O Outono do Patriarca

O Outono do Patriarca Gabriel García Márquez




Resenhas - O Outono do Patriarca


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Clio0 14/07/2023

O Outono do Patriarca é uma metáfora para o fim das ditaduras na América Latina.

Num sobrado abandonado, um velho general observa sua obsolência em um mundo que já não o venera, considera ou consulta. Tudo o que fazia o homem temido e respeitado é pouco a pouco corroído pelo tempo ou devorado pelos animais a sua volta - são os novos tempos e a nova geração de políticos igualmente interessados no poder.

A interpretação da história exige uma certa dose de conhecimento do século XX, especialmente sobre a América do Sul. A escrita de Garcia Marques é linda, lírica, e pode facilmente entreter alguém sem o conhecimento necessário ou mesmo a vontade de destrinchar a história, lendo o que parece apenas o conto de um velho.

Há muitos críticos em torno dessa obra, Vargas Llosa chegou a dizer que O Outono do Patriarca éra García Márquez fingindo ser García Márquez. Em minha opinião, como alguém de um país onde o coronelismo ainda impera, a trama é dolorosamente familiar.

Recomendo.
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Paulo 03/01/2010

Aventura literária
A escrita do GGM neste livo me pareceu um fluxo ininterrupto, como uma enxurrada, ou, sei lá, um rio mesmo, ora revolto, ora mais calmo, quedas d'água, sinuosidades, cortando a vegetação cerrada das intempéries do poder e da solidão humana. A humanidade e a tirania do ditador patriarca pareciam ora confundir-se, ora contradizer-se, ora apartar-se.

O curioso é que parece que o próprio texto guarda em si uma certa ascendência ditatorial sobre o leitor. É ele que conduz. É ele que decide o ritmo e a duração dos trechos da longa viagem. Atracar num ponto final que te permita respirar nem sempre é possível, não restando outra opção senão ser levado pela correnteza.

É um livro exigente que me deixou o gosto de ter participado de uma intensa aventura literária.
Bell_016 16/01/2010minha estante
Adorei a resenha, realmente ler esse livro é continuar, continuar, notar as leves mudanças da narrativa, de quem está falando, do passado e do presente e escutar os absurdos da maneira mais natural possível. Um dos livros q mais me surpreendeu nas primeiras páginas e não me decepcionou.


Yorgos 14/04/2023minha estante
Que bonito!




Mel 05/08/2020

Refém
Para mergulhar nesta obra, você precisa aceitar que será refém. Não só pela temática, que te aborda do jeito que você estiver, mas pela experiência literária que Gabriel García Márquez proporciona.

Comecei a ler umas 4 vezes, até entender que as coisas não mudariam. Se eu quisesse um respiro, tinha que desviar os olhos ao invés de me ancorar em um ponto final, quase inexistente, assim como o uso de praticamente qualquer recurso gráfico para facilitar a leitura.

Recomendo este clássico, mas vá preparado. Como sempre, Gabriel García Márquez possui uma linguística, lógica, analogias e vocabulário fantásticos.
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Geórgia 19/07/2023

Uma leitura incomoda com razão de ser. O outono do patriarca é muito diferente dos outros que já li de Gabo, o fluxo narrativo quase ininterrupto, a troca de narradores sem aviso e as mil metáforas e passagens do tempo tornam a leitura um desafio. Acompanhamos a velhice e senilidade de um ditador excêntrico, presenciamos a solidão e infâmia do poder, as bizarrices que um homem com muito a seu dispor consegue fazer e a sua decadência. A expectativa do povo pelo fim e ao mesmo tempo a incerteza do que será a vida quando o desfecho chegar. Não entra pra lista dos meus favoritos do autor, mas acho que seja uma obra marcante entre as outras pela genialidade de traçar o paralelo entre o fim da vida de um homem velho à decaída de um regime autoritário fadado ao fracasso.
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Sol 17/03/2016

