Anna Laitano 25/07/2015Supera o volume anterior logo nas primeiras páginasApós apaixonar-me por Bliss e Garrick no primeiro volume da trilogia, Perdendo-me, estava mais do que pronta para embarcar na história de Cade, o melhor amigo da ex-protagonista, que agora ganha sua história. Eu estava ansiosa, mas mesmo assim não esperava me apaixonar tão rápido quanto aconteceu.
Desde que Bliss partiu seu coração, Cade está tentando recomeçar. Ele tenta agir normalmente perto da ex-melhor amiga, que agora está noiva do homem que ama, mas é difícil. O que ele nunca esperava é que um encontro esquisito com o casal fosse mudar sua vida para sempre. Porque naquela tarde, naquele café, ele conhece Max.
Max pede que Cade finja ser seu namorado, esperando apenas que seus pais, que chegaram de surpresa, mantenham a imagem que têm da filha. A garota acredita que será fácil, rápido e indolor. Mas seus pais se apaixonam pelo primeiro namorado 'descente' que a filha apresenta e prolongam a estada, fazendo os dois terem que continuar convivendo. E quanto mais eles se conhecem, mais difícil fica fingir e negar o que começam a sentir, contra todas as probabilidades.
Desta vez os protagonistas dividem a narração. Assim, conhecemos os pensamentos confusos, contraditórios e por vezes colidentes de Max e Cade. Incrivelmente, este detalha fez toda a diferença. Porque a partir do momento que podemos observar ambas as perspectivas, acabamos também nos conectando mais e entendendo melhor as motivações de ambos.
Se com Bliss eu expliquei que havia uma comicidade ao nível de fanfictions, Cora aqui nos prova que isso é apenas parte de sua habilidade de construir e entrar na cabeça de seus personagens. Max e Cade não se assemelham à ex-protagonista, com métodos de pensamentos totalmente diferentes, o que resulta em uma escrita mais amadurecida e bastante agradável.
Max é uma rebelde. Mas ela está longe de ser aquele tipo que simplesmente faz o que quer e não se importa com nada nem ninguém. Apesar da fachada decidida, ela tem medos e traumas, tornando fácil que o leitor se empatize por ela.
Cade é um personagem que eu não imaginava que poderia gostar tanto. Contudo, agora estou para dizer que preferiria ele do que Garrick qualquer dia (o que é dizer muito considerando minha queda por sotaque inglês).
Algo que achei muito melhor neste volume, é que os personagens são infinitamente melhor explorados emocionalmente. Seus passados são parte importante não apenas da formação deles, como do desenvolvimento do relacionamento dos dois. Isso dá um toque de realidade que falta em Perdendo-me.
Há traços da história de Max e Cade que se assemelham com Bliss e Garrick, mas, em geral, são bastante diferentes. Incrível como ambos os casais, cada um a sua maneira, me conquistaram. Eu sou chata para romances, sou mesmo e sei disso; entretanto, mais uma vez me vi rendida em poucas páginas, torcendo entusiasticamente pelos protagonistas.
A história do segundo volume é tremendamente mais sexy e mais emocional. Talvez não tão cômica, já que nunca haverá uma personagem tão atrapalhada quanto Bliss, mas mesmo assim Cora manteve o estilo de escrita divertido e provocante que tanto nos conquistou.
Algo que me incomodou foi a cronologia da serialização. Tendo lido Keeping Her, o conto entre o primeiro e o segundo volume, surpreendi-me ao ver que ele aparentemente acontece ou entre os acontecimentos do segundo livro ou depois. Tudo bem, não há nenhum tipo de spoiler no conto sobre o segundo volume, é apenas algo que confunde a cabeça do leitor que gosta de uma linha cronológica bem delineada.
Adoro o padrão da capa, com essa dica de um conteúdo sexy. Mas o que mais amo é o detalhe da tatuagem da Max aparecendo! Além disso, a formatação segue o padrão escolhido para a trilogia, limpo e agradável. A tradução da trilogia, porém, mudou de tradutor. Até que ponto isso é bom? Posso afirmar com toda certeza que a tradução de Polzonoff caiu mais em meu agrado. Não é que não tenha tido uma construção ou outra que não tenha me incomodado, é só que me fluiu mais naturalmente do que a do volume anterior, feita por Death. Ainda assim, me causou estranhamento ver coisas que já haviam sido apresentadas anteriormente, agora reintroduzidas de forma diferente. Não é algo que chegue a incomodar, longe disso; apenas me faz desejar que tivessem mantido o mesmo tradutor — preferencialmente, este — para os três livros.
Pouco a pouco Cora Carmack está se tornando minha autora cura-de-ressaca-literária. Porque quando termino de ler um livro que me deixa sem conseguir ler mais nada durante algum tempo, sei que conseguirei ler suas histórias e me envolver, superando qualquer trauma que tenha passado com a história anterior. Sério, a mulher cura ressacas literárias com seu jeito despretensioso! De qualquer maneira, recomendo este livro totalmente. Se você gostou do primeiro, gostará ainda mais deste; se não gostou do primeiro, há chances de que goste desse, que é ainda melhor. Não há como errar!
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