Bruna 20/04/2015 Samanta é uma jovem de 17 anos que acabou de passar por uma traumática experiência. Encontrada no meio da estrada, suja e ferida, a jovem não tem ideia de onde está, e muito menos de quem é. Ao ser levada ao hospital, ela descobre que estava desaparecida há alguns dias, e que sua melhor amiga, Cassie, ainda não foi encontrada.
Sonhei que caía, caía sem parar, no escuro, repetidas vezes. Ouvi gritos, sons estridentes que deixaram meu corpo todo arrepiado; em seguida, nada, a não ser um som baixo e acalentador que achei reconfortante.
pág. 10
Sam retorna a sua casa, e descobre pertencer a uma das mais ricas famílias da região, e que era a garota mais popular da escola. Ela era a típica adolescente popular mimada, egoísta e cretina com todos, e ao lado de Cassie, praticamente aterrorizavam a escola. Sam era a garota "perfeita": linda, rica, com amigas leais (invejosas e imitonas) e um namorado perfeito, Del. Mas não consegue se conectar com nada disso, nem com ninguém de quem era próxima. As únicas pessoas com quem ela se sente a vontade são seu irmão gêmeo, Scott, e com Carson, o filho do empregado de sua casa, e seu melhor amigo de infância. O estranho (para os outros) da situação é que tanto Scott quanto Carson são pessoas a quem Sam tratava super mal.
A relação de Sam e Cassie pode ser definida como algo do tipo Amigas e Rivais. Elas estavam sempre juntas, se vestiam de forma parecida, uma influenciava muito o comportamento da outra, mas essa amizade não era tão perfeita assim. Conforme Sam vai descobrindo, ela tinha uma relação meio de amor e ódio com Cassie, amizade e inveja.
Enquanto tenta retomar sua vida, Sam se esforça para se recuperar a memória e assim, ajudar a encontrar Casssie. Ela começa a ter flashs, mas não sabe se são lembranças ou alucinações, e começa a encontrar bilhetes misteriosos, que parecem indicar, que talvez não goste tanto assim do que pode se lembrar. Enquanto luta para recuperar sua memória, ela mergulha no desespero de separar o real do imaginário, e nem os leitores conseguem identificar se realmente existe uma ameaça, ou se tudo não passa de delírios de uma mente perturbada.
A autora tem uma escrita dinâmica e envolvente, e com a narração em primeira pessoa, ela conseguiu me fazer sentir a agonia e desespero de Sam. Eu ficava me perguntando como seria estar nessa situação, de não se lembrar de nada, e ainda por cima descobrir que era uma pessoa detestável. Os personagens são bem construídos, em especial a protagonista. Foi super interessante acompanhar o conflito entre o que pensa e deseja a Nova Sam, com o que se esperava dela, de acordo com o comportamento da Antiga. Sua repulsa por esnobismo e grosseria a afasta das "amigas", sua atração por Carson fica cada vez forte, e há o estranho e misterioso comportamento de Del, que faz o possível e impossível para não permitir que o namoro com Sam acabe.
(...) nada estava bem, e nunca ficaria. Eu estava presa àquela vida da qual não me lembrava, presa no corpo daquela garota, a tal Samanta Jo Franco e, quanto mais eu descobria a respeito dela, mais eu começava a detestá-la.
pag. 37
Várias perguntas são levantadas, e geram aquele ar de mistério: Onde está Cassie? O que aconteceu com as meninas, na noite em que desapareceram? O que há por trás dessa amizade torta? Sam está correndo algum perigo, do qual precisa se lembrar? Todas essas questões foram respondidas de forma convincente, e para algumas delas, era possível ir inferindo a resposta, com as pistas que a autora ia deixando. E toda a história foi sendo amarrada para um final foi realmente muito bom, não foi muito surpreendente para mim, mas perfeito e coerente. Entretanto, teve apenas uma coisa que achei mal explicada, porque em uma das lembranças de Sam dava a entender uma coisa que não foi bem explicado depois, mas não posso falar o que, pois seria spoiler. Porém não foi nada que comprometesse a compreensão e fechamento do livro.
A diagramação está muito bem feita, com papel amarelado e letra grande e confortável. Não vi erros de revisão, mas alguns termos da tradução me incomodaram, como usar a palavra Abrigo para Casaco. A Farol novamente arrasou na capa, que simula um dos bilhetes misteriosos que Sam recebia. Inclusive o título do livro é o início do primeiro bilhete.
Eu recomendo muito o livro, mesmo para quem não curte suspenses, pois não é pesado ou assustador, muito pelo contrário, é um livro juvenil com alguns mistérios a serem resolvidos, e uma trama dinâmica e fácil de acompanhar.
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