Impressões recém-escritas pós-leitura
Me senti terrivelmente cansada... É um livro árduo, difícil de ler. Por isso, eu o achei muito bom, creio que o Gabo o tenha escrito com essa intenção mesmo. Interpretei que o longo outono de meu general representa não apenas a solidão do poder de um ditador em um país desconhecido, mas todos os governos totalitários da América Latina, devido a ampla margem de erro da indefinição da idade do Patriarca (de 107 a 232 anos), as mazelas sociais apresentadas e presentes no próprio protagonista (doente e analfabeto) e as alterações de narrador em alguns trechos, sem definição clara, parecendo que em certos momentos as ideias opositórias ao regime ganhavam voz.Além disso, estão escondidos na narrativa jogos de poder, fraudes, mentiras, traições, vinganças, mortes, tortura, linchamentos, execuções, sequestros e abuso do povo. A narrativa ininterrupta (seis "capítulos", pouquíssimos pontos finais e nenhum parágrafo) me pareceu um delírio moribundo, no qual lembranças importantes ocorriam muito tenuamente em meio a sensações e sentimentos banais. Porém, nas páginas finais, já com a morte à sua frente o Patriarca faz uma análise muito bonita e triste sobre sua existência e sua solidão contagiante. Aliás, nestas páginas meu coração se encheu de esperança e pareci ganhar folêgo, ansiando pelo fim do livro, assim como o povo que está em uma "eterna" repressão anseia pelo fim do governo que o oprime tanto e que o deixa tão inerte que só se atreve a entrar no palácio depois dos urubus. Afinal, segundo o Patriarca, "estes estarão sempre tão fodidos que no dia em que a merda tiver algum valor os pobres nascerão sem o cu".
Stephanie 04/06/2016minha estante
trocaria este livro?


Sol 11/06/2016minha estante
Ele não é meu =( é da minha irmã. Se você quiser entrar em contato com ela, ela está nos meus amigos com o nome de Gabi.


Stephanie 17/06/2016minha estante
obrigada! entrarei em contato :)




bardo 13/06/2021

Caleidoscópico e claustrofóbico são bons adjetivos para definir esse romance, escrito logo após Cem Anos de Solidão e radicalmente diferente deste. Inclusive eu recomendaria que leitores recentes de Cem Anos leiam outros romances do autor antes de se aventurar com este já que a diferença de estilos provavelmente prejudicará e muito a experiência. O que temos aqui é uma alegoria as mais diversas ditaduras sul-americanas e ao exercício do poder de um modo geral.
Extremamente simbólico e alegórico, algumas cenas e pontos remetem a lendas como por exemplo a do Rei Pescador do Ciclo Arturiano, o que intensifica o aspecto de reinado mítico e descolado da realidade que permeia todo o romance. Ao mesmo tempo os fatos narrados, a opulência da corte, já que o protagonista é ao mesmo tempo um homem e cultuado como um deus ou assim se enxerga, nos remetem a fatos muito reais ocorridos no Continente. Um romance extremamente complexo, mas que dada a sua estrutura, um longo monólogo sem pontuação onde as diferentes vozes se revezam e em dados pontos não se sabe ao certo quem está falando podem incomodar e desanimar o leitor menos persistente. Ao mesmo tempo tempo tal recurso demonstra a genialidade de Gabriel pois nos remete a mente confusa e transtornada de um ancião beirando os 200 anos de vida.
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Fabrício Cardoso 21/04/2024

"Vício solitário de poder, sem saber que era um vício sem fim cuja saciedade gerava o próprio apetite"
García Márquez forja um ditador "feudal e agropecuário", mas não temos aqui, como seria razoável esperar, um romance panfletário. Há sim uma verdadeira fábula, carregada de poesia, sobre a solidão do poder - mas nem por isso condescendente com a crueldade desse tipo tão recorrente de político na América Latina. É um livro mais difícil no aspecto formal, redigido num jorro de ideias com alternância de narradores numa mesma oração. Mas quem se dispuser a percorrê-lo, vai encontrar passagens capazes de resumir toda a bizarrice daqueles que aspiram o poder pelo poder, como se este fosse um fim em si mesmo. Prestem atenção na história das duas mil crianças sequestradas de seus pais para encobrir fraudes no sorteio da loteria. Salvo as proporções das consequências, são comportamentos que se repetem todos os dias, nos gabinetes deste mundo insano. Porque o poder, inclusive no ambiente corporativo, é um ímã de aduladores. O que os espera? Gabo responde: "Quando ao fim de tantos e tantos anos de ilusões estéreis havia começado a vislumbrar que não se vive que, 🤬 #$%!& , sobrevive-se, aprende-se muito tarde que até as vidas mais longas e úteis não chegam para nada mais que aprender a viver". E arremata: "O culto abrasador do vício solitário de poder (...) sem saber que era um vício sem fim cuja saciedade gerava o próprio apetite".
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flavicaldeira 29/03/2011

