Dez Dias que Abalaram o Mundo

Dez Dias que Abalaram o Mundo John Reed




Resenhas - Dez Dias que Abalaram o Mundo


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Fatima.Caitano 08/03/2020

Relato escrito por John Reed sobre a Revolução Russa de 1917
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Ronan 10/01/2020

Fundamental para o entendimento da Revolução Russa
A Revolução Russa, ou melhor, as Revoluções Russas, são um tema bastante complexo como toda e qualquer Revolução. Esquadrinhar todos os atores, tendências e correntes que urgem por mudanças em uma sociedade não é tarefa fácil, bem como compreender quais deles se colocam favoráveis à manutenção do antigo status quo. John Reed, apesar de ser notadamente um socialista, enquanto jornalista, consegue um bom grau de precisão em suas descrições do movimento revolucionário do qual foi testemunha ocular. Malgrado sua predileção pelos bolcheviques, sua narrativa, repleta de documentos e descrições minuciosas nos dá um panorama bastante acurado do desenrolar dos fatos, ele se vale do estilo jornalístico com maestria. Sua narrativa tem o peso de nos levar a refletir sobre a importância e a novidade do que estava acontecendo na Rússia, ele não nos deixa dúvidas de que, realmente, os dez dias por ele narrados abalaram o mundo com as mudanças que essa Revolução prenunciava. A energia e a tensão de um povo farto do status quo vigente e que ansiava por mudanças perpassa todas as páginas assim como a esperança que a Revolução inspirava nessas pessoas. A habilidade dos bolcheviques em conduzirem o processo político para seus objetivos bem como os antagonismos derivados disso em um ambiente de muita pluralidade também se mostram centrais para o desenrolar dos fatos, Lênin e Trotsky são citados frequentemente nesse tocante. Em compensação, Stálin merece apenas uma menção em todo o livro, isso prenuncia o futuro da União Soviética após a morte de Lênin rumo a uma ditadura stalinista que anulou e perverteu muitas das esperanças revolucionárias.
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Fabricio 25/11/2019

A linguagem é uma das maiores e mais belas capacidades humanas. Fruto de um longo e árduo processo evolutivo que, entre outras coisas, permitiu ao homo sapiens se diferenciar e se sobrepor aos demais hominídeos e ao conjunto da natureza, a linguagem, devido a ação do tempo, somado a interação do homem com seus semelhantes e com os diversos ambientes geográficos, se complexou de tal maneira que surgiram inúmeros idiomas, dialetos, línguas e com toda esse amálgama, a forma escrita.

A possibilidade de ordenar as palavras para nos comunicarmos, para descrever um ambiente, um fato, contar uma estória ou descrever a história, produzir conhecimento é algo mágico. São infinitas as emoções e reações que a leitura pode nos causar. A depender da forma como as palavras são conectadas para expressar um sentido e significado, podemos dar vazão ao melhor da nossa humanidade mas também expressar aquilo que o ser humano possui de mais vil e abjeto. Podemos também viajar, conhecer o mundo independentemente das coordenadas de latitude e longitude, a qualquer época, século, década, ano etc. É impressionante como podemos, por exemplo, nos sentir parte vivente de um determinado momento histórico, é como se fossemos protagonistas do evento, vivenciado as emoções, as dores e alegrias em tempo real.

Pois bem, foi essa a sensação que eu tive ao ler o livro ?Dez dias que abalaram o mundo, história da revolução russa? do jornalista norte-americano John Reed. Nascido nos Estados Unidos, Reed foi um ativista e jornalista formado por Havard que atuou como correspondente no México, Europa e na Rússia. Presenciou e escreveu sobre a revolução mexicana, sobre a primeira guerra mundial e por fim, sobre a revolução russa. Morreu bastante novo, aos 43 anos, de tifo em 1920 na Rússia.

Dez dias que abalaram o mundo é um relato, senão o maior e melhor, da Revolução Russa. Clássico da literatura política, este livro inicia um marco no mundo da narrativa jornalística. Basicamente nos relata os 10 dias que se seguiram ao 25 de outubro de 1917 - no calendário juliano, ou 7 de novembro - nos termos do calendário gregoriano.

