição.




Denynha 23/03/2016

Minha opinião:
Esperava mais de Foucault do que realmente li neste livro. Mas, apesar disto, me encantei pelo relato do Mathieu : relato sobre amor, amizade, drogas, literatura e busca de si mesmo.
Pesquisei sobre as referencias e autores que ele citou no livro.
Me emocionei com suas perdas e com seu amor por Foucault e por seu pai.

"Ele não sabe ainda que até mesmo as pessoas que mais amamos e com mais tomamos tanto cuidado podem morrer. É algo que só se aprende vivendo.

"Não quero da minha vida somente os livros mas, mesmo assim, não a imagino sem eles. Eles ocupam o meu futuro."

"Não é só o adolescente apaixonado que põe nas nuvens o objeto de amor: esse morto diante de nós é Michel, qualquer um pode entender que se trata de uma dor fora do comum, que não é fruto da imaginação, um amigo qualquer.

Os seres humanos compartilhavam o mesmo planeta e tinham, assim, um certo grau de acessibilidade, que simplesmente a felicidade era possível, e, de repente,é como se essa descoberta, ultrapassada, já não tivesse importância alguma. Daqui para frente é preciso esperar menos da existência.
Regislayne 18/12/2016minha estante
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Arthur.Afonso 04/07/2021minha estante
você ainda tem esse livro? Gostaria de ler, mas não encontro me lugar nenhum :(




petraios 17/12/2015

o que amar quer dizer?
a escrita do Lindon consegue condensar a eficiência das frases curtas do romance inglês, quase um Graciliano Ramos a um rebuscado senso de detalhe de um Flaubert ou Proust. Suas memórias são encantadoraa não apenas pelo modo como apresenta rotinas, bobagebs e amenidadea de uma amizade e das paixoes cotidianas, mas fundamebtalmente pela forma como são tecidas e costuradas ao tecido dos dias. Conhecer tantos nomes por outros olhos e sabê-los pelos sorrisos entreportas, as brincadeiras e fragilidades, as paixões e ânsias é uma oportunidade rara, algo que não deve ser perdido. A Lindon, meu mais gentil agradecimento.
Arthur.Afonso 04/07/2021minha estante
você ainda tem esse livro? Gostaria de ler, mas não encontro me lugar nenhum :(




Renata (@renatac.arruda) 08/08/2015

O que amar quer dizer
A leitura é tão cativante que prolonguei de propósito para me dar o prazer de tirar um tempinho a cada dia e ler um pouco com calma. Mathieu Lindon escreve um relato sobre o impacto que a amizade com Michel Foucault causou em sua vida, fazendo um paralelo entre a figura do filósofo e a de seu pai, o falecido editor da Minuit Jérome Lindon. Enquanto o pai representa o papel de sujeito reservado, conservador e um tanto distante, que mantém com o filho uma óbvia relação de poder, Foucault aparece como o mentor intelectual que preenche as lacunas paternas, aquele que vai ouvir as histórias do jovem Lindon, encorajar sua atividade sexual, deixá-lo à vontade em um universo de contracultura, descobertas e erudição.

Muitas vezes a imagem que Lindon pinta de Foucault quase parece uma caricatura: o homem mais velho, sábio, sorridente e compreensivo, sempre com uma frase de sabedoria no momento certo, mas longe de ser piegas, fica claro que isso e deve à idealização com que o autor enxergava Foucault, de quem nunca foi amante e com quem nunca compartilhou uma vida cotidiana, apesar de praticamente ter passado sua juventude no apartamento do filósofo na rue de Vaugirard.

Passando bem longe da fofoca e do detalhamento de situações, o livro é uma obra sensível sobre amadurecimento, amizade, amor e perda. Gostei bastante.

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Arthur.Afonso 04/07/2021minha estante
você ainda tem esse livro? Gostaria de ler, mas não encontro me lugar nenhum :(




Paula 29/11/2014

Foucault ao vivo
Adorei esse livro porque pude saber mais sobre Michel Foucault, filósofo que estudei muito quando fazia mestrado e doutorado em processo penal. Os textos de Foucault são muito importantes para o direito, principalmente "Vigiar e Punir" e "A verdade e as formas jurídicas". E em "O que amar quer dizer", ficamos conhecendo o contexto em que as ideias de Foucault surgiram, sua vida pessoal. Por outro lado, o autor, Mathieu Lindon, escreve muito bem e descreve sua época com precisão. Fala muito sobre seu pai, editor de livros muito respeitado, com carinho. "O que amar quer dizer" fala, ainda, sobre as coisas que não dizemos em vida para as pessoas que amamos.
Paula 06/12/2014minha estante
Também escrevi sobre esse livro em http://lolitaimaginario.com


Arthur.Afonso 04/07/2021minha estante
você ainda tem esse livro? Gostaria de ler, mas não encontro me lugar nenhum :(




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