Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja

Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja Christopher A. Hall




Resenhas - Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja


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Eduars 31/07/2009

Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja
Os quatro doutores do Ocidente

Gregório


Gregório também foi influente na vida pública, foi prefeito de Roma, mas logo trocou tudo isso para se tornar um monge. Seus recursos financeiros foram usados para estabelecer vários mosteiros, tanto em Roma como na Ilha Sicília. Sua vida monástica foi interrompida quando o Papa Pelágio o indicou para servir como representante episcopal em Constantinopla. Este serviço durou sete anos e proporcionou que ele se familiarizasse com a teologia, a espiritualidade e a vida eclesiástica. A exegese de Gregório era alegórica, argumentava que na compreensão da escritura sagrada, tudo quanto não se opõe a uma fé sadia não deve ser rejeitado. Gregório não era um erudito, e sim, um pastor.

Agostinho


Agostinho é considerado por muitos como o maior dos pais da igreja, tanto o nome quanto o pensamento de Agostinho é bem conhecido pela maioria das mentes modernas. Agostinho viveu uma verdadeira peregrinação espiritual, viveu de modo que suas lutas pessoais espelham a realidade de nossos dias. Ele manifestou muito de seus questionamentos em seu livro “Confessions” (Confissões). Agostinho amava comida, sexo e amizades, de fato, o próprio amor, ele se viu em uma onda descontrolada de amor e lascívia, os quais se mesclavam em união profana. Nesta época estava frustrado por não conseguir entender a Bíblia, e viu nos maniqueus a oportunidade de entendê-la. Porém, Agostinho foi atraído pela exegese de Ambrósio e, mais tarde, condenou os ensinos dos maniqueus. Agostinho, por fim, encontrou o que tanto almejava e acabou servindo como bispo na cidade de Hipo.

Jerônimo


Jerônimo era um homem de contrastes, alguns o descrevem como: afável e violento, gentil e rude, impulsivamente orgulhoso e infantilmente humilde, um homem de ódios profundos e paixões doentias. Jerônimo era o único pai da igreja que conhecia bem o hebraico, ele estudou os clássicos de Virgílio e Cícero, mais tarde aprendeu também o grego; sua obra mais famosa é a tradução dos textos hebraicos e parte do Novo Testamento para o latim, mais tarde conhecida como Vúlgata.

Ambrósio


Ambrósio foi governador de uma província italiana, mas logo se viu escolhido para substituir o bispo Ariano Auxêncio, então bispo de Milão. Ambrósio possuía boa reputação e era considerado um homem integro e imparcial dentro do governo romano. Seu conhecimento do grego o ajudou no ministério cristão da exegese, no entanto, os intérpretes modernos sentem dificuldade no aspecto de sua hermenêutica. A exegese bíblica de Ambrósio é mais claramente expressa em seu comentário sobre Lucas, este é o maior comentário que temos de sua autoria que, infelizmente, ainda esta para ser traduzida.

Os quatro doutores do Oriente

João Crisóstomo


João pensou em ser advogado, mas foi convencido que Deus o tinha chamado para uma vida monástica. Crisóstomo exalta particularmente as epístolas de Paulo, ele as estudava para usar como escudo contra a falsa doutrina e como reservatório de sabedoria para uma vida saudável. Ele foi bispo de Constantinopla, porém, foi expulso dessa cidade por ordem do imperador Arcádio em 404. Nos quatro anos seguintes viveu de forma rigorosa e severa, ficou isolado nos altos das montanhas da Armênia e morreu em 407. Nos últimos anos João escreveu sua obra final intitulada “On the providence of God” (Sobre a providência de Deus).

Basílio o Grande


Basílio estudou em Atenas e ali mergulhou na arte da retórica, adquirindo com isso um profundo conhecimento, isto fez com que ele fosse líder de uma comunidade monástica, pastor, bispo e teólogo. Foi professor de retórica na Universidade de Cezaréia, mas seu período como professor foi curto. Como se fosse despertado de um sono, Basílio se entregou a sua vocação. Visitou vários mosteiros e ficou impressionado com o que viu. Entre os empreendimentos de Basílio podemos atribuir a ele: a instalação de importantes comunidades monásticas na Capadócia, o desenvolvimento de um código monástico e a defesa da plena divindade do Filho e do Espírito Santo, e também o de implicações da doutrina trinitária. Basílio realizou tudo isso em uma vida de cinqüenta anos.