John Reed descreve nos três primeiros capítulos os antecedentes e os preparativos para a gloriosa revolução de outubro. Em seguida temos todos os detalhes dos primeiros dias de vida da recém nascida revolução socialista, do primeiro governo operário e camponês da história moderna. O leitor se vê envolvido nas tramas, nas discussões entre os diversos atores individuais e coletivos. A sensação que temos é que estamos presencialmente acompanhando Reed na participação de todos os eventos que ele descreve, tanta é a minúcia em que as ruas, os prédios e seus componentes internos são descritos; tamanho são os detalhes em que o ambiente social, político e econômicos são relatados. Em diversos momentos me encontrei como espectador dos debates apaixonados e tensos que ocorreram nas ruas de Petrogrado, no Smolni, na Dulma, em Moscou e cidades vizinhas, nos sovietes, no front de guerra, nos quarteis e outros ambientes.

Da derrubada do governo provisório à tomada do palácio de inverno, das primeiras batalhas contra a reação formada por todas as forças hostis ao novo governo, Reed dá voz por meio de sua escrita, do seu relato aos mais diversos personagens, desde os eminentes líderes de todos os partidos e facções políticas envolvidos nos atos da revolução, aos camponeses, aos operários, soldados, homens e mulheres do povo com seus sonhos, suas visões de mundo e perspectivas.

Num momento revolucionário, de crise social, de radicalização, setores conservadores, sujeitos vacilantes se apropriam de termos e símbolos até então demonizados com dois objetivos: manter as estruturas conservadas e para que as mudanças inevitáveis se deem em limites bem controlados. Palavras como socialismo, revolução e governo operário faziam parte do repertório de reformistas e revolucionários, dos mencheviques, socialistas moderados, socialistas revolucionários, mas somente os bolcheviques, com Lenin e Trotsky a frente, foram capazes de levar até as últimas consequências as demandas dos operários, soldados e camponeses e conjuntamente com um programa político bem definido ultrapassarem os limites da conciliação e de fato concretizar o caráter socialista da revolução na tomada do poder político e estatal .

Desde o início dos seus primeiros dias de vida, nada foi fácil para o governo operário e camponês. Para garantir a sobrevivência da revolução, bolcheviques tiveram que lutar tanto contra os inimigos externos - o governo provisório derrubado pela revolução de outubro manteve a Rússia imersa na primeira guerra mundial- quanto com os inimigos internos. Todos os representantes da velha ordem, latifundiários, capitalistas, monarquistas e a esquerda reformista se uniram, inclusive em armas, para destruir o recém governo saído da revolução e corroborado pelo Segundo Congresso de Sovietes dos Deputados Operários e Soldados.

Para aqueles que acham que a fakenews é um problema contemporâneo, ficará surpreso ao constatar como a mentira é um instrumento de arma política utilizado em circunstâncias de crises e rompimento do tecido social de uma ordem carcomida como foi o exemplo da revolução russa. Os inimigos do governo revolucionário utilizaram sem pudor desse expediente para espalhar mentira em todas as direções e provocar confusão com o objetivo de fazer a balança pender para o lado da contrarrevolução.

O estudo da revolução russa sempre será um poço de exemplos, de conhecimento intermináveis para a esquerda revolucionária. Aqueles que abandonaram a perspectiva da transformação radical sempre se esforçaram para deixar a revolução russa circunscrita aos limites do início do século XX, mas é inevitável, ao ler o livro Dez dias, fazer paralelos, levando em consideração a diferença temporal, entre o caleidoscópio político e a conjuntura da Rússia revolucionária e atual conjuntura brasileira. O debate entre a reforma e revolução sempre esteve por trás das mais diversas realidades sociais desde que o capitalismo se constituiu enquanto um sistema mundial dominante.

O livro termina no momento em que a união dos operários e camponeses é ratificada pelo congresso dos sovietes dos camponeses de toda Rússia. Em seguida a cidade de Petrogrado é tomada por um turbilhão pessoas, trabalhadores de todas as atividade econômicas, soldados, mulheres dos mortos que defenderam a revolução dos ataques, filhos e filhas destes últimos fizeram uma grande homenagem aos verdadeiros heróis do povo e ao mesmo tempo comemoraram a consolidação do novo regime representado pela união dos operários e camponeses. Este foi um dos poucos momentos em que a revolução respirou, por menor que fosse, com um pouco de alívio. O pior ainda estaria por vir.

