A vila que descobriu o Brasil

A vila que descobriu o Brasil Ricardo Viveiros




Resenhas - A Vila Que Descobriu O Brasil


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Naty__ 06/10/2014

Se você adora histórias, certamente, irá se encantar por esse livro. A obra é escrita por um importante jornalista que teve atuação em diversos diários, revistas e emissoras, tanto no Brasil como no exterior. A bagagem de conhecimento que o autor tem é incrível e sua obra não fica atrás.

Seis anos antes de Pedro Álvares Cabral desembarcar em Porto Seguro, o mundo dividiu-se ao meio. A monarquia portuguesa e o reino vizinho de Aragão e Castela estavam em uma espécie de corrida espacial; estavam dispostos a enfrentar os muitos perigos do oceano. E então começa a disputa por um espaço já reconhecido e por continentes e ilhas que ainda não haviam sido descobertos.

Há muitos anos, filósofos gregos imaginavam que o planeta tivesse uma forma de globo. Porém, essa teoria ficou comprovada através do português Fernão de Magalhães, em 1519. Dessa maneira, ficou comprovada que a Terra não tinha um ponto final e não era um quebra-cabeça ou um mar sem fim. Fernão, ainda, com apenas 14 anos, assinou o Tratado de Tordesilhas, em 1494.

Um dos tripulantes que estava em uma das treze caravelas que viajaram com destino a Porto Seguro, da esquadra de Pedro Álvares Cabral, ficou incumbido de responder as perguntas do reino de Lisboa a despeito do território descoberto em 1500. As ditas terras que pareciam não ter fim.

Em 1562 os tupis, até então vistos como pacíficos, acabaram se rebelando e declarando guerra aos portugueses, avançando para a região da Vila de São Paulo. As demais tribos indígenas se aliaram aos portugueses, enquanto os franceses, sem se dar conta do valor do Tratado de Tordesilhas, e perdido na divisão dos dois países, ficaram praticamente esquecidos.

Navegar era preciso, para obter a certeza geográfica das dimensões do mundo e constatar que, em terras distantes do além-mar, viviam outros povos, com outros costumes e crenças (p.22).

Os colonos costumavam se casar com o maior número possível de índias. Em troca, brancos que possuíam armas e conheciam táticas de guerra ajudavam a garantir a segurança dos povos das tribos.

Com a chegada dos primeiros capitães donatários ao país brasileiro, eles passaram a exigir dos índios compromissos que iam contra sua organização tribal. Uma dessas colisões foi a obrigação da catequese, afrontando sua cultura. Isso originou a realização da Guerra dos Tamoios, uma das mais importantes revoltas, envolvendo não apenas a tribo que sofria com a imposição dos capitães donatários; todas as outras que não admitiam o jugo português, resolveram se aliar, tendo o apoio dos franceses.

Com a chegada dos primeiros colonos a São Vicente, em 1532, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, eles conquistaram o Planalto de Piratininga, onde acabou se tornando a cidade de São Paulo.

Não foi um bom negócio para a maioria das capitanias. Somente duas, Pernambuco e São Vicente, obtiveram relativa prosperidade. Os demais donatários não foram bem-sucedidos por vários motivos, a começar pela falta de recursos e pela falta de braços para a lavoura (p.42).

A cidade de Santana de Parnaíba surgiu em uma fazenda situada a oito léguas de São Paulo, próximo ao Tietê e à Cachoeira do Inferno. Conforme explicação do autor, não existe uma documentação sobre a posse da sesmaria, porém, há indícios de que as terras pertenciam a Manuel Fernandes.

Ainda, o autor relata sobre a rivalidade entre as vilas de São Paulo e Santana de Parnaíba. Porém, sem maiores dimensões. O protesto realizado pela Câmara da Vila de São Paulo quando Santana de Parnaíba ganhou o mesmo status de vila, ficou apenas em reclamações, sem que pudesse ter consequências e medidas posteriores.

A obra é recheada de curiosidades e detalhes ótimos para aqueles que adoram descobrir melhor sobre a origem e o motivo das coisas. E mesmo quem não gosta ficará encantado com a forma que o autor desvenda informações jamais conhecidas por muitos.

É possível notar que Viveiros teve um trabalho regado de muito estudo e dedicação. A obra contém dezoito páginas de referências bibliográficas, além de contar com um índice onomástico. O trabalho é completo e incrível.

Antes de morrer, em 12 de novembro de 1691, o Capitão-mor contribuiu com elevada soma para a construção da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (p.116).


A revisão é ótima, a capa é simplesmente perfeita, chamativa, com cores neutras, mas com destaque pelas imagens contidas nela. A diagramação é incrível. No início da obra, podemos ver o mapa localizando a Vila Rica, os tupis, os rios e, a cada capítulo, pode-se contemplar um pedaço desse mapa. Se você ainda acha pouco, existem ilustrações em todo o livro, fotos dos índios, de moradores das vilas e muitas outras.

Um trabalho riquíssimo de Ricardo Viveiros e publicado pela grande editora Geração que teve o cuidado de se dedicar com a estética desse livro que, com certeza, não deixou a desejar em nada.

A obra é obrigatória aos professores, estudantes e amantes de história; é indicadíssima a todos os outros que não gostam, mas que desejam conhecer um pouco mais sobre como foi, na realidade, o descobrimento do Brasil. Desbravem esse livro, vocês não irão se arrepender.
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