Bruna 25/01/2016 Fingindo é continuação do divertido Perdendo-me, de Cora Carmack, e é o segundo livro da série Losing it, classificada como new adult, mas que, na verdade, é uma comédia romântica. A série é composta por livros independentes, protagonizados por personagens diferentes, e pode ser lida fora da ordem, sem maiores problemas.
Cade Winston é aluno de mestrado em belas-artes e o típico bom moço: estudioso, educado, lindo e prestativo. Apaixonado pela melhor amiga, que está em um relacionamento sério, Cade percebe que é hora de seguir sua vida e partir para outra. E essa chance chega da forma mais imprevisível possível, quando uma linda mulher despenca em sua mesa, implorando que ele finja ser seu namorado diante dos pais. Bizarro, não?
A moça em questão é Max, uma jovem cantora, que trabalha em um estúdio de tatuagem e como dançarina em uma boate. Ela tem cabelos coloridos e várias tatuagens, que corroboram bem para imagem de badgirl. Porém, Max tem pais super tradicionais, caretas e intrometidos, que não aceitariam seu jeito de ser. Quando eles aparecem de surpresa na cidade, e avisam que estão indo para o Café onde ela está, ela fica com medo que eles afugentem seu namorado, Mace, e ao perceber a postura de bom menino de Cade, implora que ele finja ser seu namorado, enquanto o verdadeiro vai embora.
"Meu nome é Cade Winston. Aluno de mestrado em belas-artes, voluntário, abraçador de mães e seu namorado pelas próximas vinte e quatro horas. Prazer em conhecê-la."
Assim começa essa inusitada e divertida história de amor. O falso namoro de Cade e Max aproxima duas pessoas aparentemente incompatíveis, mas que se revelam ser exatamente o que o outro precisava. O relacionamento vai sendo desenvolvido de forma agradável e sem correria. Há uma única cena sensual, muito bem feita e nada vulgar, o que acho que seria no máximo classificação 16 anos.
Fingindo não foi tão engraçado quanto Perdendo-me, e foi mais profundo do que esperei. A história familiar de Max é marcada por falsas aparências, consequências da dor de uma perda de anos atrás. E logo percebemos que o muito do comportamento de 'bom moço" de Cade também é resultado de sua bagagem familiar. Resultado: o namoro falso não é o único momento de fingimento no livro. E isso foi o toque especial da autora. Quantas pessoas fingem ser quem não são, ou, pelo menos, escondem sua própria identidade, por medo da rejeição? Esse tom mais dramático do livro me pegou de surpresa, mas foi uma surpresa positiva, e valeu muito a pena. Porém, o tom principal é a comédia, e por isso, a resolução dos grandes problemas não foi muito aprofundada, apenas encaminhada, ao longo da trama.
“- Sua dor a tornou mais forte. Ela fez de você uma mulher incrível e cheia de vida. A dor fez de nós dois o que somos."
Cade realmente é um bom rapaz, um verdadeiro sonho de consumo, mas também é acomodado em relação a sua vida pessoal, enquanto Max é aquele tipo de pessoa que tem um brilho próprio e especial, que gosta de aproveitar a vida, porém, é submissa aos pais, e se deixa apagar diante deles. Ao longo da trama, observamos os protagonistas crescerem, com Cade aprendendo a lutar por seus objetivos pessoais, e Max a tentar ser como realmente é, diante de todos. Os personagens secundários foram interessantes, sendo os intrometidos e chatos pais de Max os de mais destaques. Bliss e Garrick, os protagonistas do primeiro livro, aparecem, mas sem grandes destaques, apenas para dar o fechamento a paixonite que Cade tinha pela amiga. Também temos Mace, o namorado de Max, que é o típico ‘bonitinho, mas ordinário’, um verdadeiro idiota que não tem nada além de beleza.
O livro é divertido, com um leve tom dramático, uma escrita gostosa e recheada de referências atuais. A narração é em primeira pessoa, intercalando capítulos de Cade e Max, e a história dos protagonistas e seu desenrolar é bem previsível, mas gostosa de acompanhar. Com tudo isso, essa é uma ótima leitura de entretenimento e diversão. Entretanto, houve alguns erros de continuidade que me incomodaram muito, como uma cena na qual Cade se envolve em uma briga e sai ferido, e ninguém menciona os hematomas no dia seguinte (quando ele conheceu os pais de Max).
A diagramação é simples, mas muito bem feita, e a letra tem um tamanho agradável. Vi poucos erros de revisão, que não comprometem a leitura. Não gosto da capa, pois esse modelo Não é o Cade, e acho que ela passa uma ideia errada do livro, pois ele não é hot, como a capa pode levar a imaginar.
“Ele havia me arruinado. Antes eu era como gelo – fria, cortante e sólida. Mas durante semanas, ele me derreteu, e eu odiava isso.”
Recomendo a série, leiam e se divirtam também.
Beijos
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