Quer ter a sensação de vivenciar o maior acontecimento do século XX? Leia Dez dias que abalaram o mundo.
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Eduardo.Dini 11/03/2019

Um dos meus livros favoritos. Além de um relato histórico ímpar é um livro que você não consegue parar de ler. A convulsão social que eclodiu na Rússia é muito bem descrita (e acompanhada!) pelo autor, e serve para desmistificar muitas questões sobre a revolução.
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Dandara 31/10/2018

Relato jornalístico
O livro descreve os 10 dias que sucederam a Revolução Russa de 1917. Escrito pelo jornalista John Reed, estadunidense e membro do Partido Socialista, que participou ativamente dos acontecimentos descritos no livro.
Na introdução da obra, A. J. P. Taylor explica que a obra de John Reed é fiel aos acontecimentos da revolução de 1917, levando muitos soldados que participaram da revolução se basearem em seu livro como relato dos ocorridos, contudo não se deve levar tão a sério, pois alguns detalhes deixam a desejar, como por exemplo, a reunião de 3 de novembro, que nunca existiu. A obra contém informações relevantes e, por isso, reconheço sua importância, mas para o leitor leigo desse assunto, como eu, fica difícil assimilar tantos nomes próprios russos e a qual organização participavam. Mas vale a pena a leitura para a construção do conhecimento desse tão importante momento da história.
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Luan.Oliveira 14/08/2018

Trabalho de português: 10 Dias que abalaram o mundo
10 dias que abalaram o mundo, 1919, L&PM Pocket.
John Reed contou tudo sobre os acontecimentos, os dias que antecederam a tomada do poder pelos Bolcheviques na Rússia em 1917.
A Rússia até então uma nação em desastre total, pois enfrentava uma guerra com a Alemanha e dentro dela mesma(guerra civil), vários movimentos lutando pela tomada (ou retomada) do poder. Dentre esses, os Bolcheviques liderados por Lênin e Trótski, manobraram das formas mais absurdas possíveis as massas inflamadas de camponeses, soldados e operários para se tornarem algo mais que uma dissidência da ala socialista e tomaram o poder na marra com ações militares e muita demagogia.
Cada capítulo da obra de Reed é repleta de detalhes que enriquecem os fatos e faz com que o leitor entenda o pensamento político da época. O leitor assiste atônito ao fim de um regime e o nascimento de outro. Reed garantiu isso graças a uma introdução onde descreve os principais grupos políticos que estavam na briga pelo poder e esclarece o papel de cada um nos acontecimentos. Aliado à narrativa rápida e ágil do livro, o autor ainda enfiou um gigantesco apêndice que detalha mais ainda os fatos, haja vista que este apêndice é constituído por documentos, relatos e jornais da época.
O bom de uma reportagem dessas proporções é que o leitor pode tirar suas próprias conclusões acerca dos rumos que a revolução ia tomando. As expropriações, os massacres de russos matando russos, as mentiras e manobras, são tão bem colocadas aqui que garantem aos leitores apenas fatos e mais nada, já que o autor era militante socialista.
Isso não isenta de maneira nenhuma a forma não muito lisonjeira que alguns personagens (reais, claro) são apresentados. Dentre eles o próprio Lênin, sem contar Trótski. Suas ações extremas para chegar no poder mediante a instituição dos Sovietes coroa a Revolução Russa como a mais importante revolução do século XX, tanto em termos de dimensão como em termos de ação pois destitui um status quo para implantar algo totalmente novo. O povo no poder, pelo menos em tese.
A obra deve ser lida de maneira fria e destituída de emoções ou paixões, principalmente porque todos sabem que fim levou o comunismo e qual o seu legado nos dias de hoje. Sendo lida assim, a reportagem de John Reed é um belo trabalho de jornalismo que rendeu um livro elucidativo e marcante. Altamente recomendável, levando em conta a comemoração do centenário da revolução em outubro de 2017 e ainda para os leitores que queiram entender um pouco sobre Rússia.
Narrador observador, pois ele estava vivo no tempo que ocorreu essa história. espaço era a cidade Volvogrado, Oblast de Volgogrado, Rússia.
Livro muito bom, pois fala sobre vários assuntos, principalmente sobre a revolução russa, um dos melhores assuntos que se estuda no 9º ano, pois fala principalmente da tomada ao poder dos bolcheviques, por isso que se chama 10 dias que abalaram o mundo, por que essa "guerra" durou 10 dias. Recomendo, pois é um livro muito bom para ler quando está inteiramente interessado nesses tipos de livros, que falam principalmente sobre história. Minha nota é 10.
OBS: Pode dar CTRL+C, não ligo. Apenas que minha nota com q professora Tamires Sousa
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Ana Clara 14/07/2018

