Lendário Tchonsky 18/11/2022
10 dias que abalaram o mundo
Considero John Reed como nosso Euclides da Cunha, só que mundial. Além de escrever sobre a revolução mexicana, também nos agraciou como o livro “10 dias que abalaram o mundo”, contando sua vivência na revolução bolchevique e da ascensão de Lenin, Trotsky e todo o partido ao poder.
E quando falamos desse livro, podemos falar da história sendo contada no exato momento em que acontecia. Ele lia os manifestos, as cartas, os jornais, presenciou as assembleias, as indas e vindas do congresso, e tudo o que podia ia escrevendo e colocando em seu livro. Não é sobre o livro ser de esquerda ou direita ou blá blá, mas sim sobre fatos históricos que, às vezes, parecem que são esquecidos pelo povo, ou quem sabe de propósito pelos partidos burgueses.
São tantos acontecimentos que fica difícil definir um roteiro sem estragar a leitura. Mas podemos dizer que a ascensão do partido bolchevique se deu com a ajuda das massas, do povo, dos soldados, dos industriais e camponeses. E com muita instrução. A leitura era algo muito presente para aqueles que sabiam ler. Em uma passagem, ele descreve que quando chega numa fronte de batalha, encontra os soldados descalços, com as roupas úmidas, sujos, aguentando o frio russo; ao avistarem sua chegada vão correndo e perguntam: “Trouxe algo para lermos?”
E os bolcheviques, depois de tomarem o poder, aguentaram muita pressão dos outros partidos, pressão da imprensa de direita, pressão dos bancos e dos latifúndios. A sua ajuda era o povo. O povo entendia o que estava acontecendo, mesmo, às vezes, não sabendo ler.
Até mesmo pressão dos partidos de esquerda, que na sua mesquinhez, diziam que o partido bolchevique havia roubado suas ideias e colocado em prática. Mas se a prática estava funcionando, qual era o problema? O problema de acharem que só eles poderiam fazer a revolução sem a ajuda dos outros. Faltava a união da esquerda.
O que senti falta foi de Lenin. Ele aparece quando o partido já está no poder. Existem outras passagens onde é citado, mas a figura dele representava muito para o povo, aparecendo para dar um ponto final no que vinha acontecendo: guerras entre partidos e guerra civil entre russos.
O que fascina em Reed é a leitura que nos transporta para aqueles dias. Conseguimos estar presentes quando os congressos dos camponeses se juntam com o congressos dos operários e soldados. E podemos sentir o ar frio da Rússia quando os camponeses enterram seus entes queridos como heróis, onde também está o corpo de Reed.
Uma leitura recomendada, não pela política, mas para se pensar no que os soldados russos perguntaram para ele:
- Era verdade que os homens vendiam o voto por dinheiro?
- Como então conseguiam aquilo que desejavam?
- Era certo, que num país livre, um punhado de indivíduos podia dominar uma cidade inteira e explorá-la em proveito próprio?
- Por que o povo suportava tanta coisa?
Fica o pensamento e a dúvida, por quê?
site: https://youtu.be/3qioxnRbe2g