Gregório de Nazianzo


O grande desejo de Gregório durante toda sua vida foi buscar a solidão, este ansiava por liberdade para estudar em paz e resmungava contra o desejo daqueles que queriam que ele assumisse a liderança pastoral. Gregório acabou sendo bispo de Constantinopla, porém, em 381 renunciou ao seu episcopado, pois não quis se envolver na controvérsia que se levantara sobre a legalidade canônica da sua indicação como bispo. Ele estava profundamente desapontado com Constantinopla e sentiu um profundo alivio ao retornar ao seu lar. Quando retornou a Nazianzo ministrou por um curto período de tempo e, finalmente, alcançou seu antigo desejo: retirou-se para uma vida de solidão e oração na propriedade da família em Arianzo, onde morreu em 390.

Atanásio


Atanásio travou duras batalhas teológicas, políticas e eclesiásticas. Duas obras importantes que ele deixou a nossa disposição são: On oration against the heathen (Um discurso contra o incrédulo) e On the encarnation (Sobre a Encarnação), estas sendo escritas antes dos seus vinte anos de idade. Atanásio foi Bispo de Alexandria e lá travou árdua batalha contra os ensinamentos teológicos do presbítero Ário. Por causa de sua posição firme Atanásio foi exilado cinco vezes, porém, defendeu até o final de sua vida que Deus havia entrado em união com a natureza humana por meio de Jesus Cristo. A batalha entre os dois e seus seguidores intensificava e crescia ao decorrer dos anos. Atanásio serviu também como líder de uma comunidade monástica, e lá cumpriu funções de pastor.

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Vieira 01/02/2021

Uma abordagem à Patristica
Atanásio foi um homem piedoso e grande guerreiro da fé. Apologista que foi, combateu a heresia ariana.

Gregorio de Nazianzo foi um teólogo. Mas tambem foi um "poeta cristão". Homem pacato que gostava da solidão mas que ao mesmo tempo não conseguia fugir do seu chamado pastoral. Foi um dos grandes defensores da doutrina trinitaria.

Pastor, bispo e teólogo, Basílio compôs com Gregorio de Nissa e Gregorio de Nazianzo, o trio conhecido como Os três capadocios. Defendeu a divindade do Filho e do Espirito e foi um guerreiro na defesa da trindade contra a heresia ariana. Como hermeneuta, posicionou-se contra uma interpretação alegórica da Biblia, preferindo como correto a interpretação literal.

João Crisostomo foi um dos grandes pregadores e exegetas da igreja. Formado na tradição antioquena, advogava contra o método alegórico. Era homem decidido em suas convicções.
Rendeu-se ao ascetismo de tal forma que teve prejuízos a saúde.
Crisostomo devotou sua vida a busca da correra interpretação das Escrituras. Sua capacidade de interpretação e aplicação doas verdades biblicas deixou para a posteridade um rico acervo de pregações, homilias, comentários.

Ambrósio foi governador de uma província romana antes de tornar-se bispo. Dedicou-se ao estudo das escrituras e muito o ajudou o fato de saber o grego. Defendia que o texto bíblico possuía tres sentidos: literal, alegórico e anagogico. Seu contato com Agostinho ajudou este ba superação do seu desalento com as escrituras.
A hermenêutica de Ambrósio a luz da alegoria apresenta muitas dificuldades pois deixa o texto aberto aos caprichos e subjetivismos do intérprete.

Jerônimo é conhecido com o erudito mais eminente entre os pais. Grande exegeta, Jeronimo também é dito como exemplo da graça de Deus atuando em todas as contradições e ambiguidades do ser humano.
Habilitado no grego e hebraico, Jeronimo tambem foi responsável pela tradução de partes do hebraico e do Novo testamento para o latim, a Vulgata. Como outros pais, Jeronino não escapou de olhar pra o texto biblico dentro de uma perspectiva alegórica.

Agostinho é sem dúvida um dos mais emblemáticos pais da igreja. Sua história de lutas contra o vício sexual e toda a perversão do desordenamento dos seus amores se parecem com a história de muitas outras pessoas. Envolveu-se com o maniqueísmo - grupo gnóstico, dualista - aos quais passou a criticar posteriormente. Agostinho lutou durante a vida contra suas paixões sexuais desordenadas. Seus questionamentos sobre o porquê que fazemos o errado mesmo sabendo errado, ou qual a origem do mal, identificam-o com muitos de nós. Seu encontro com Ambrósio e sua visão alegorica foi importante para levar Agostinho a entender certas passagens da Biblia que ele entendia muito difíceis como por exemplo,  Deus em uma visão materialista com braços e pernas. Ambrósio explica que certos textos precisam ser enxergados dentro de um sentido espiritual. A história da conversão de Agostinho é emblemática. Sua leitura de Paulo o conduziu a Cristo.  Autor de Confissões onde narra tambem sua história. Foi Bispo de Hipo. Grande exegeta, deixou um enorme acervo de exegese de Genesis, Salmos, O evangelho de João.