Infelizmente, este livro não alcançou as minhas expectativas. Decidi lê-lo depois de ficar um tanto ou quanto perdida na sequência de eventos retratados pelo fenomenal “Outubro”, do Eisenstein. Como eu tinha ouvido dizer que o relato de Reed era uma das fontes-base do diretor, parecia uma ótima escolha.

O livro ajudou a esclarecer alguns dos elementos do filme? Sim; mas, infelizmente, para mim, não foi muito além disso. Reed claramente faz tenta ser didático; para isso apresenta, no início do livro, uma seção dedicada exclusivamente a expor aos leitores as diferentes facções e formas de organização envolvidas na Revolução de Outubro. Sem isso, a leitura seria ininteligível por umas boas cem páginas, quando, provavelmente, conseguiríamos ter intuído os posicionamentos (cambiantes) de cada grupo e entidade.

Ainda assim, a avalanche de discursos, resoluções, criações de comitês e impressão de manifestos é maçante, ofuscando os raros momentos em que se vislumbra o sentimento revolucionário de soldados e operários russos (um exemplo desses momentos emocionantes é, além do final do livro, o capítulo “Moscou”).

O resultado inusitado é que o relato em primeira pessoa de um socialista em plena Revolução Russa se sai uma leitura menos instigante do que um livro de história como o excelente “Mulher, Estado e Revolução”.
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Che 07/11/2017

DIVISOR DE ÁGUAS CENTENÁRIO
Neste dia 7 de novembro, a Revolução Russa completa um século de existência. Fiz questão de ler há poucos dias o relato jornalístico mais famoso sobre esse período, escrito (ironicamente) por um estadunidense do Partido Socialista dos EUA chamado John Reed​, na ocasião em que cobria os eventos da Primeira Guerra Mundial, juntamente com sua esposa, Louise Bryant. Fiquei sabendo da existência dessa obra há vários anos, quando tinha assistido o filme Reds (1981 movie)​, de Warren Beatty, que mesmo sendo um longa-metragem 'esquerdopata' conseguiu a proeza faturar alguns Oscars importantes depois de lançado, já na fase final da Guerra Fria. Por conta do filme e do centenário da revolução, lembrei do livro e achei que a ocasião para ler era perfeita.

O resultado foi uma leitura muito melhor do que eu esperava, mesmo já começando com uma expectativa alta. A obra de Reed supera com folga, mesmo no âmbito rigorosamente estético e narrativo (desconsiderando o informativo, porque aí é covardia) o filme de Beatty, já que este se foca demais em aspectos pessoais de Reed, de seu casamento e amizade com a anarquista Emma Goldman, embora também o filme seja bom e ainda hoje pertinente. Já o livro, apesar de ter uma proposta jornalística, é um espetáculo de tensão, pra acompanhar na ponta da cadeira sem saber exatamente o que vem nas páginas seguintes, mesmo pra quem já conhece os desdobramentos da revolução a priori, visto que o livro traz detalhes e experiências que normalmente uma obra de historiadores negligencia. Ou seja, pra além dos inegáveis méritos jornalísticos, "Dez Dias" é uma excelente peça de redação narrativa, com momentos de euforia, apreensão e outros simplesmente catárticos que tornam a leitura fluida e cativante.