Vórtice
Um estilo vigoroso e particular de escrever, esse de Garcia Marquez. Dificulta um pouco a leitura mas, desse esforço resulta a sensação de se estar em um vórtice no qual, a cada momento, assume a voz ativa um personagem, assume um ponto de vista. O poder. O poder solitário, imorredouro na aparência, que se recria, que perdura. O temor, o amor das massas. Os grandes amores, os subalternos, os insignificantes. Tudo isso se percebe no turbilhão dos capítulos sem ponto, das orações sem sujeito. O violento exercício do poder, da justiça desigual, das razões de estado. Uma fábula terrível, uma patética exposição dos valores, um retrato fiel das nossas sociedades, especialmente as latino-americanas.
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Lucas 17/06/2022

A relação entre poder e solidão e os estilhaços de uma explosão de realismo mágico
Quando se fala de Gabriel García Márquez (o "Gabo", 1927-2014), as expectativas são sempre altas. Seu legado literário dentro do realismo mágico é sólido e perene de tal forma que é inevitável que o nome do escritor colombiano, quando colocado na capa de algum livro, chame muito mais a atenção que a sua sinopse ou o rótulo de vencedor do Nobel de Literatura, que o acompanha desde 1982.

Este sentimento de expectativa provavelmente deve ter sido vivido pela primeira vez pela sua legião de leitores apaixonados por sua escrita em 1975, quando, depois de ter lançado a sua obra-prima Cem Anos de Solidão (1967), a qual o fez ficar mundialmente conhecido nas Letras, Gabo publicou o seu primeiro romance desde então: O Outono do Patriarca. Nele, Gabriel García Márquez, numa síntese estrutural da obra, levou aos extremos as características marcantes e por vezes indescritíveis do seu realismo mágico, apresentadas ao mundo nos Aurelianos e José Arcádios da obra antecessora.

Deste modo, o leitor terá diante de si uma versão "radicalizado" dos encantos mágicos oriundos de um realismo místico, que corre pelas páginas como um "rio de águas diáfanas", a qual nasce na cabeça absolutamente criativa e ativa de seu idealizador. O Outono do Patriarca se molda num emaranhado de ações e descrições atropeladas, que testam a paciência do leitor em vários momentos, revoltam em outros e, acreditem, encantam em todos. Nesse ponto, é importante destacar ao leitor mais desavisado que o encanto é mais uma "admiração", um deslumbramento literário que muitos leitores de Gabo desenvolvem com o seu estilo ora florido, ora cru, ora intrépido, ora direto, mas sempre ativo.

O Outono do Patriarca enreda-se por um país imaginário e inominável, provavelmente do Caribe, que está nas mãos de um déspota (o tal patriarca, apesar dessa alcunha aparecer pouquíssimas vezes na narrativa), também sem nome, "com idade indefinida entre 107 e 232 anos" e a qual comanda o seu país com vieses ditatoriais por um tempo indefinido. Os absurdos, tão significativos do realismo mágico, aqui adquirem tons familiares à América Latina: as autocracias, os fuzilamentos, assassinatos e massacres para manutenção da ordem, a influência de potências estrangeiras (notadamente os EUA e a Reino Unido), as misérias, o abandono, a ignorância... É tudo como um típico país da América Central ou da América do Sul, já que a imensa maioria deles já passou ou passa por experiências similares.

Deriva disso o entendimento de que O Outono do Patriarca foi idealizado como um relato sobre a concentração de alto poder sobre um único indivíduo e suas consequências sobre ele como detentor desse poder. Vejo, desse modo, que o patriarca protagonista foi alguém eternamente em busca do amor, antes do poder em si ou da aprovação de outras pessoas. Prova disso é a sua mãe, Bendición Alvarado, exaustivamente citada na narrativa, cujo amor (de mãe nesse caso) foi o único que o general recebeu, apesar de suas glórias, paixões, conquistas políticas e poderes que lhe foram outorgados. Tal dicotomia (o poder excessivo e o amor em falta) cria as condições para o desabrochar da solidão, tema este que Gabo dominava muito bem, já que praticamente todos os seus livros a trazem de forma direta ou nas entrelinhas.

