Tauana Mariana 03/09/2015
Aquilo que não se propaga, morre
Esse livro vai explodir a sua mente. Mas isso é bom.
Logo que lançaram a versão traduzida do novo livro do Jenkins, o Spreadable media, fiquei com urticária pra comprar. Mas segurei o bolso porque me lembrei de certa discussão em um certo evento acadêmico, onde tomei uma sapatada só porque citei o nome do autor. Dei meia volta na livraria e saí dali sem o livro.
Eis que na minha banca de qualificação, um dos membros me recomendou a leitura do livro, afirmando que ali eu encontraria uma boa discussão sobre cultura participativa. Volta o cão arrependido com as orelhas baixas na livraria.
Ainda bem que essa professora maravilhosa me fez esse favor. O livro vale cada centavo do seu salgado preço (por que livro é tão caro, meu Deus?). O livro explodiu minha mente porque tem muito conteúdo (meu resumo para essa resenha deu 30 páginas). Além de teoria, é maravilhoso ter sobre Susan Boyle, Tecnobrega, Kuduro, Crepúsculo, Caminho das Índias, Tropa de Elite e por aí vai.
Pois bem, o Cultura da Conexão, livro do Henry Jenkins, do Joshua Greem e do Sam Ford, segundo eles, é destinado para três tipos de público:
1. Estudiosos de mídia
2. Profissionais de comunicação e
3. Pessoas ativamente envolvidas na criação e na propagação de conteúdos de mídia, interessadas em como as indústrias de mídia [...] estão mudando por causa disso.
Com uma proposta “reformista”, o texto surgiu do desejo de fazer com que estes três públicos dialoguem e se entendam, pois cada um entende as mudanças que são apontadas no livro de uma forma diferente. A obra, então, oferece “conselhos pragmáticos na esperança de criar equilíbrio mais equitativo de poder no seio da sociedade” (2014, p. 18).
Os autores querem facilitar o entendimento entre o mercado e a academia, mas não escondem as tensões e desigualdades deste novo cenário midiático, pois um dos objetivos do livro é “criticar expressamente a retórica neoliberal que entra em cena à medida que os modelos de negócios e do marketing levam em conta uma cultura cada vez mais participativa. Este livro analisa como o discurso atual do segmento mascara os conflitos entre os interesses das marcas e das empresas de mídia e seus públicos, e para tal recorre a uma variedade de poderosas críticas acadêmicas à lógica e às práticas da Web 2.0, focando questões relativas à vigilância, ao trabalho livre e às desigualdades de acesso e participação” (2014, p. 19-20).
Cultura da Conexão busca entender a produção, a promoção e a circulação de textos de mídia, contrapondo o conceito de mídia mainstream vs mídia propagável. Ou, em outras palavras, textos produzidos pela mídia tradicional e textos produzidos por usuários ou por produtores que permitem que seu conteúdo se espalhe.
A premissa básica da obra é: se algo não se espalha, está morto (p. 23). Mas para que o conteúdo se espalhe, ele precisa ter algumas características:
Disponível quando e onde o público quiser
Portátil
Facilmente reutilizável em uma série de maneiras
Relevante para os vários públicos
Parte de um fluxo constante de material
Por fim, os autores afirmam: “Nossa intenção é que o caminho que tomamos dê a você um roteiro para uma melhor compreensão da forma como o valor e o significado estão sendo criados e avaliados em uma era de propagabilidade, uma melhor compreensão de alguns modelos para o entendimento e a transformação da prática de negócios nesse ambiente, e algumas linguagens que podem nos ajudar, de modo mais preciso, a descrever e discutir a evolução da circulação de mídia” (p. 356).
Sobre o título original:
Como já comentei, o título original do livro é Spreadable media, que traduzindo ficaria algo como “mídia propagável” ou “mídia que se espalha”. Ou seja, exatamente o conteúdo central da discussão.
Sobre a capa original:
A capa na versão original apresenta dentes-de-leão, uma metáfora para explicar o que significa a propagabilidade. Segundo consta, “o dente-de-leão está representando a lei das propagabilidades, em que cada planta produz mais de 2 mil sementes por ano, soprando-as no vento. Os resultados são difíceis de se negar ao vermos a quantidade de dentes-de-leão que é pulverizada na paisagem nos Estados Unidos” (p. 352).
Sobre o conteúdo expandido:
O livro amplia as discussões em uma versão expandida. Durante a leitura, diversas vezes é comentado que há no site conteúdo adicional sobre alguns tópicos. Cases e artigos são amplamente comentados.
Referência:
JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD, Sam. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2014.
site: http://tauanaecoisasafins.blogspot.com.br/2015/09/cultura-da-conexao.html