Há um efeito de 'testemunha da História' que permeia o livro desde o começo, passando por um período de poucos dias (de meados de outubro no calendário juliano até o mês seguinte), mas nos quais o turbilhão de imprevisibilidade levava o povo russo a ir dormir com uma expectativa política hoje e já acordar com outra totalmente distinta amanhã. A Primeira Guerra Mundial levou a curiosidade de Reed a uma Petrogrado (futura Leningrado e ex-São Petersburgo) cinzenta, que alterna entre gigantescas movimentações humanas e outros instantes de silêncio de velório nas ruas, num início de inverno gélido no qual a neve passa a cair em escala progressiva ao transcorrer do livro - um cenário que parece evocar os escritos de Dostoievski sobre a mesma cidade.

Alguma coisa inusitada acontecia na então capital russa, o faro do jornalista ocidental o conduziu até lá e o que ele viu mudou profundamente - e concomitantemente - tanto a vida e carreira dele (embora já fosse um profissional consagrado por cobrir greves importantes e a revolução mexicana), quanto os alicerces que fundavam aquele país. Reed corre de um lado a outro, em questão de poucas horas de diferença entre várias reuniões partidárias decisivas, às vezes pegando o trem para ir a outras cidades, incluindo Moscou, sempre pormenorizando não só as descobertas, mas o 'clima político' geral desses ambientes. A sensação que temos, como leitores, é que um pouco de nós mesmos vai mudando junto com Reed e a Rússia, que nós partilhamos das tensões, dos medos e principalmente do enorme sentimento de mudança que permeava aqueles dias em particular, possivelmente os mais decisivos de toda a história do século XX.

O capítulo quatro ("A Queda do Governo Provisório"), pra mim o melhor e mais memorável dos doze, é o retrato perfeito do que é não só a narrativa geral do livro, mas a síntese política e, arrisco dizer, até psicológica e emocional do que foi o 7 de novembro de 1917 para as massas trabalhadoras de Petrogrado: começa de modo incerto, há uma série de falas e intervenções sobre dever ou não assumir o poder então ocupado por Kerensky - disputado ainda pelo oficial golpista Kornilov, socialistas de outros matizes, burgueses, alemães que guerreavam às potas da Mãe Rússia e até por monarquistas saudosistas do recém-deposto czarismo. Nesse turbilhão de indecisões, medos, receios, lutas, rompantes de coragem e muitas falas enérgicas, o capítulo encerra na noite daquele data, de foma catártica, de levar lágrimas aos olhos, com milhares de trabalhadores pobres colocando os pés no Palácio de Inverno, cercado de um luxo e sofisticação construídos sob a labuta deles, mas negado a eles desde sempre. Não por acaso boa parte dos revolucionários mencheviques era composta por acadêmicos de nariz empinado, que tratavam esses trabalhadores como 'ignorantes chucros', como várias passagens do livro deixam transparecer.

"Dez Dias" ainda conta com um trabalho jornalístico primoroso, feito por um profissional de energia incrível, contando então com apenas trinta ano de idade (exatamente como eu, no momento em que li o livro), que estava sempre nos lugares certos e nas horas certas. Há uma vasta descrição de diálogos de líderes bolcheviques, principalmente Lênin e Trotski, mas também de uma série de oposicionistas dentro do próprio âmbito revolucionário, sempre envolvendo a dúvida se deviam ou não avançar da república recém-conquistada no rumo da "ditadura do proletariado". Reed ouve todos os lados, não se omite em momento algum de transcrever discursos e cartazes da oposição a Lênin e demais bolcheviques. Mas como todo jornalista honesto, ele deixa claro que tem sim um lado - o dos revolucionários mais radicais - e não tenta posar de 'imparcial', muito embora seu livro seja um mosaico de vozes e várias vertentes políticas. É como se Reed cobrisse com certa isenção os acontecimentos, mas sem esconder que 'torce' pra um dos lados. A meu ver, é um fator positivo, já que neutralidade jornalística é um mito usado por espertalhões, geralmente da imprensa de direita.