Solidão e poder são vias inexoravelmente contrárias: quanto mais poder se tem, mais sozinho se fica. Estar sozinho aqui não é fisicamente falando, já que o patriarca por motivos óbvios vivia cercado por serviçais, ministros, embaixadores e por aí vai. A solidão nesse caso tem a ver com o seu viés mais cruel, que a sensação de se estar sozinho por dentro, um sentimento que vem das entranhas do indivíduo e que poder nenhum do mundo é capaz de compensar. Ela turva a razão, parece invencível ao tempo, torna tangível medos ocultos e, no caso do patriarca, acaba por conduzir também ao viés supracitado e mais explícito de solidão pessoal e física. Tudo isso não deve ser um apaziguador da personalidade ditatorial de um déspota: é apenas um traço do seu destino, que na verdade é compartilhado por todos (a solidão na hora da morte, por exemplo, que até mesmo Jesus Cristo sentiu).

Tirando a solidão e o poder, sobram as caricaturas de Gabo, seus absurdos simbólicos, que aqui são muitos. O apego à figura das vacas, por exemplo, que viviam livres e soltas no palácio presidencial, uma anomalia bem íntima que o patriarca possuía em seu corpo, a lendária venda do mar para o pagamento da dívida externa (mencionada na sinopse da edição da Editora Record), a misteriosa prisão de duas mil crianças, aparelhos de repressão peculiares montados debaixo do nariz do patriarca, o rigoroso alienamento do general em seus últimos anos, entre outras inúmeras situações que enchem as páginas d'O Outono do Patriarca com aqueles absurdos que os amantes do realismo mágico tão bem imaginam. Aos que não o conhecem, é importante alertar que estas "figuras exorbitantes de linguagem" nem sempre passam uma mensagem positiva ou recomendável e aqui senti um pouco mais de decrepitude e putrefações que em outras obras importantes do autor.

No supramencionado processo de "radicalização" do realismo mágico, a narrativa d'O Outono do Patriarca merece alguns comentários mais específicos. O principal elemento diferenciador da obra dentro de todo o cânone das obras de Gabo (pelo menos as que eu li) é a sua estrutura desenfreada: o livro possui 271 páginas na edição da Record (com tradução de Remy Gorga Filho), seis capítulos e seis parágrafos. Isso mesmo, cada parágrafo corresponde a um capítulo, apesar de, visualmente falando eles não parecerem parágrafos propriamente ditos. Desse modo, é um texto rebuscado, com frases intermináveis (não me recordo de ter visto mais do que um ponto final, o último, no último capítulo, por exemplo), informações e pontos de vista misturados (o texto é escrito em primeira pessoa por diversos narradores), sem diálogos, tudo "jogado" na cara do leitor, que se verá muitas vezes sôfrego diante de tantas descrições que desrespeitam espaço e qualquer cronologia. Se estes não são elementos que desabonam a obra, eles precisam ser ressaltados para que o leitor saiba onde está se metendo: em mim, eles criaram um sentido de "urgência" para terminar o livro, mesmo que tropeçando e voltando diversas vezes na leitura. Talvez tenha sido uma artimanha de Gabo, derivada do seu gênio criativo inigualável, que acabou sendo uma exacerbação contínua daquilo que o seu estilo possui de melhor. Mas, particularmente eu recomendo que o leitor que nunca leu nada do realismo mágico ou do autor não comece por aqui. A experiência de leitura nesse caso não deverá ser tão positiva.

O Outono do Patriarca é um livro que pode ser visto sobre um sentido prático e outro literário. No primeiro, são impactantes as familiaridades expostas com relação às ditaduras latino-americanas tão presentes no século XX, seja no âmbito de exercício de poder através da repressão ou nos dilemas individuais de quem detém esse poder. No sentido literário, corresponde à explosão do realismo mágico, em todas as suas particularidades positivas e repulsivas. Em ambos os sentidos, Gabriel García Márquez deixa o seu traço criativo ainda mais solidificado, mostrando que o autor de Cem Anos de Solidão não era apenas o autor de Cem Anos de Solidão.
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Gabriel 13/01/2023

Um show de leitura, mas sensação de afogamento
Só recomendo se não for seu primeiro livro do Gabo, não pela história mas por conta da forma como o texto é apresentado, parágrafos eternos mudança de narrador sem aviso e um mar de metáforas e elementos marcados do realismo fantástico porém sem bóias-pontos finais que dariam um respiro ao leitor que se para para tomar fôlego se perde sem tempo pra ficar a deriva razão pela qual não recomendo a leitura se essa é a primeira obra de GGM que o leitor tiver contato (o livro é inteiro desse jeitinho aqui, só vai).

