Wellington.Pimente 27/11/2023
Oscar Wilde, de dentro da prisão, escreve cartas direcionados ao seu antigo amante, o Bosie "Lord Alfred Douglas" aos cuidados de outro amigo e seu testamenteiro literário Robert Robbie Ross. Sendo essas cartas reunidas inicialmente com o título "Cartas: Na prisão e com grilhões (algemas e correntes de presos)" e na sua publicação em 1905 foi substituído por De profundis, em referência ao salmo 130, "Das profundezas clamo a ti, Senhor".
O autor vivia nessa sociedade vitoriana, onde havia um código de moral restrito, baseado em aparências, uma sociedade patriarcal, mas Oscar Wilde era um intelectual muito livre, uma pessoa pouco convencional e elegante. Ele viveu nessa sociedade, ganhou fama e teve muito sucesso, mas também criticava essa sociedade que referenciava seu talento. Assim, acontece um ponto de ruptura, quando uma tragédia o atinge e muda completamente sua vida.
Tudo começou quando começou amizade com Bosie e depois essa amizade vira um relacionamento romântico/sexual. O Bosie vivia em pé de guerra com seu pai, Marquês Queensberry, que começou a difamar a imagem do Oscar Wilde e assim ele processa o Marquês que vence o processo e acaba levando Oscar Wilde à prisão pelo crime de ofensas homossexuais, em que na carta, ele nunca defende sua conduta e simplesmente explica.
Fica visível ao leitor, conforme os apontamentos do autor, que Bosie era mimado, vaidoso, arrogante e fraco, um sujeito que amava o pedestal (fama, status, dinheiro) do Wilde, um sentimento irreal. O autor descreve nitidamente que aqueles que o aplaudiram, jogaram "pedras" ao vê-lo sendo preso com risos e deboche numa estação de trem. Porém, Oscar Wilde, mesmo casado e com dois filhos, nutriu um sentimento muito forte por Bosie, apesar de sua abordagem e a clara relação abusiva que viveram e com a imagem negativa do Bosie. Porém, na introdução, assim como o encerramento (uma das partes mais linda do livro), os sentimentos são afetuosos. Outra parte linda e profunda na obra, acontece quando ele assimila a história de Jesus e faz um paralelo com sua vida, numa forma de redenção, mas também com a visão de um artista, que me surpreendeu muito positivamente. Uma obra profunda, triste, bem escrita e que me fez admirar ainda o Oscar Wilde.