Pena que Reed tenha falecido prematuramente de tifo em 1920 - sendo sepultado, com todo mérito, com honras de herói perto do Kremlin em Moscou, somente um ano depois da publicação deste livro, que chegou a ser prefaciado pelo próprio Lênin em algumas edições. A única tristeza que fica da experiencia não só informativa, como catártica e emocionante, que a leitura de "Dez Dias" nos traz, é notar que a União Soviética fruto daquela revolução não existe mais, que muitos dos problemas de camponeses e operários narrados no livro persistem até hoje e do quanto, mais do que nunca, o mundo carece de outros revolucionários como aqueles, um século depois da reviravolta que causaram no planeta. E a certeza de que, fora o poder, tudo é ilusão.
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Samuel.Telles 01/09/2017

A Revolução com os pés no chão
O mais famoso livro do jornalista John Reed é, essencialmente, um relato dos primeiros dias da "Revolução de Outubro", fase final de uma das mais importantes revoluções da história humana: a Revolução Russa.

O livro pode ser dividido em 3 grandes partes, de acordo com os principais acontecimentos que ele aborda: a queda do governo provisório de Kerensky; a disputa pelo poder entre as diversas facções políticas (especialmente as socialistas) na capital Petrogrado; e, por último, a consolidação do poder, em Petrogrado, do Soviete de Operários, Soldados e Camponeses.

O grande mérito da obra é o de narrar todos esses acontecimentos históricos, que tanto estudamos em livros didáticos, a partir do ponto de vista de alguém que presenciou, e mesmo tomou parte desses acontecimento. Através dos olhos de Reed, podemos contemplar a complexidade da sociedade russa, bem como a abundância de ideias em conflito e de instituições representando tais ideias. Percebemos, portanto, como a revolução é um processo monstruosamente complicado, no qual o consenso, obtido, seja por alianças, ou pela força, é algo conquistado apenas por meio de imenso esforço.

Muito embora não se trate de um livro de leitura fluída, exigindo muitas vezes a persistência do leitor, por se tratar de um relato sem pontos de clímax bem construídos, Dez Dias Que Abalaram O Mundo é uma leitura fundamental para aqueles que tem interesse não apenas na Revolução Russa, mas em revoluções em geral. É uma narrativa única que nos ajuda a compreender os mecanismos de uma revolução em andamento, em toda sua complexidade e magnitude.
Kleiton 05/09/2017minha estante
Resumo excelente ??




Israel145 05/03/2017

John Reed cobriu de perto no calor dos acontecimentos os dias que antecederam a tomada do poder pelos Bolcheviques na Rússia em 1917.
A Rússia até então uma nação em frangalhos, pois enfrentava uma guerra com a Alemanha e internamente vários movimentos lutando pela tomada (ou retomada) do poder. Dentre esses, os Bolcheviques liderados por Lênin e Trótski, manobraram das formas mais absurdas possíveis as massas inflamadas de camponeses, soldados e operários para se tornarem algo mais que uma dissidência da ala socialista e tomaram o poder na marra com ações militares e muita demagogia.
Cada capítulo da obra de Reed é repleta de detalhes que enriquecem os fatos e faz com que o leitor entenda o pensamento político da época. O leitor assiste atônito ao fim de um regime e o nascimento de outro. Reed garantiu isso graças a uma introdução onde descreve os principais grupos políticos que estavam na briga pelo poder e esclarece o papel de cada um nos acontecimentos. Aliado à narrativa rápida e ágil do livro, o autor ainda enfiou um gigantesco apêndice que detalha mais ainda os fatos, haja vista que este apêndice é constituído por documentos, relatos e jornais da época.
O bom de uma reportagem dessas proporções é que o leitor pode tirar suas próprias conclusões acerca dos rumos que a revolução ia tomando. As expropriações, os massacres de russos matando russos, as mentiras e manobras, são tão bem colocadas aqui que garantem aos leitores apenas fatos e mais nada, já que o autor era militante socialista.
Isso não isenta de maneira nenhuma a forma não muito lisonjeira que alguns personagens (reais, claro) são apresentados. Dentre eles o próprio Lênin, sem contar Trótski. Suas ações extremas para chegar no poder mediante a instituição dos Sovietes coroa a Revolução Russa como a mais importante revolução do século XX, tanto em termos de dimensão como em termos de ação pois destitui um status quo para implantar algo totalmente novo. O povo no poder, pelo menos em tese.
A obra deve ser lida de maneira fria e destituída de emoções ou paixões, principalmente porque todos sabem que fim levou o comunismo e qual o seu legado nos dias de hoje. Sendo lida assim, a reportagem de John Reed é um belo trabalho de jornalismo que rendeu um livro elucidativo e marcante. Altamente recomendável, levando em conta a comemoração do centenário da revolução em outubro de 2017 e ainda para os leitores que queiram entender um pouco mais da alma russa.
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Filino 15/01/2017

