PorEssasPáginas 27/09/2014
A Cuca Recomenda: Todo dia é dois de novembro - Por Essas Páginas
Todo dia é dois de novembro foi o último livro que li na Maratona Brasuca. Ele me atraiu primeiro pela capa, que achei muito bem feita, visto que é um livro independente, segundo por serem zumbis (eu nem gosto desses caras né?) e terceiro porque um dos autores é o Samuel Cardeal (citei-o nesse Top Ten Tuesday), e eu já estava há um tempinho querendo ler algo dele. Mas e aí, será que A Cuca Recomenda?
A primeira coisa que preciso dizer sobre Todo dia é dois de novembro é que a edição do e-book está simplesmente perfeita. Logo que abri o arquivo no meu Kindle fiquei impressionada. Repleto de imagens, cada conto tem sua própria capa especial interna, além de uma diagramação extremamente profissional. Posso dizer que essa edição ficou muito superior a várias edições de e-books de editoras.
O primeiro conto, Infectados, é da Caroline Centeno. Ela é blogueira lá nOs Romances de dona Caroline, uma moça super fofa que já tive a felicidade de conhecer nas redes sociais. Essa foi sua primeira publicação como escritora. O conto fala de um grupo de adolescentes em uma situação extrema, em meio ao apocalipse zumbi, mas a parte mais interessante dele é a personagem Sophie. Mesmo sendo um conto bem curto, deu para perceber como a personagem é desequilibrada, controladora e completamente psicótica, e a atmosfera de terror na história se deve mais às atitudes assustadoras dela do que aos zumbis (Governador feelings?). Infelizmente senti que o conto e a personagem foram um pouco mal aproveitados, talvez pela limitação de tamanho; tudo pareceu muito corrido, mal explicado, e a inserção de muitos personagens acabou causando um pouco de confusão e eu me vi perdida em meio a tantos nomes. Em um conto fica difícil aparecerem muitos personagens, já que há pouco tempo para desenvolvê-los. Ficou a vontade de ler uma versão estendida da história e textos mais amadurecidos da autora.
- Mira na testa e atira! ela esclareceu, apontando o indicador contra a própria testa e simulando um disparo Bum!
O segundo conto, Paciente Zero, de Samuel Cardeal, já demonstra um autor mais experiente, com uma escrita mais apurada. Nesse conto o mundo também foi afetado pelos zumbis e os sobreviventes se abrigaram em suas casas, trancados, com estoques de suprimentos enquanto foi criado um centro de pesquisa para tentar descobrir uma cura para a epidemia (mas, assim como CDC de Walking Dead, é claro que as coisas não dão muito certo nas pesquisas). Um homem vive com sua esposa até o dia em que se desespera ao descobrir que ela pode estar infectada; às pressas, ele tenta levá-la até o centro de pesquisas para obter uma cura ou ao menos um retardamento da infecção, e é aí que descobre algo que pode mudar tudo. A escrita desse conto é bem mais consistente e fluida, envolvendo o leitor nos sentimentos do protagonista e em seu imenso desespero. O autor foi sábio ao focar a história em poucos personagens e há mais desenvolvimento dos mesmos, causando mais imersão do leitor na história. Tudo segue muito bem até o final, que foi a única coisa que não me agradou; é um pouco difícil explicar, mas houve uma quebra de clímax e uma falta de explicação que me deixaram desnorteada. Mesmo assim, a escrita envolvente do autor me deixou com vontade de ler outras obras suas, maiores.
Olhei para aquele membro apodrecido e fétido à minha frente e percebi que os dedos ainda se mexiam.
Mas A Cuca Recomenda? Sim! Apesar desses pequenos problemas, o livro é ótimo para quem curte zumbis e narrativas curtas, sem contar que é baratíssimo na Amazon, só R$ 1,99 (viram porque eu sempre digo que vocês perdem coisas bem legais quando não leem e-books?). Com contos envolventes, tensos e uma edição extremamente profissional, Todo dia é dois de novembro merece sua leitura.
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