Gregorio o grande parece ter sido um homem muito inclinada à reclusão, oração e ascetismo. Com recursos proprios fundou varios mosteiros. A mando do Papa tornou-se emissário em Constantinopla. Quando da morte do Papa foi o logo visto como substituto daquele, algo que muito o desagradou pois preferia a solidão longe das questões seculares. Como alguns pais da igreja, Gregário tambem olhou para o texto biblico alegorizando-o. Porém sua pericia exegetica a sua argúcia legaram à Igreja homilias muito ricas que valem a pena conhecer. Gregorio era acima de tudo um Pastor de almas.

A exegese em Alexandria usou e abusou da alegoria ao olhar para o texto biblico. Em muitos casos a alegoria soa por demais forçada. Homens como Irineu, Filo, Justino, Orígenes interpretaram passagens do Velho testamento dando a ele um sentido mais profundo, alegórico. De qualquer forma, ante o perigo interpretatibo dos gnósticos, homens com Irineu usou a alegoria como forma de ''proteger" o antigo testamento do dualismo platonico daqueles.


Orígenes como muitos eruditos da escola de Alexandria não escapou de olhar para as Escrituras dentro de uma perspectiva alegórica. Sua hermenêutica por vezes mostra-se extremamente forçada tentando achar um sentido oculto em passagens que achava difícil interpretar literalmente. Clemente seguiu caminho semelhante. De qualquer forma Orígenes dedicou-se ao estudo da Biblia e recomendava que seus alunos dedicassem tempo a leitura, meditação e oração. Apesar da alegoria por vezes exagerada, Origenes destaca um ponto importante: ele vê o Espírito santo presente em toda a Biblia.

Deodoro de Tarso, exegeta da Escola de Antioquia recusou olhoa para o texto bíblico como alegoria. O fato de Alexandria ser mais alegórica não significa que abandonou o sentido literal. Da mesma forma  a escola de Antioquia advogava o sentido literal do texto escrituristico mas não deixou de usar a alegoria em algum sentido e com ressalva e critérios (onde o texto se mostrar símbolico deve ser interpretado assim). Obviamete na perspectiva de Deodoro a alegoria trazia para o texto significados estranhos uma vez que acabava por negligenciar a historicidade do escrito. Deodoro vai ressaltar a teoria, sentido mais alto do texto. O sentido literal tem primazia na narrativa pois esta alicerçado na historia.

Teodoro de Monpsuestia foi um dos representantes da Escola de Antioquia. Recusou a alegoria alexandrina e preferiu ver no texto a teoria. Quando aborda a alegoria que Paulo faz de Hagar e Sarah diz que na verdade Paulo fez uma comparação com elementos reais, históricos. Em sua opinião a alegoria amputa a essencia da mesnagem biblica pois ela (a alegoria) ignora a exatidão histórica da biblia ao procurar um ''sentido espiritual" além daquele que o texto já deixa claro. Teodoro aponta uma perspectiva exegetica "hiperbolica" quando por exemplo diz que ao se analisar a Palavra de Deus à Davi ou a Zorobabel, a mensagem exibe um ''exagero" pois aponta para alguém maior (Cristo). Ressalta a tipologia nos escritos veterotestamentarios.


Riqueza e probreza
A Escola de Alexanadria e a de Antioquia também levou seus representantes a abordarem a questão da riqueza e da probreza. Independente da alegoria e da literalidade com o que os pais olharam para o texto do Jovem Rico todos os pais ''acreditam que Jesus está advertindo
seus ouvintes de que as riquezas são um dinamite espiritual. Dinheiro e pos?ses muito facilmente tornam-se o foco dominante da riqueza como objeto de
devoção e sujeição. Se alguém deve exercitar um desejo imoderado, ilimitado,
que seja Deus e ninguém mais".
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Duda 25/02/2024

Achei super interessante e o li por recomendação do Marcos Granconato. Algumas partes, por não estar acostumada a este tipo de leitura, senti dificuldade na interpretação das ideias destes teólogos da época. Mas é necessário para entender a história da igreja.
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