Um relato e tanto...
Um olhar jornalístico (e um pouco romanceado) sobre um dos maiores acontecimentos do século XX. Nesta edição, somos alertados que nem todos os fatos narrados por John Reed efetivamente ocorreram tal como se encontram no livro, mas isso não desmerece nem um pouco a obra. Somos alertados, no texto, quando ocorrem essas situações.

Como apêndice, textos e mais textos daquela época, emitidos pelos mais diversos personagens daquele acontecimento. Por esse material, dá prá sentir a pulsação daqueles dias extremamente conturbados!

Leitura obrigatória sobre o tema. E um verdadeiro thriller (de fatos reais), com Kerensky, Lênin, Trótsky e outras figuras.
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Bruno 13/05/2016

Documento importante
A importância do livro é inegável, mas a riqueza de detalhes nem sempre torna a leitura atraente. Além do mais, muitas vezes parece livro para iniciados, já que os personagens são frequentemente citados sem referência ao seu partido ou à sua vinculação política.
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Fabiane 08/09/2015

Uma singela resenha...

Texto jornalístico, John Reed, através de uma narrativa forte e envolvente, descortina para o mundo os dias de maior fervor revolucionário da Rússia pós- tzar até o culminar da revolução social encabeçada pelo partido bolchevique.
A exposição dos materiais coletados para a composição da obra, em sua maioria panfletos espalhados em Petrogrado (epicentro da revolução) e transcrições de discursos de líderes revolucionários, entre eles Trótsky e Lenin, alterando com belas passagens carregadas de emoção Reed nos apresenta uma obra de fôlego.
Reed buscou narrar os acontecimentos de forma tão realista que o leitor parece estar vivendo a Revolução. Me peguei várias lendo algumas passagens em voz alta com a entonação dos discursos inflamados. E pra quem gosta de história, não tem como permanecer indiferente a uma narrativa tão poderosa. O olhar norte- americano de Reed- EUA é o maior opositor da ideologia socialista- não permanece neutro e ele toma partido dos defensores da revolução social.
A letra da canção Marcha Fúnebre, inserida no livro, dos trabalhadores e soldados russos revolucionários é de enternecer o coração e impossível não se compadecer por aqueles que tombaram em batalha acreditando de todo o coração que estavam construindo um mundo melhor e mais justo. Independente do que a União Soviética tenha se tornado posteriormente nos tempos de Stalin- aliás, Stalin é citado duas vezes apenas, e Reed não lhe confere nenhuma menção especial- não tem como não desejar e sonhar e até mesmo acreditar em um mundo mais justo que o Socialismo tanto nos promete.

" Todo poder aos sovietes"
Donaldo 17/01/2016minha estante
Algo interessante é que o que vai levar ao fracasso do URSS 72 anos depois já está presente: a ideia de que é possível controlar o livre-arbítrio das pessoas. As diversas idas e vindas naqueles dias entre um já existente governo socialista e a radicalização de Lênin demonstram que a URSS foi criada em cima de uma situação muito particular: um país (a Rússia) marcado por um absolutismo medieval (o Czar e a elite dominante) e uma pobreza absurda. O erro era o absolutismo já arcaico e não a necessidade de uma revolução socialista em uma sociedade que nem industrializada era.




Helio 04/09/2014

Excelente documento
Um livro que conta a história da revolução russa por um jornalista americano que viveu os acontecimentos. Imperdível para os amantes de história!
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