Marcos Pinto 03/12/2015Uma fantasia diferente dentro do mar de igualdadeAtualmente, encontrar um livro original é raro; até mesmo livros que mesclem elementos originais com clichês são difíceis de encontrar. Então, ao começar a ler Magos da Música, fiquei surpreso, pois ele entra exatamente no segundo grupo. Se tratando de fantasia, originalidade é algo ainda mais raro de conhecer.
Logo no início da obra, conhecemos Pietro Jones, um garoto aparentemente normal, mas que está vivendo momentos estranhos e turbulentos. Ele está perto de completar seus dezesseis anos quando certas mudanças começam a acontecer, tanto em sua mente como em seu corpo. Desesperado, ele não sabe o que fazer.
Pouco antes do seu aniversário, Pietro faz descobertas que abalariam qualquer adolescente; primeira: ele é adotado. Segunda: seu verdadeiro pai aparece sem aviso e quer levá-lo embora. Terceira: o seu pai é um poderoso mago da música; ele, por consequência, também é um mago. Desse momento em diante, Jones vai descobrir um mundo que ele sequer imaginava existir.
“– Nós somos uma geração de Magos. Os Magos da Música. Você toca algum instrumento? Sente prazer em fazer música? – indagou-me ele, mas eu só acenei com a cabeça fazendo que sim. – Talvez demore um pouco para entender. Faça suas malas. Pegue somente o necessário, entendeu? Conto-lhe no caminho” (p. 18).
Ao começar a ler a obra, deve-se ter em mente que ela é bem juvenil. Caso o leitor mergulhe no enredo procurando uma fantasia adulta, certamente se decepcionará. Digo isso logo de início porque algumas características da obra são inerentes aos livros juvenis, o que pode causar estranhamento a quem lê apenas livros mais maduros. Entre elas estão o enredo mais simples, narração simplificada e as características dos personagens. Falarei um pouco mais de cada um desses detalhes abaixo.
Em relação ao enredo, devo dizer que ele é bem descomplicado e original. A originalidade advém dos Magos da Música, seres mitológicos que nunca vi na literatura fantástica. Se já existiam, admito que os desconhecia por completo. Basicamente, eles fazem magia enquanto tocam seus instrumentos; a música deles é capaz de fazer maravilhas, desde encantar dragões a vencer inimigos. Já a descomplicação do enredo é devido aos “enfrentamentos” simples e às soluções mais simples ainda. As maiores dificuldades possuem soluções não muito complexas, o que pode irritar um leitor mais crítico. Além disso, temos decisões tomadas baseadas em confiança cega em desconhecidos, amor quase a primeira vista e etc.
Em relação aos personagens, eles não são muito aprofundados. Com exceção do protagonista-narrador, que conseguimos conhecer melhor, os demais conhecemos apenas o necessário para não se tornarem estranhos a quem lê. Visto que a obra é destinada a um público mais jovem, acredito que tal característica pode ser benéfica, visto que deixou a narrativa mais leve e a leitura muito mais rápida, principalmente porque foi aliada a uma escrita direta.
“– Filho, há muito tempo os humanos não acreditam em dragões de nenhuma espécie. Dizem ter sido extintos, assim como os dinossauros, por isso não os veem. Você consegue ver, mesmo sem acreditar, porque é um Mago e todos os magos podem ver dragões” (p. 21).
Em relação à revisão, não tenho o que reclamar. Quanto à parte gráfica, acontece o mesmo. Ela consegue ser simples e bonita. A capa é chamativa – ao menos para mim – e a diagramação tem seu charme, além de ser confortável. Isso torna o livro ainda mais atraente.
Diante dessas características, afirmo que, pesar de eu não ser o público alvo da obra, consegui curti-la. Dificilmente será o livro da sua vida, mas é um bom livro. Alguns aspectos mencionados na resenha podem não agradar a todos, mas quem gosta de fantasia mais juvenil, com soluções simples e enredo descomplicado, certamente gostará da obra.
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http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/09/resenha-magos-da-musica.html