Caroline Gurgel 18/11/2014Leitura maravilhosaEu tenho feito constantemente anotações na minha cabeça dizendo que vou deixar de ser coração mole e passar a dar 5 estrelas somente a livros excepcionais, com escrita impecável e blá blá blá. Então me deparo com uma história emocionante e todos os meus planos caem por terra. Não sou imune à emoção, não ainda - e talvez não queira nunca ser.
Mar da Tranquilidade é um romance voltado para o público jovem-adulto que conta a história de Nastya, uma garota de 17 anos, cheia de segredos e mistérios, que muda de cidade e passa a se esconder sob roupas pretas e muita maquiagem, não quer ser vista, não quer piedade, não quer nada de ninguém e não fala uma palavra desde um certo acontecimento cerca de três anos antes. Nastya perdeu o que tinha de mais precioso e se sente morta, até que vê em Josh, um garoto que também se esquiva de todos e sofre ainda a perda de sua família, um pouco de si mesma. Sem perceber, começa a entrelaçar sua vida na dele e surge uma linda história, construída dia a dia, passo a passo, batalha por batalha. Poderá um ser a salvação do outro?
A narrativa é feita em primeira pessoa, em capítulos que se alternam entre os pontos de vista de Nastya e Josh, em um ritmo bem lento, porém deliciosamente gostoso. É incrível quando o autor consegue a proeza de escrever uma história sem pressa alguma e ainda assim torná-la prazerosa.
Os personagens são extremamente cativantes e vão lhe conquistando e lhe envolvendo ao longo da trama. Fico encantada quando consigo sentir como se estivesse dentro deles, como se eu fosse parte de tudo, como se a dor deles também fosse minha, cada pequeno sorriso também fosse meu, como se eu tivesse uma pontinha de participação em cada batalha vencida. Estar na pele deles me fascina e Mar da Tranquilidade me proporcionou isso.
A personalidade dos personagens é muito bem construída, sem ser óbvia demais, certinha demais ou errada demais. São palpáveis, são críveis, têm mais de um lado, são reais. A princípio parece que serão clichês estereotipados, mas prova-se o contrário, mesmo com os secundários. E aí preciso abrir espaço para falar de Drew. Que personagem maravilhoso! Drew é um amigo perfeito da maneira mais esquisita que você possa imaginar. Pensei que iria odiá-lo, terminei amando-o.
Passei a amar cada gesto de Josh, cada trapalhada de Drew, cada desenho de Clay, cada movimento de Nastya. Deu para amar até seus bolos e cookies, os jantares na casa dos Leighton... deu para se enfarar de sorvete, sentir o cheiro do verniz e o cansaço das corridas... deu para visualizar o clarão da garagem de Josh em plena escuridão da noite. Deu para sentir tudo, e mesmo com toda a dramaticidade, a narrativa não é depressiva. É triste, nos aperta o coração, mas estamos sempre esperançosos e cada pequena conquista nos conforta e nos aquece.
Recomendo de olhos fechados essa bela história que fala de perdas, recomeços, fraquezas, medos, angústias... fala de dor, de luto, da importância de acreditar, de esperar, de saber ouvir, de ser paciente... fala de amizade e de quanto ela pode tirar alguém da escuridão... fala, especialmente, de amar, do amor que não se prevê, que não se programa, do amor que simplesmente acontece. Do amor que emociona. Cinco lindas e românticas estrelinhas.
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