Eduars 31/07/2009
Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja
Os quatro doutores do Ocidente
Gregório
Gregório também foi influente na vida pública, foi prefeito de Roma, mas logo trocou tudo isso para se tornar um monge. Seus recursos financeiros foram usados para estabelecer vários mosteiros, tanto em Roma como na Ilha Sicília. Sua vida monástica foi interrompida quando o Papa Pelágio o indicou para servir como representante episcopal em Constantinopla. Este serviço durou sete anos e proporcionou que ele se familiarizasse com a teologia, a espiritualidade e a vida eclesiástica. A exegese de Gregório era alegórica, argumentava que na compreensão da escritura sagrada, tudo quanto não se opõe a uma fé sadia não deve ser rejeitado. Gregório não era um erudito, e sim, um pastor.
Agostinho
Agostinho é considerado por muitos como o maior dos pais da igreja, tanto o nome quanto o pensamento de Agostinho é bem conhecido pela maioria das mentes modernas. Agostinho viveu uma verdadeira peregrinação espiritual, viveu de modo que suas lutas pessoais espelham a realidade de nossos dias. Ele manifestou muito de seus questionamentos em seu livro “Confessions” (Confissões). Agostinho amava comida, sexo e amizades, de fato, o próprio amor, ele se viu em uma onda descontrolada de amor e lascívia, os quais se mesclavam em união profana. Nesta época estava frustrado por não conseguir entender a Bíblia, e viu nos maniqueus a oportunidade de entendê-la. Porém, Agostinho foi atraído pela exegese de Ambrósio e, mais tarde, condenou os ensinos dos maniqueus. Agostinho, por fim, encontrou o que tanto almejava e acabou servindo como bispo na cidade de Hipo.
Jerônimo
Jerônimo era um homem de contrastes, alguns o descrevem como: afável e violento, gentil e rude, impulsivamente orgulhoso e infantilmente humilde, um homem de ódios profundos e paixões doentias. Jerônimo era o único pai da igreja que conhecia bem o hebraico, ele estudou os clássicos de Virgílio e Cícero, mais tarde aprendeu também o grego; sua obra mais famosa é a tradução dos textos hebraicos e parte do Novo Testamento para o latim, mais tarde conhecida como Vúlgata.
Ambrósio
Ambrósio foi governador de uma província italiana, mas logo se viu escolhido para substituir o bispo Ariano Auxêncio, então bispo de Milão. Ambrósio possuía boa reputação e era considerado um homem integro e imparcial dentro do governo romano. Seu conhecimento do grego o ajudou no ministério cristão da exegese, no entanto, os intérpretes modernos sentem dificuldade no aspecto de sua hermenêutica. A exegese bíblica de Ambrósio é mais claramente expressa em seu comentário sobre Lucas, este é o maior comentário que temos de sua autoria que, infelizmente, ainda esta para ser traduzida.
Os quatro doutores do Oriente
João Crisóstomo
João pensou em ser advogado, mas foi convencido que Deus o tinha chamado para uma vida monástica. Crisóstomo exalta particularmente as epístolas de Paulo, ele as estudava para usar como escudo contra a falsa doutrina e como reservatório de sabedoria para uma vida saudável. Ele foi bispo de Constantinopla, porém, foi expulso dessa cidade por ordem do imperador Arcádio em 404. Nos quatro anos seguintes viveu de forma rigorosa e severa, ficou isolado nos altos das montanhas da Armênia e morreu em 407. Nos últimos anos João escreveu sua obra final intitulada “On the providence of God” (Sobre a providência de Deus).
Basílio o Grande
Basílio estudou em Atenas e ali mergulhou na arte da retórica, adquirindo com isso um profundo conhecimento, isto fez com que ele fosse líder de uma comunidade monástica, pastor, bispo e teólogo. Foi professor de retórica na Universidade de Cezaréia, mas seu período como professor foi curto. Como se fosse despertado de um sono, Basílio se entregou a sua vocação. Visitou vários mosteiros e ficou impressionado com o que viu. Entre os empreendimentos de Basílio podemos atribuir a ele: a instalação de importantes comunidades monásticas na Capadócia, o desenvolvimento de um código monástico e a defesa da plena divindade do Filho e do Espírito Santo, e também o de implicações da doutrina trinitária. Basílio realizou tudo isso em uma vida de cinqüenta anos.
Gregório de Nazianzo
O grande desejo de Gregório durante toda sua vida foi buscar a solidão, este ansiava por liberdade para estudar em paz e resmungava contra o desejo daqueles que queriam que ele assumisse a liderança pastoral. Gregório acabou sendo bispo de Constantinopla, porém, em 381 renunciou ao seu episcopado, pois não quis se envolver na controvérsia que se levantara sobre a legalidade canônica da sua indicação como bispo. Ele estava profundamente desapontado com Constantinopla e sentiu um profundo alivio ao retornar ao seu lar. Quando retornou a Nazianzo ministrou por um curto período de tempo e, finalmente, alcançou seu antigo desejo: retirou-se para uma vida de solidão e oração na propriedade da família em Arianzo, onde morreu em 390.
Atanásio
Atanásio travou duras batalhas teológicas, políticas e eclesiásticas. Duas obras importantes que ele deixou a nossa disposição são: On oration against the heathen (Um discurso contra o incrédulo) e On the encarnation (Sobre a Encarnação), estas sendo escritas antes dos seus vinte anos de idade. Atanásio foi Bispo de Alexandria e lá travou árdua batalha contra os ensinamentos teológicos do presbítero Ário. Por causa de sua posição firme Atanásio foi exilado cinco vezes, porém, defendeu até o final de sua vida que Deus havia entrado em união com a natureza humana por meio de Jesus Cristo. A batalha entre os dois e seus seguidores intensificava e crescia ao decorrer dos anos. Atanásio serviu também como líder de uma comunidade monástica, e lá cumpriu funções de pastor.