A história é brilhante. Retrata com o nível perfeito de sátira, crítica e loucura a odisseia do governo do anti-heroi protagonista e sua total ausência de escrúpulos nos longos - longuíssimos - seis capítulos.

Caricatura fiel do autoritarismo latino-americano e suas insanidades ao mesmo tempo que é fantoche - desde que nos entendemos por gente - de grandes potências mundiais.

"O único documento de identidade de um presidente derrubado deve ser o atestado de óbito" (p.21).
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Aline330 16/10/2021

Cansativo, difícil de focar por conta da falta de pontuação final. Bem diferente de "crônica de uma morte anunciada", único que eu já tinha lido do autor - e amado. Mesmo assim, confesso que tem várias partes interessantes e faz refletir bastante sobre o que é o poder.
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Bruninha Silva 20/03/2010

Fantástico
Em minha singela opinião, O Outono do patriarca não trata simplesmente da vida de um ditador, mas trata também de um pouco de todos nós. O patriarca, aquele que tinha um vicio pelo poder que é descrito pelo autor magistralmente como "um vicio sem fim cuja saciedade gerava o próprio apetite até o fim de todos os tempos", também diz sobre nós mesmos que nos envolvemos de cabeça em coisas que não nos agrada do fundo da alma, pelo contrário, é como se as coisas reais assustassem ao ponto de nos atrelarmos a coisas superficiais mais fáceis de lidar como o próprio amor, por exemplo.
Fora, é claro, que ainda que o patriarca tenha tido incontáveis anos, a saga de sua vida é parecida com a de todos nós: da primavera dos anos à decrepitude. Maravilhoso e angustiante os momentos finais do livro em que ele está no auge de sua velhice...perfeito.
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Maria.Gabriela 28/09/2022

"O tempo incontável da eternidade havia por fim terminado"
Nunca um livro me exigiu tanto e ao mesmo tempo me prendeu tanto, a narrativa é dada por meio de um fluxo de consciência e o narrador troca de personagens sem aviso, se torna outra pessoa a todo momento.

O livro é cativante, conta a história de vida de um ditador, todos seus pensamentos, como funciona a sua ética que não é muita, retrata a solidão em que ele se encontra a todo tempo. A busca constante do amor que não tem e busca o tempo todo entre as prostitutas sem sucesso e que depois da morte de sua mãe só lhe sobra o poder: frio, gelado e cheio de traição.

Fala sobre seus inimigos, seus amigos que se tornaram inimigos, seus familiares que morreram, seus dias de glória e seus dias de luto. Como ele via as injustiças, como ele era enganado por seus próprios subalternos que trabalhavam apenas para que ele pudesse ficar contente com as mentiras que inventaram sobre o povo, sobre o país.

Retrata toda a insaciabilidade de poder, todo o desejo de mandar, toda a carnificina de uma ditadura de repressão constituída com o sangue daqueles que se opuseram ao general que não recebe nome.

O autor se delicia em adjetivos durante todo o texto, caracteriza tudo quanto pode e isso ao meu ver é o que torna a obra tão boa, a riqueza de palavras e a variação de expressões entre linguagem formal e informal.

É o primeiro livro deste autor que leio, fiquei apaixonada.
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Marlon.Abel 23/06/2022

Até se acostumar com o estilo frenético que o Gabo propõe nesse livro, que a propósito, ele já tinha um conto nesse mesmo estilo chamado "A Última Viajem Do Navio Fantasma", onde ele nos soterra com uma história sem pausa ou respiros, pode ser muito complicado acompanhar ou se situar na narrativa, mas quando isso acontece, o leitor só desfruta dessa obra de arte, ou por total imersão ou por divagar imaginando, como alguém consegue propor e conseguir entregar uma obra dessa complexidade?.. Uma avalanche de Gabriel García Marquez.
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spoiler visualizar
Eloiza Cirne 16/04/2019minha estante
Eu li há muito tempo. Agora, com sua rica resenha, tenho urgência de reler


larissa dowdney 02/08/2019minha estante
belíssima resenha


Marcos.Azeredo 03/10/2019minha estante
Este eu nao li. Um dos escritores que mais gosto.




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