Tiago sem H - @brigadaparalela 20/12/2014Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte e, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho. Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente. Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico e um senso de humor inabalável, ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência.
O autor Andy Weir faz então sua primeira incursão como escritor abordando um tema que chama a atenção dos leitores e num campo que ele conhece bem. Andy é um nerd de carteirinha quando o assunto é física relativista, mecânica orbital e assuntos referentes ao universo e isso se torna claro ao ler Perdido em Marte.
Os primeiros capítulos do livro temos o diário de bordo do então sobrevivente Mark Watney e somos apresentados aos termos técnicos envolvendo a conquista espacial, porém, a forma como Mark descreve os equipamentos é muito divertido e acessível ao público leigo, além de tornar claro logo de início de que o humor irá permear a história.
Outro ponto que o livro me cativou (nisso puxarei sardinha para o meu lado) é a de que Mark além de engenheiro, também é botânico e vê descobre na botânica uma forma de aumentar seu prazo de vida no planeta vermelho: ele literalmente começa a plantar batatas em Marte. Demais campos da ciência também serão responsáveis pela sobrevivência do nosso personagem, como a química e até mesmo a física.
À medida que vamos lendo o diário de bordo, vamos nos saturando da história e nem mesmo o humor do personagem consegue fazer a história engrenar e compromete a fluidez do livro. Andy então utiliza de sua carta na manga para manter o ritmo dinâmico da história: ele começa a revesar entre o que está acontecendo em Marte e na Terra. Nesse ponto somos apresentados aos personagens que trabalham na NASA, bem como, os outros tripulantes que estiveram no planeta vermelho com Mark e estão voltando para casa. A narrativa fora de Marte se torna muito mais interessante do que dentro dele, o que pode ser apontado como uma falha da obra em certos pontos.
Citações de cultura Pop são frequentes ao longo da história como a citação de Aquaman e do Conselho de Elrond (Senhor dos Anéis). Mark também é "obrigado" a ter que ver programas da década de 70 e ouvir músicas da dance music para passar o tempo e para quem adora essa época (vulgo eu) acaba ficando mais ambientado na trama.
O roteiro do livro dá todas as informações e detalhes para que o leitor construa em sua própria cabeça os eventos, caso a obra fosse adaptada para o cinema. Então, quando você termina a leitura, você descobre que o livro será adaptado para os cinemas pelo diretor Ridley Scott (Alien, Gladiador, Prometheus) e terá Matt Dammon (Tom Ripley, Trilogia Bourne, Invictus, Elysium) vivendo Mark (o engraçado é que durante a leitura, fui construindo a visão do personagem justamente em cima do ator).
Com um tema que desperta muita curiosidade, Perdido em Marte não chega a ser um livro inovador, que mudará os paradigmas da ficção científica, mas que promete uma leitura leve, com uma dose de informação técnica acessível a maioria dos leitores e um humor que agrada, se tornando portanto um bom livro para entretenimento.
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