Thaissa 24/08/2020A obra se chamava Mademoiselle ZairaEm 2015 recebi uma proposta que tomei como desafio, resenhar sobre um livro a pedido do autor. O livro chegou e de imediato dei início a minha leitura, no entanto me deparei com uma visão totalmente diferente da que estamos acostumados, a verdade é que eu não havia lido a sinopse do livro por inteiro (nunca o faço, gosto de ser surpreendida e sinopses já são por si muito reveladoras)...
Iniciarei a resenha pela forma física do livro... A leitura é confortável com as páginas amarelas, além das folhas possuíram uma gramatura mais grossa do que de costume. Quanto a arte da capa achei um tanto "feia", definitivamente não compraria o livro pela capa, mesmo com um título que cativa qualquer um que goste do idioma Francês. Ao longo da leitura percebi erros de digitação além de erros de formatação como o estilo itálico em parágrafos que não pertencem a diálogos, e separação de capítulos, tentei achar um padrão para justificar, mas foi uma ação sem êxito.
É verdade quando dizem que um livro pode ser lido mais de uma vez e ser compreendido de formas diferentes, tudo depende do leitor. O pedido foi feito em 2015 e o início da leitura ocorreu no mesmo ano, porém não vingou. A leitura não é fácil ou simples, a história não é boba muito menos fútil, trata de uma realidade melancólica, contada por um narrador inusitado, quero dizer, quem imaginaria uma história contada por um feto? A tentativa foi frustrante seguida de muitas outras, cheguei tentar me desfazer do livro, pois não era uma leitura para mim, até semana passada...
Não podemos dizer que colocar um feto como narrador não seja uma característica inovadora, se existe outro livro assim eu desconheço e parabenizo o autor por tamanha criatividade... contudo por não estar acostumada com essa visão me senti perdida em alguns momentos do livro, e precisava relembrar que se tratava de um feto a contar sua versão.
O livro é dividido em 2 partes durante a gestação e após a gestação, na primeira a narração é intercalada entre narrador-personagem e narrador-onisciente, o feto conta a história da mãe a partir das conversas que tivera com ela previamente e a percepção de suas emoções, já a segunda parte é contada por um narrador-observador.
A segunda parte sem dúvida é mais aconchegante para o leitor pois é mais comum. Porém percebi uma escrita repetitiva, em diversos momentos o autor escrevia um parágrafo com informações já descritas há 20 linhas atrás, tornando a leitura um pouco cansativa, mas nada que um avanço de linhas rápidas não resolva. A sequência cronológica também é um pouco confusa, bem como a separação de capítulos que majoritariamente é feita por anos.
Sobre a história... Mademoiselle Zaira trata de uma história que ocorre entre os anos 50 e 70 no Brasil, mais precisamente Paraná, com famílias e culturas tradicionais, envolvendo violência sexual, preconceito, vingança, abandono... e por isso apresenta uma história extremamente triste, tanto que quando aparece um momento de felicidade no livro ela não consegue ser superior ao sofrimento que os personagens passam ao longo da trama... afinal a vida não é um conto de fadas, pelo menos não para todo mundo. Acho um livro rico em que cada um pode extrair o melhor que achar e para mim, mesmo que talvez não tenha sido o intuito do autor foi a forma como ele tratou o relacionamento entre gestante e feto, envolvendo tentativas de aborto. Quero dizer, um assunto tão polêmico simplificado em poucos capítulos de um livro...
Finalizo minha resenha pedindo desculpas se soei rígida, e despretensiosa. Não é uma leitura que me agrade 100%, todavia o livro é no mínimo interessante e intrigante.