Gustavo Simas 26/12/2018Do not go gentle into that good nightSolidão cósmica, multiversos, emaranhamento quântico, astroteologia, antropocentrismo.
Temas como estes são tratados em "A Ilha do Conhecimento", pelo grande físico brasileiro Marcelo Gleiser.
Utiliza de uma linguagem simples e acessível, elucida os conceitos com analogias e metáforas, e apresenta descrições matemáticas mais elaboradas para os interessados em notas no fim do livro. A obra é fundamentada sobre referências ilustres, Newton, Einstein, Schrodinger, Bohr... a lista é extensa. 3 partes compõem o livro: A Origem do Mundo, A Realidade e A Mente. Como o próprio autor afirma durante a narrativa, sua formação e interesses sempre foram analisar a realidade e o contexto científico sob um olhar filosófico. Religião, espiritualidade, o sobrenatural. Tópicos que surgem ao longo do texto e são abordados de forma integrada aos avanços tecnológicos históricos e reformulações do conhecimento no decorrer das eras humanas.
A História da Ciência é contemplada, com citações de entrevistas/conversas que o próprio Marcelo realizou com relevantes cientistas dos séculos XX e XXI. Mais para o fim, especialmente na 3ª parte, a carga emocional é evidente; Gleiser inclui a ansiedade do não-saber compartilhada por tantos outros que, assim como Sócrates, "só sabem que nada sabem". De todo modo, como um absurdismo de Camus, continuamos a tentar desvendar ou inventar nossa realidade, para expandir, reformular e reciclar nossa inteligência. Em busca de luz. Em busca de sentido.
"Rage, rage, against the dying of the light"